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Sem Cavani e Neymar, Mbappé tem 1ª provação de protagonismo na carreira

João Henrique Marques e José Edgar de Matos

Do UOL, em Paris e São Paulo

12/02/2019 04h00

A condição de prodígio ele já deixou. O status de craque chegou após a conquista da Copa do Mundo com a camisa 10 da seleção francesa. Agora, aos 20 anos, Kylian Mbappé pela primeira vez irá encarar uma decisão sem a companhia de alguém do "mesmo tamanho" ou de maior representatividade no futebol mundial. Com as ausências dos companheiros de ataque, Neymar e Cavani, diante do Manchester United, nesta terça-feira, às 18h (de Brasília), no estádio Old Trafford, em Manchester, na Inglaterra, o camisa 7 será a grande estrela e centro das atenções do PSG no confronto de ida pelas oitavas de final da Liga dos Campeões.

Até o momento, Mbappé se acostumou a ser um coadjuvante. Foi assim quando despontou para o futebol atuando no Monaco encabeçado pelo colombiano Falcao Garcia. Ou na França de Antoine Griezmann e Pogba, e mais ainda no PSG de Neymar. Difícil imaginar o sucesso do clube francês nas oitavas de final sem uma grande exibição de Mbappé.

"O Mbappé jamais iniciou uma partida sem Neymar ou Cavani ao lado. Isso acontecer justo no Old Trafford em jogo tão importante aparenta ser uma experiência horrível. Mas ele é o único que pode transformar essa situação como favorável e se posicionar à altura de craques como Messi, Neymar e Cristiano Ronaldo", apontou o repórter do jornal francês L´Equipe, Dan Perez.


Na França, Mbappé foi consolidado como ídolo após a conquista da Copa do Mundo. Foi ela que também fez o Rei do futebol, Pelé, o eleger como a próxima estrela mundial. O discurso é sempre lembrado em discussões sobre o jogador no país.

"Penso que o Mbappé pode sim ser melhor que o Pelé. O mesmo já falou isso, e vejo características incríveis que ainda podem ser evoluídas. Veja o que ele já foi capaz de fazer ainda com 20 anos. Imagina em 10, 15 anos, qual será o tamanho dele", destacou o francês Arsène Wenger, ex-treinador do Arsenal, em debate de futebol na TF1, a principal emissora da França.

Para aliviar a pressão sobre o jogador, o próprio clube francês o afasta da missão de ofuscar as ausências de Neymar e Cavani. Pelo menos este foi o discurso adotado pelo técnico Thomas Tuchel.

"O trabalho do Mbappé não é substituir o Neymar ou o Cavani. Ele tem que praticar o seu jogo", afirmou o treinador alemão do PSG, em entrevista concedida na véspera do decisivo duelo desta terça.

Em outro momento, o treinador alemão já destacava não querer a presença do francês na função de armador executada por Neymar na temporada. "Ele não é igual o Neymar, e é mais perigoso no trecho final do campo, com sua velocidade. Ali que vai ficar", destacou.

A ausência de Neymar não é novidade para o francês, que não teve a companhia do brasileiro no duelo decisivo contra o Real Madrid, pela fase oitavas de final da Champions League do ano passado.

Ao dividir a responsabilidade com Cavani, Mbappé acabou criticado pela atuação no Parque dos Príncipes na derrota por 2 a 1 para o Real, que eliminou o PSG da Liga dos Campeões de 2018. O uruguaio, inclusive, anotou o único gol do clube de Paris diante do time que terminou como campeão europeu.

Apesar da lembrança desfavorável, o histórico de Mbappé na Liga dos Campeões é bom. Na temporada de estreia, 2016/2017, avançou com o Monaco até a semifinal e fez 5, dos 6 gols marcados na edição, em partidas da fase de mata-mata. Já com o PSG, em 2017/2018, marcou 4 gols, em 8 jogos. Na atual disputa, Mbappé tem 3 gols, em 6 jogos realizados na fase de grupos.