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Quem é o "novo Ceni" que colocou Julio Cesar no banco em Portugal

TOBIAS SCHWARZ/AFP
Imagem: TOBIAS SCHWARZ/AFP

Do UOL, em São Paulo

06/12/2016 06h00

O melhor goleiro brasileiro na Liga dos Campeões joga em Portugal, já foi convocado para a Copa América e colocou um dos melhores do país na história da posição no banco de reservas. Mesmo assim, pouca gente por aqui conhece Ederson Moraes, o camisa 1 do Benfica.

Pudera: aos 23 anos, ele está apenas em sua primeira temporada como titular. E a posição foi conquistada após suar muito para superar o antigo titular, Julio Cesar, ex-Flamengo e Inter de Milão e goleiro do Brasil em duas Copas do Mundo. Curiosamente, o técnico Rui Vitória só se convenceu que o novato tinha superado o veterano justamente contra o Napoli, adversário português na Champions League nesta terça-feira: no jogo na Itália da fase de grupos, Julio Cesar foi criticado na derrota por 4 a 2, o que acabou com o rodízio na posição.

Era o novo Ceni na base do São Paulo

Para começar, o garoto de Osasco começou jogando como zagueiro, mas ele admite que logo viu que não tinha muito talento. “Eu comecei a jogar como zagueiro e lateral, mas vi que não tinha qualidade. Estava na escolinha de futebol e pedi para minha mãe falar para o treinador me botar no gol”.

Foi a melhor decisão que ele poderia ter tomado. Aos 11 anos, chegou ao São Paulo e rapidamente virou aposta para se tornar o sucessor de Rogério Ceni. Por cinco anos, foi uma das estrelas das divisões de base do time paulista, até chamar a atenção de um olheiro da rede do português Jorge Mendes, um dos empresários mais poderosos do planeta – ele cuida, entre outros, da carreira de Cristiano Ronaldo.

Protegido do empresário de C. Ronaldo
Ederson Santana em lance de partida do Benfica - Xinhua/Pedro Mer - Xinhua/Pedro Mer
Imagem: Xinhua/Pedro Mer

Foi Mendes que levou o garoto, então com 16 anos, para conhecer o Benfica. Ele ficou encantado com a estrutura do clube português e decidiu assinar um contrato. Não que tenha ficado muito tempo no clube. Primeiro, ele foi mandado para um time da terceira divisão, o Riveirão, para a temporada 2011/2012. Nos 12 meses seguintes, o destino foi o Rio Ave, na elite portuguesa. Foi tão bem que o Benfica resolveu resgatá-lo em 2015, após jogar bem por três temporadas.

Quando voltou, ele já era considerado uma realidade. Mas a sua frente estava Julio Cesar, com experiência de três Copas do Mundo e que já tinha sido considerado o melhor goleiro do planeta. Só quando o veterano, então com 36 anos, sofreu uma séria contusão muscular, Ederson teve a chance no Benfica. Não decepcionou.

Guardiola e Ronaldinho já são fãs

Ele entrou em campo contra o Zenit, no jogo de volta das oitavas de final da Liga dos Campeões, em vitória por 2 a 1, na Rússia. Mais impressionante foram suas atuações nas quartas de final. O Benfica foi eliminado pelo Bayern de Munique, mas fez bonito, perdendo na Alemanha por 1 a 0 e empatando em 2 a 2 em Lisboa. O grande trunfo português foi a perna esquerda do goleiro, e seus lançamentos longos. “Por causa dele, tivemos de defender muito atrás”, admitiu o técnico.

Guardiola ficou tão impressionado que chegou a pedir a contratação do brasileiro quando chegou ao Manchester City, para ser a sombra de Joe Hart – o negócio não foi para frente e o City preferiu trazer um goleiro mais experiente, o chileno Claudio Bravo. O espanhol não é o único fã do goleiro do Benfica: “Ele será o próximo titular da seleção”, disse Ronaldinho Gaúcho, em passagem por Portugal em novembro.

Seria titular na Olimpíada, mas se machucou
Ederson concede entrevista pela primeira vez como goleiro da seleção principal - Lucas Figueiredo/Mowa Press - Lucas Figueiredo/Mowa Press
Ederson concede entrevista pela primeira vez como goleiro da seleção principal
Imagem: Lucas Figueiredo/Mowa Press

Na seleção, o jogador já foi lembrado. Na Copa América do centenário, no meio do ano, ele foi convocado pelo técnico Dunga. A ideia era inseri-lo no grupo principal e dar experiência ao jogador, que seria o titular do Brasil nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. Ederson, que vinha sendo chamado sempre para a seleção sub-23 de Rogério Micale, se contundiu na preparação.

Não jogou nem a Copa América, nem os Jogos Olímpicos. Com o técnico Tite, ainda não teve chances. O ex-comandante do Corinthians preferiu dar oportunidades justamente para os atletas que estiveram na Olimpíada (como Weverton, do Atlético-PR) e na Copa América (como Alisson, hoje no Roma).