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Depois de oito anos, ataque do Brasil volta à elite europeia com Neymar

Do UOL, em São Paulo

13/05/2015 06h00

Nos últimos anos, quem criticou a má fase do futebol brasileiro repetiu diversas vezes que o país não tinha representantes entre os maiores do mundo. E que quando tinha, eles não jogavam no ataque. Pois bem, quem achava isso provavelmente mudou de opinião. Com Neymar, o ataque da seleção voltou à elite europeia pela primeira vez desde que Kaká conquistou a Europa com o Milan.

O ex-santista é, hoje, o terceiro maior artilheiro da nata do Velho Continente, com 37 gols marcados. Entre aqueles que atuam nos principais centros, só está atrás de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, ambos com mais de 50 cada. Na última terça, em uma tacada só virou o brasileiro com mais gols no mata-mata da Liga e o parceiro mais artilheiro da carreira de Messi.

Só que Neymar não está na elite só pelos feitos individuais. Com seis gols nas quartas e na semi, ele tem papel fundamental na campanha que levou o Barcelona de volta à final da Liga dos Campeões pela primeira vez desde 2011, quando o time catalão ganhou o último título.

Quando ganhou a Liga dos Campeões de 2007 com o Milan, Kaká foi o artilheiro do torneio com dez gols e decidiu boa parte dos principais confrontos, entre eles a semifinal memorável com o Manchester United de Cristiano Ronaldo. Desde então, os brasileiros só fizeram a diferença na Liga atuando na defesa.

Daniel Alves, por exemplo, foi bicampeão da Liga pelo Barça atuando pela lateral. Em 2010, Júlio César, Lúcio e Maicon eram estrelas da Inter de Milão que venceu a competição, mas todos na defesa. Pelo Chelsea, David Luiz e Ramires até se arriscavam no ataque, mas decidiram mesmo lá atrás. Dante e Luiz Gustavo, pelo Bayern, e Marcelo, no Real Madrid, completam a lista de brasileiros que brilharam na primeira metade do campo.

A posição em campo não tira o brilho e a importância desses jogadores, mas tirando o trio da Inter, nenhum deles foi protagonista das respectivas conquistas. Se olharmos para as principais estrelas ofensivas da seleção no período, nenhuma conquistou o espaço de Neymar. Nem ele mesmo em seu primeiro ano de Barça.

Neymar saltou de quatro gols em dez partidas de Liga dos Campeões na temporada passada – o time foi eliminado nas quartas pelo Atlético de Madri - para os nove gols em 11 jogos da atual edição.

A média de gols de Neymar em jogos pela competição é de 0,62. Ela é a melhor entre todos os jogadores brasileiros com mais de 20 jogos. Romário, com 16 gols em 26 partidas (0,61); e Jardel, com 25 gols em 46 partidas (0,54) são os mais próximos.

Em número total de gols no principal torneio europeu, Neymar igualou os brasileiros Hulk, Deco e Sonny Anderson. Agora, está a apenas um de empatar com Ronaldo e Adriano e entrar para o top 10 da lista de artilheiros brasileiros da competição. O líder é Kaká, com 30. Rivaldo é o segundo, com 27.

“A evolução do Neymar é bestial. Só que não é pelos números que analiso os meus jogadores. Muitas coisas que passam despercebidas dentro de campo pela imprensa são analisadas por mim. Ele é um jogador muito importante e sem dúvida que essa evolução nos trouxe benefícios”, disse Luis Enrique na semana passada, após o Barça abrir vantagem diante do Bayern de Munique com vitória por 3 a 0 e gol de Neymar no fim do jogo.