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Como Thiago virou o queridinho de Guardiola quase sem jogar no Bayern

Pep Guardiola abraça o pupilo Thiago após o gol decisivo contra o Porto, nas quartas - Reuters / Michael Dalder
Pep Guardiola abraça o pupilo Thiago após o gol decisivo contra o Porto, nas quartas Imagem: Reuters / Michael Dalder

Do UOL, em São Paulo

06/05/2015 06h00

Guardiola já trabalhou com Dani Alves, Adriano, Maxwell, Dante e Rafinha desde que virou treinador profissional. O brasileiro que mais o encantou, porém, é espanhol. Hoje cidadão do país europeu, Thiago Alcântara foi o único pedido do técnico mais adorado do futebol mundial quando ele chegou na Alemanha, só que em dois anos não jogou nem uma temporada completa. Por que, ainda assim, ele conquistou Pep? 

Thiago, na visão de Guardiola, podia dar ao Bayern de Munique um poder de criação que o time não tinha. Só que era difícil explicar isso em 2013, quando o time alemão ainda comemorava a conquista da Liga dos Campeões com um meio-campo com talentos como Schweinsteiger e Kroos. Gotze, que estava por chegar, fazia o pedido do técnico soar ainda mais exagerado.

Só que ele insistiu. O livro “Herr Pep”, de Marti Perarnau, relata com detalhes a primeira temporada de Guardiola na Alemanha. Nele, é possível ver que Pep insistiu muito na pré-temporada para que Thiago fosse contratado.

O filho mais velho do tetracampeão Mazinho foi lançado aos profissionais do Barcelona pelo próprio Guardiola, mas na hora em que poderia assumir uma vaga entre os titulares sofreu com lesões e a concorrência de Fabregas. Por não ter disputado 60% dos jogos em 2012/13, Thiago viu sua multa rescisória cair de 90 milhões de euros para 18 milhões de euros. O Bayern pagou 25 milhões de euros e o levou.

“Thiago Alcantara era o maior pedido de nosso novo treinador, Pep Guardiola. Nós estamos satisfeitos de ter concretizado essa transferência”, disse na época Karl-Heinz Rumennigge, assumindo o status do novo reforço.

Guardiola imaginava o meio-campo com Kroos de primeiro volante e Thiago armando o time ao lado de Schweinsteiger. O problema é que o meia se machucou muitas vezes. Foram duas cirurgias no joelho direito, sendo que a primeira delas tirou o meio da Copa do Mundo de 2014. Seu retorno aos gramados se deu há menos de um mês, no duelo com o Borussia Dortmundo pelo Campeonato Alemão.

“Thiago esteve lesionado durante um ano, o que é uma vergonha para nós. Nós perdemos um grande talento e uma grande pessoa. Ele joga sem medo, não importa aonde eu o coloque. Nós estamos encantados que ele esteja de volta e possa jogar", disse Guardiola à época.

“Vergonha” não é um termo escolhido ao acaso. Thiago e sua lenta recuperação tem tudo a ver com a briga entre Guardiola e Hans-Wilhelm Muller-Wolfhart, médico do clube que pediu demissão há três semanas.

Parte da indignação do catalão com o doutor alemão se deu pelo fato de que Thiago quase nunca esteve à disposição desde que chegou, a ponto de Guardiola ter “inventado” Lahm no meio-campo para suprir a ausência. Quando esteve, porém, Thiago fez a diferença.

Embora atue na parte mais povoada do campo, o meia tem um percentual de cerca de 90% de acerto nos passes, de acordo com o site Who Scored. Nos seis primeiros meses de Bayern, chegou a criar 17 situações de gols para os companheiros. Segundo o site oficial do Campeonato Alemão, é um passe decisivo a cada 22 minutos em campo. Desde que retornou de lesão, ele ainda mostrou uma veia atacante e fez dois gols e deu uma assistência na dura eliminatória contra o Porto, nas quartas.

Thiago tem só 27 jogos pelo Bayern. É menos do que Lionel Messi ou Neymar fizeram pelo Barcelona somente na atual temporada. Ainda assim, o meia é tido como uma peça-chave para o Bayern que vai enfrentar o Barcelona nesta quinta. No Camp Nou, casa de Pep Guardiola, do próprio Thiago e do seu irmão Rafinha, hoje companheiro de elenco de Neymar.