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Real repete final do ano passado, bate Atlético no finzinho e vai à semi

Do UOL, em São Paulo

22/04/2015 17h37

Como em 2014, o Real Madrid buscou o gol durante o jogo inteiro. Como em 2014, o Atlético se fechou, defendeu com precisão e segurou o rival poderoso até o finzinho. Como em 2014, o time branco venceu perto do apito derradeiro. Desta vez o triunfo foi com um gol de Chicharito Hernández, herói improvável que marcou aos 42 minutos do segundo tempo e garantiu o 1 a 0 e a vaga na semifinal da Liga dos Campeões para o time merengue.

Foi o desfecho favorável que o Real Madrid buscou nos dois jogos, atacando mais, propondo e arriscando, enquanto o Atlético se defendia. Se na final da Liga do ano passado foi Sergio Ramos quem fez o gol de empate no minuto final, desta vez o prêmio veio para o mexicano, que só começou como titular por conta dos desfalques, perdeu algumas chances e se redimiu em cima da hora.

A vaga na semifinal mantém o Real Madrid na disputa pelo bi europeu, agora com Juventus, Bayern de Munique e Barcelona pela frente. Além disso, o clube merengue também apaga o histórico negativo recente contra o Atlético, que havia vencido quatro dos sete primeiros duelos entre os dois times na temporada.

Tudo isso sem Bale, Benzema, Modric e Marcelo, todos desfalques nesta quarta. Neste cenário, o Real Madrid levou menos talento do que poderia por conta dos desfalques e o Atlético abdicou do talento que tem para se fechar e parar o rival teoricamente superior. O jogo de xadrez produziu um espetáculo intenso, mas menos agradável do que se pode esperar da Liga dos Campeões.

Até os 35 minutos do segundo tempo, melhor para o Atlético, que abdicou de jogar, mas segurou o Real e parecia satisfeito em levar a decisão para os pênaltis. A expulsão de Turan, porém, foi o “fato novo” que abateu os visitantes, que sofreram com o ímpeto final do Real Madrid e foram castigados, de novo a minutos do apito final.

Fases do jogo:
O duelo foi, de novo, uma peça de xadrez, com o Atlético de Madri jogando com intensidade do começo ao fim e sem dar espaços ao Real Madrid, que sofreu muito com seus desfalques. A coisa é tão estudada e detalhista que uma peça errada pode comprometer tudo.

Foi o que quase fez Saúl, opção de Simeone para o início do jogo. Atuando pelo lado esquerdo da linha de quatro homens de meio-campo, o jovem armador sofreu com a ausência de posse de bola da sua equipe e, sem ela, teve muita dificuldade para marcar James Rodríguez. Foi em um passe rápido do colombiano, após roubada de bola de Carvajal, que Cristiano Ronaldo saiu na cara do gol e forçou Oblak a fazer uma grande defesa, a única do primeiro tempo.

Quando Simeone percebeu o erro e colocou Gabi no lugar de Saúl, o Atlético seguiu cumprindo sua estratégia de só se defender, mas daí em diante com mais eficiência. Sem espaço para tabelar e sem talento para furar o bloqueio, o Real passou a apostar na bola aérea, muitas vezes com Cristiano Ronaldo tendo de sair da área para fazer o cruzamento, o que fez o time perder profundidade e depender demais de Chicharito.

O fator novo que mudou o cenário ocorreu a 15 minutos do fim, quando Arda Turan dividiu com o pé alto contra Sergio Ramos. Já amarelado, o turco foi expulso e deixou o Atlético com um a menos, animando o Real Madrid a partir para cima com tudo em busca da vaga na semifinal. O herói? Chicharito Hernández, que aos 43 minutos recebeu de Cristiano Ronaldo e tocou para um gol quase vazio, conquistando a sonhada vaga para o Real.

Melhor: James Rodriguez. Colombiano foi o dínamo do meio-campo do Real Madrid, aproveitando os parcos espaços deixados pelo Atlético, arriscando e ligando a defesa ao setor ofensivo.

Pior: Griezmann. Isolado no ataque, o francês que é o destaque ofensivo do Atlético mal pegou na bola. No esquema tático ultra-defensivo de Simeone, ele foi sacrificado e deixou o campo no meio do segundo tempo tendo dado só 12 passes.

Toque dos técnicos: Sem Modric, novamente lesionado, Carlo Ancelotti arriscou com Sergio Ramos no papel de volante, já que as experiências anteriores com Illarramendi, Lucas Silva ou Khedira falharam. O espanhol fez bem o papel defensivo, mas não deu a mobilidade que o croata costuma emprestar ao time.

Outros destaques:
Chicharito: Opção de Ancelotti para o ataque nas ausências de Bale e Benzema, o mexicano entrou como titular em um jogo fundamental para o Real. Foi só a quinta vez que ele começou jogando em toda a temporada. Na Liga dos Campeões, por exemplo, ele só havia começado como titular diante do frágil Ludogorets, na fase de grupos. 

Familiar: Carlo Ancelotti chegou à sétima semifinal da Liga dos Campeões na carreira. Com isso, igualou Alex Ferguson e está a uma de José Mourinho, recordista com oito semifinais.