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Campeonato Mineiro tem acusação de suborno a atleta para "facilitar" jogo

Documento enviado pelo Minas Boca ao TJD-MG denunciando tentativa de suborno - Divulgação/ Diretoria Minas Boca
Documento enviado pelo Minas Boca ao TJD-MG denunciando tentativa de suborno Imagem: Divulgação/ Diretoria Minas Boca

Dionizio Oliveira

Do UOL, em Belo Horizonte

20/03/2014 17h30

A vitória da URT por 3 a 1 sobre o Minas Boca, no último domingo, disputada no Zama Maciel, em Pato de Minas, definiu a permanência do time da casa na elite da primeira divisão e o descenso da equipe de Sete Lagoas. Porém, a diretoria do time de Sete Lagoas protocolou uma denúncia no Tribunal de Justiça Desportiva de Minas Gerais, nesta quinta-feira, alegando a tentativa de suborno de uma pessoa ligada ao treinador Luiz Eduardo da equipe adversária, a seu atleta.

Uma pessoa que se identificou como ‘Valtinho’ ligou para Reginaldo, oferecendo uma quantia de R$10 mil no dia do jogo dizendo que era a mando do técnico Luiz Eduardo. O clube de Sete Lagoas gravou as duas ligações, em torno de aproximadamente 21 minutos de conversa, e anexou como prova ao documento em que fizeram a denúncia.

Na gravação que a reportagem teve acesso, a pessoa identificada como Valtinho propõe a Reginaldo R$ 10 mil em troca de um pênalti. “O dinheiro do acerto é mediante ao pênalti, claro que pode dar uma facilitada em uma ou outra jogada. Me disseram que o Reginaldo, da forma de, jogar, que dá muito carrinho, vamos oferecer R$ 10 mil para fazer o pênalti”, disse o suposto emissário, que entrou em contato às 11h no domingo, dia da partida.

Em outro trecho ele conta ao atleta que outros cinco jogadores do Minas Boca já estavam acertados. “(Luiz Eduardo) Falou que tem jogador ai que já está fechado, ele falou que deu R$10 mil porque é o Reginaldo, mas segundo ele já fechou com cinco aí. Disse que é melhor fechar cinco quantidades que um só”, falou Valtinho. Indagado pelo jogador sobre quais atletas teriam se vendido, o indivíduo que estava propondo o suborno, desconversou.

Segundo as conversas da gravação telefônica, o dinheiro seria retirado da renda da partida. Inicialmente o valor seria depositado na conta do jogador na segunda-feira seguinte. Porém, devido as recusas de Reginaldo, ele ofereceu o pagamento em dinheiro logo após a partida. "Ele (Luiz Eduardo) acabou de falar para mim, acabou o jogo, você fez o trabalho, vai pegar 10 mil com ele na mão dele, no escritório lá dentro. Tome um banho rápido, mas toma cuidado com o dinheiro, sem ninguém perceber que você vai pegar, dá um 'miguézinho'. Mas quando você entrar em campo, você vai lá no banco dar um abraço nele, como sinal de que você está fechado", insistiu o suposto representante da URT.

Segundo um funcionário do TJD, em contato com a reportagem, os arquivos já foram passados ao procurador geral Antônio Augusto Mesquita Fonte Boa e ele está avaliando o caso. Porém, ainda não há uma previsão de resolução do mesmo. O UOL Esporte tentou entrar em contato com o procurador por telefone, mas não obteve êxito.

No documento em que a reportagem teve acesso, o Minas Boca apresenta uma “Notícia de infração” relatando os fatos ocorridos e solicitando a exclusão da URT da competição, de acordo com o regulamento do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. O clube alega que uma “mera promessa de vantagem indevida já constitui infração disciplinar, nos termos do seu art. 242, punível com multa e eliminação da equipe condenada”.

Se acatada a denúncia e provada a culpa da URT, poderia acarretar até mesmo na permanência do Minas Boca no Módulo I do Campeonato Mineiro e no rebaixamento do time de Patos de Minas.

 

“Quero a moralização do esporte a punição para a URT, temos um regulamento, norma é norma, você disputa a bola em campo e nos bastidores tem outro jogo, comprando partida, comprando jogador”, disse Edson Eustáquio Ramos, conhecido como Paredão, presidente do clube de Sete Lagoas ao UOL Esporte.

“Queremos que cumpra o regulamento, gravamos que o treinador da URT mandou uma pessoa comprar nosso jogador. Já denunciamos, fizemos um B.O ao Ministério Público. Estamos querendo moralizar, a nossa volta é consequência dos resultados”, acrescentou .

O advogado Lucas Ottoni, que representa a União Recreativa dos Trabalhadores (URT), disse que o clube ainda não foi intimado e não irá se pronunciar até tomar conhecimento das denúncias. “A URT não foi notificada oficialmente de absolutamente nada e só pode se pronunciar depois do conteúdo da suposta denúncia e as supostas provas. Então, antes disso, não posso falar nada. É importante dizer que a URT é a primeira interessada em que se apure as denúncias e que ela está tranquila”, explicou ao UOL Esporte.

G-4 poderia ser modificado

Caso o suborno da URT for comprovado e punido com a exclusão do Campeonato Mineiro e consequentemente os pontos de todas as partidas envolvendo o time de Patos de Minas, a tabela do Campeonato Mineiro poderia sofrer significativas alterações, com o Minas Boca se salvando do rebaixamento e o Boa Esporte perdendo a quarta colocação para o Tupi, o que afetaria nas semifinais do Estadual. 

Segundo o presidente do Minas Boca, ele manteve contato com a diretoria do time de Juiz de Fora e eles cogitam entrar no caso como terceiro interessado. “A mudança da tabela o Tupi passa a ser beneficiado e o quarto time do Campeonato, aí eles teriam que entrar como terceiro interessado para parar o campeonato, não sou eu que vou fazer isso. O Tupi está estudando essa possibilidade”, disse.

As partidas de ida da semifinal do Campeonato Mineiro já serão disputadas neste domingo.  O América-MG receberá o Atlético-MG no Independência,às 16h. às 18h30, o Boa Esporte atuará contra o Cruzeiro, em Varginha. As partidas de volta acontecerão no final de semana seguinte, ambos em Belo Horizonte, mas em datas diferentes.