Topo

No 1º grande teste pós-Copa, Neymar "coringa" esbarra no preparo físico

Caio Carrieri

Colaboração para o UOL, em Liverpool (ING)

19/09/2018 08h48

O placar de Anfield mostrava 2 a 1 para o Liverpool aos 24 minutos do segundo tempo. Neymar recebeu a bola no círculo central e, totalmente livre de marcação, tentou um passe simples, de dez metros, para Mbappé, aberto pela direita. O toque, teoricamente fácil para um jogador do calibre do brasileiro, saiu totalmente errado, nos pés de Robertson, lateral rival, que armou mais um contra-ataque dos donos da casa. Um lance básico, mas que resume bem a noite pouco inspirada que o brasileiro teve no primeiro grande teste depois da Copa da Rússia, na derrota por 3 a 2 para os ingleses, na rodada inicial do Grupo C da Liga dos Campeões, na última terça-feira (18).

Embora tenha elaborado a jogada que resultou no gol de empate (2 a 2) parcial anotado por Mbappé aos 38 minutos da etapa complementar, Neymar sofreu com a imposição de força, o ritmo intenso e a marcação cerrada do Liverpool exatamente no período em que busca o melhor condicionamento físico. Na noite como "coringa" – começou aberto na ponta esquerda, depois de quatro jogos como meia, e no fim voltou a atuar centralizado, onde serviu Mbappé – protagonizou alguns dos piores índices do Paris-Saint Germain.

O camisa 10 foi quem mais perdeu bolas no PSG, em cinco oportunidades. Ele teve a terceira pior precisão nos passes, com 75,6% de aproveitamento, melhor apenas do que Meunier (66,7%) e Mbappé (64,7%). O técnico Thomas Tuchel, contratado para o lugar de Unai Emery para esta temporada, admite que a questão física tem limitado o desempenho do astro.

"Queremos oferecer as condições para ele dar o máximo que pode. Foi um jogo difícil para ele, os adversários o marcaram de forma muito dura e perdemos bolas até fáceis que nos prejudicaram defensivamente. Quero que ele ataque de maneira livre e, com o tempo, ele voltará à forma para ganhar esse tipo de jogo para nós", explicou o alemão, em entrevista ao Esporte Interativo.

Tuchel escalou a equipe no 4-2-1-3, com Di Maria como armador, Neymar na ponta esquerda, Mbappé na direita e Cavani na posição de referência no ataque. Diante da improdutividade do brasileiro, sobretudo no segundo tempo, e com Cavani ineficiente no embate com os zagueiros do Liverpool, Tuchel fez duas alterações que deram um breve sopro de esperança a dez minutos do fim. Ele tirou Di Maria e Cavani e colocou Draxler e Choupo-Moting. As novidades entraram para atuar pelos lados, Mbappé virou o 9, e Neymar foi centralizado. Três minutos depois, o PSG marcou o segundo gol, com Neymar conduzindo a bola até Mbappé dentro da área.

"São duas situações completamente diferentes Neymar por dentro e por fora", analisou Thiago Silva. "Por dentro fica um pouco mais difícil, com um bolo de jogador pela frente. Isso dificulta que ele encontre espaço. Quando ele joga um pouco mais aberto, ele consegue criar a oportunidade e fazer o um contra um. Apesar disso, crescemos depois que ele começou a jogar por dentro, criando superioridade. O jogo de alto nível é dessa maneira. Você controla um pouco, depois você é controlado. E quando isso acontece você tem de estar no máximo da sua concentração para não sofrer gols. Eles tiveram um pouco mais de concentração nesse sentido".

Com 100% de aproveitamento em seis partidas (cinco na Premier League e uma na Liga dos Campeões), Jürgen Klopp celebrou a efetividade defensiva contra o PSG. "É muito difícil marcá-los, porque são incrivelmente fortes. Eles tiveram uma pequena alteração no sistema, com Neymar na ponta e Di Maria no meio. Foi uma boa ideia, mas administramos muito bem".

Neymar segue sem balançar as redes na Inglaterra pela Liga dos Campeões. A partida contra o Liverpool, que teve Firmino como herói, foi a quinta em branco – a primeira pelo PSG. Mesmo sem gol marcado, o retrospecto ainda é favorável, com três triunfos (dois contra o Manchester City e um sobre o Arsenal) e um revés (para o City).