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5 improvisações que as lesões do Bayern forçaram Guardiola a fazer

Guardiola se desespera com Bayern; lesões fizeram o treinador improvisar além da conta - MIGUEL VIDAL/REUTERS
Guardiola se desespera com Bayern; lesões fizeram o treinador improvisar além da conta Imagem: MIGUEL VIDAL/REUTERS

Do UOL, em São Paulo

12/05/2015 06h00

Quem bater o olho em uma escalação do Bayern de Munique pode, em um rompante, acusar Pep Guardiola de ser um “professor Pardal”. A expressão cunhada para definir quem inventa demais à beira do gramado até se aplica ao espanhol, que inventou, por exemplo, Lionel Messi de falso 9 e Mascherano na zaga. Na Alemanha, porém, a enxurrada de lesões explica muitas das opções do técnico.

Na semana passada, no Camp Nou, o Bayern entrou em campo contra o Barcelona com Lahm no meio-campo, Rafinha de zagueiro pela esquerda e Schweinsteiger de meia armador pelo centro. Essas são três das principais improvisações de Guardiola, que em Munique viu praticamente todos os seus principais jogadores serem afetados por lesões em alguma medida.

Thiago, Javi Martinez e Schweinsteiger perderam, cada um, mais da metade de uma temporada desde que Guardiola chegou ao Bayern. Nesta fase final da Liga dos Campeões, Robben, Ribery e Alaba são desfalques sensíveis para o treinador, que também já perdeu Lahm, Boateng, Muller e Lewandowski por períodos mais curtos.

A falta de opções fez Guardiola apostar em improvisações por vezes surpreendentes, como a da semana passada. A série de maus resultados fez a estratégia ser criticada por figurões do futebol alemão e colocou o espanhol em xeque em um momento delicado. Com o 3 a 0 sofrido na ida, ele precisa de uma virada histórica nesta terça, às 15h45, em Munique, para mostrar que não é um “professor Pardal” qualquer.

Para entendê-lo um pouquinho melhor, veja abaixo as cinco improvisações mais importantes de Pep:

Lahm de volante

Philipp Lahm escorrega na disputa de pênaltis entre Bayern de Munique e Borussia Dortmund - KAI PFAFFENBACH/REUTERS - KAI PFAFFENBACH/REUTERS
Imagem: KAI PFAFFENBACH/REUTERS
É a mais importante delas. Quando assumiu, Guardiola não tinha Schweinsteiger 100% fisicamente e logo perdeu Thiago, então recém-contratado. Lahm, lateral de origem, deixou o lado do campo para atuar como volante. Chegou a ser elogiado pelo técnico, que o apontou como “o jogador mais inteligente” que ele já treinou.

A recíproca é verdadeira. “Fico assombrado com o quanto ele é perfeccionista e passa todas as horas do dia pensando em futebol. Isso é tudo que eu não quero”, disse Lahm em março, a explicar por que desistiu de ser treinador quando parar.

Só que nem sempre essa tática funciona. Técnico da seleção alemã, Joachim Low tentou copiá-la na seleção germânica e começou a Copa de 2014 com seu capitão como volante. O time só engrenou, no entanto, quando ele voltou à lateral e Schweinsteiger assumiu o comando do meio-campo.

Javi Martinez na zaga

Javi Martinez é atendido no gramado após se machucar na partida do Bayern contra o Borussia Dortmund pela Supercopa da Alemanha e é substituído pelo brasileiro Dante - REUTERS/Ina Fassbender - REUTERS/Ina Fassbender
Imagem: REUTERS/Ina Fassbender
Uma das primeiras improvisações de Guardiola, ela segue uma lógica comum a quase todas as alterações do treinador: quem tem qualidade consegue se adaptar. Volante técnico, o espanhol foi titular do Bayern de Munique campeão da Liga há dois anos. Dava qualidade ao meio-campo e ajudava Schweinsteiger a comandar a marcação.

Quando Guardiola, em seu primeiro ano de Bayern, se viu só com Dante como opção confiável para a zaga, Javi Martinez virou Mascherano. Nos tempos de Barcelona, o argentino foi recuado de volante para zagueiro por Guardiola, que com isso mantinha a segurança na defesa e adicionava qualidade à saída de bola.

A estratégia só não durou mais porque Javi Martinez, assim como os companheiros que o forçaram a ser recuado, se lesionou. O volante está fora de ação desde agosto do ano passado, quando sofreu uma ruptura dos ligamentos cruzados do joelho direito.

Muller de centroavante

Thomas Müller não conseguiu marcar na derrota do Bayern para o Augsburg. no Alemão - PETER KNEFFEL/EFE - PETER KNEFFEL/EFE
Imagem: PETER KNEFFEL/EFE
“Eu reparei que todo mundo ocupa uma posição diferente da habitual”, teria dito Thomas Muller em agosto de 2013, segundo o jornal catalão Sport. Se é a frase é real ou não, é difícil dizer. O fato é que Muller penou para achar seu lugar no time de Guardiola, especialmente no primeiro ano do treinador.

Ponta de origem, Muller não tardou a ser escalado como centroavante. Era uma boa opção nas ausências de Mandzukic e abria espaço para que Robben e Ribery pudessem jogar juntos pelas pontas. O alemão foi tão bem que por vezes o próprio Mandzukic foi deslocado para as alas.

Só que Muller também foi testado como volante. No livro “Herr Pep”, que conta a história da primeira temporada de Guardiola no Bayern, o jornalista Marti Perarnau dedica todo um capítulo ao alemão, que não se adaptou ao meio-campo. Com pouco espaço e sem tanta agilidade, ele frustrou o comandante, que teve de adiantá-lo novamente em campo para se arriscar com Lahm na função.

Schweinsteiger de meia-armador

Schweinsteiger se desespera depois de, sozinho, cabecear por cima do gol de Langerak, durante a partida entre Bayern de Munique e Borussia Dortmund - MICHAEL DALDER/REUTERS - MICHAEL DALDER/REUTERS
Imagem: MICHAEL DALDER/REUTERS
Quando chegou ao Bayern, Guardiola pediu um único reforço: Thiago Alcântara. O meia faria a ligação entre os volantes talentosos e os atacantes decisivos do Bayern, só que lesionou-se diversas vezes em Munique. Na mais grave delas, perdeu a Copa do Mundo de 2014 e só voltou a jogar em março deste ano.

Sem esse armador, Guardiola teve de apostar em Schweinsteiger. Embora seja ponta de origem, o alemão teve seus melhores momentos na carreira como volante. Como meia central, nesta temporada, ele foi mais um quebra-galho que qualquer outra coisa.

Na semana passada, por exemplo, foi essa a posição que ele ocupou depois que Guardiola mexeu no esquema inicial de trocou o sistema de três zagueiros por uma linha de quatro na defesa. À frente de Lahm e Xabi Alonso, Schweinsteiger se perdeu no meio-campo do Barcelona, participou pouco do jogo e saiu como um dos piores em campo.

Rafinha de zagueiro

Rafinha afasta de bicicleta em jogada com Neymar, durante partida entre Bayern de Munique e Barcelona - Albert Gea/Reuters - Albert Gea/Reuters
Imagem: Albert Gea/Reuters
Uma das improvisações mais recentes de Guardiola, a utilização do lateral brasileiro como zagueiro pela esquerda era uma estratégia para tentar parar o Barcelona. O técnico do Bayern queria mais gente no meio-campo para congestionar o jogo dos catalães e uma zaga que tivesse saída de bola boa e rápida.

Antes de colocar a tática em prática, ele a testou em alguns jogos do Campeonato Alemão. Em um primeiro momento, deu certo. Contra Messi e companhia, porém, não funcionou. A velocidade do trio de ataque do Barcelona deixou o Bayern desprotegido e Suárez só não abriu o placar em menos de dez minutos porque Neuer estava em uma grande noite.

Ciente da opção errada, Guardiola imediatamente mudou. Refez a linha de quatro atrás, trouxe Rafinha para a lateral direita e os alemães chegaram a equilibrar o jogo até que Messi decidisse e garantisse o 3 a 0.