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Terapia e papo com Messi e Neymar refizeram novo Suarez um ano após mordida

Luis Suárez cresceu de rendimento em 2015 e já marcou 21 gols - LLUIS GENE/AFP
Luis Suárez cresceu de rendimento em 2015 e já marcou 21 gols Imagem: LLUIS GENE/AFP

João Henrique Marques

Do UOL, em Barcelona

03/06/2015 11h15

Quase um ano depois da famosa mordida na Copa do Mundo do Brasil, Luis Suárez se depara com Giorgio Chiellini. Só que a imagem do uruguaio de maluco e indisciplinado já não existe mais. No Barcelona, o trabalho de superação foi grande, contou com a ajuda de profissionais, família, torcedores e uma conversa com Neymar e Messi. O resultado foi positivo. Agora, o reencontro dos jogadores na final da Liga dos Campeões, sábado, às 15h45 (de Brasília), em Berlim, na Alemanha, um novo Suárez estará em campo.

O camisa 9 do Barcelona sofreu. Foi contratado pelo clube logo após a Copa, mas ficou os quatro primeiros meses sem poder atuar por conta da punição da Fifa pela mordida. No período, o investimento inicial foi o trabalho de terapia pago particularmente pelo jogador e iniciado ainda no Uruguai.
 
Ao chegar a Catalunha foi a família do jogador quem mais o ajudou. Ainda sem casa própria, Suárez ficou hospedado na casa dos sogros em uma praia ao lado de Barcelona, junto com a esposa e os dois filhos. O período de quase um mês foi colocado como vital pelo uruguaio no processo de recuperação.
 
Na época, o que também fortaleceu Suárez foi o fato de que torcedores do Barcelona faziam plantão diariamente na porta da casa. A sensação de que reunia atributos para se tornar ídolo na Catalunha era grande. 
 
Sem até mesmo treinar entre os profissionais, Suárez teve medo de ter relacionamento ruim com os companheiros. E quando passou a jogar, o problema foi o fato do primeiro gol só ter sido feito no sexto jogo pelo clube.
 
Em 2014, foram apenas três, em dez partidas – média de 0,3 por jogo. Em nada ele lembrava o goleador do Liverpool, autor de 31 gols no Campeonato Inglês na temporada passada, e por isso ganhador da Chuteira de Ouro como maior goleador das grandes ligas europeias, ao lado de Cristiano Ronaldo, do Real Madrid.
 
"Eu sofri bastante com o meu começo. Sou autocrítico e sabia que não conseguia ajudar o meu time. Nesse momento me amparava na minha mulher, meus filhos, e buscava forças para seguir determinado. Consegui atingir um nível de satisfação", comentou.   
 
Em campo, o que o foi fundamental para o crescimento? Uma conversa com Neymar e Messi. O uruguaio procurou os jogadores para ouvir opiniões de mudança de posicionamento, ou até mesmo ida para o banco de reservas.
 
“Eu ainda era um pouco tímido, e estava chateado com o desempenho em campo. Só que eles (Neymar e Messi) me falaram para eu não me preocupar e jogar da mesma forma como atuava no Liverpool. Eles são felizes, empolgados e sinceros. Esse momento foi importante e agora sinto orgulho do nosso trio de ataque”, destacou o uruguaio.
 
A grandeza atual de Luis Suárez no Barcelona também é demonstrada pelo carinho da torcida. O grito "uruguaio, uruguaio" virou o mais alto do Camp Nou nos jogos mais recentes do time.
 
No ano de 2015, Suárez fez 21 gols, em 32 jogos. Média de 0,66. Mas não é só isso, o atacante uruguaio também ganhou destaque no Barça pelo trabalho de pivô no centro de Messi e Neymar. Na Liga dos Campeões, por exemplo, ele tem o mesmo número de Messi de passes para gol: quatro. O maior do time.
 
“Ele joga com humildade incrível e encaixou com a gente. Não à toa é ídolo aqui e vai marcar época no clube”, destacou Neymar, após o gol marcado na final da Copa do Rei –Barcelona 3 x 1 Athletic de Bilbao – com assistência de Suárez.