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'Casamento perfeito' com Klopp ajuda Liverpool a resgatar prestígio europeu

REUTERS/Alberto Lingria
Imagem: REUTERS/Alberto Lingria

Thiago Rocha

Do UOL, em São Paulo

03/05/2018 04h00

Um elenco promissor, mas subestimado, já que o clube, um dos mais vitoriosos do mundo, perdeu força e prestígio em relação aos rivais. Um mentor jovem e ousado, mas que carece de títulos de peso no currículo para se consagrar como referência entre os treinadores. Liverpool e Jurgen Klopp parecem ter sido feitos um para o outro.

Juntos há dois anos e sete meses, eles curtem o auge de um casamento que agora pode ser abençoado com o título da Liga dos Campeões, diante do poderoso Real Madrid, finalista em quatro das últimas cinco edições do principal torneio do futebol europeu - a decisão do título será no dia 26 de maio, em Kiev, na Ucrânia.

Klopp, mesmo ainda sendo uma "não unanimidade" entre os treinadores de elite, chega à 11ª final da carreira em dez temporadas, a segunda com o Liverpool, vice da Liga Europa em 2016 ao perder para o Sevilla. Pelo Borussia Dortmund, também foi vice da Liga dos Campeões, batido pelo Bayern de Munique na decisão. Dos quatro títulos angariados, dois vieram em mata-matas, mas as conquistas mais valiosas saíram nos pontos corridos: o bi do Campeonato Alemão (2011 e 2012).

Já o Liverpool atual é uma contradição. O mesmo clube que coleciona cinco títulos de Champions e já foi o mais vencedor da Inglaterra, por outro lado nunca levantou a taça da Premier League, a era moderna do Campeonato Inglês (desde 1992-93). Na década, os Reds conquistaram apenas a Copa da Liga Inglesa, em 2012. 

A falta de resultados relevantes e o fortalecimento financeiro de rivais, como o Chelsea e os clubes de Manchester (City e United), acabaram relegando o Liverpool a um patamar intermediário, tanto na Inglaterra quanto na Europa, por mais que a história mostrasse o contrário.

Amor à primeira vista

liverpool - PAUL ELLIS/AFP - PAUL ELLIS/AFP
Imagem: PAUL ELLIS/AFP

A mágica que a união clube/técnico exibe nesta temporada vai além da empatia entre treinador e torcida, visível à beira do campo, e dos 46 gols anotados pelo time na Champions (somando a fase preliminar). O grande mérito de Klopp foi montar uma equipe letal mesmo abrindo mão de seu único astro até então, o brasileiro Philippe Coutinho, vendido em janeiro ao Barcelona por 160 milhões de euros (R$ 672 milhões na cotação atual). Por mais incoerente que isso possa parecer.

Do goleiro ao atacante mais avançado, não há (ou não havia) no elenco do Liverpool um grande astro, uma unanimidade, após a saída de Coutinho. Nem Virgil Van Dijk, o zagueiro mais caro da história, contratado por 78,8 milhões de euros (R$ 331 milhões) junto ao Southampton.

Mohamed Salah não era astro quando veio da Roma, ainda que tenha custado 42 milhões de euros (R$ 176,4 milhões) ao clube inglês. Nem Roberto Firmino e Mane detinham tal status. Mas se eles já eram efetivos e perigosos sendo abastecido por Coutinho, viraram ainda mais infernais sem ele, com liberdade de movimentação e apoiados ofensivamente por laterais e meio-campistas. O preço de deixar a defesa exposta é recompensado com gols: foram 29 marcados pelo trio na Liga dos Campeões.

Última equipe a vencer o Real Madrid em uma final de Champions League, em 1981, quando o torneio ainda se chamava Copa da Europa, o Liverpool já pode festejar uma conquista, independentemente do que ocorrer em Kiev: com Klopp, os ingleses já podem voltar a sentir o gosto do prestígio internacional.