Topo

Roger diz que o Atlético-MG já tem 'seu estilo' e avisa: "vai ser campeão"

Dono da bola no Atlético-MG, Roger Machado conquistou os jogadores pelos treinos - Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro
Dono da bola no Atlético-MG, Roger Machado conquistou os jogadores pelos treinos Imagem: Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro

Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

26/01/2017 04h00

As últimas três visitas do Grêmio ao Atlético-MG não são de boas lembranças para os torcedores alvinegros. A equipe gaúcha venceu os três jogos, dois pelo Brasileirão e um pela final da Copa do Brasil, sempre atuando melhor do que o time mandante. Era o Grêmio de Roger Machado, embora na decisão do torneio nacional já estivesse com Renato Gaúcho. Certamente um dos motivos que fizeram o presidente do Atlético, Daniel Nepomuceno, se esforçar para contratar o treinador, também pretendido por outras grandes equipes do país.

Roger Machado chegou à Cidade do Galo no dia 6 de janeiro, um antes do retorno dos jogadores. Conheceu a estrutura e teve o primeiro contato com alguns dos profissionais que vão dar suporte ao trabalho no Atlético, que ele espera que seja duradouro, como disse em entrevista exclusiva ao UOL Esporte. “Pelo menos uns quatro anos”, comentou o treinador que tem contrato até o final de 2018.

Neste sábado (28) o Atlético tem o primeiro jogo da temporada, contra o América de Teófilo Otoni, na rodada de abertura do Campeonato Mineiro, no Independência. Após quase três semanas de trabalho, o torcedor atleticano vai ver um time com uma maneira de jogar muito semelhante à do Grêmio, que impressionou e marcou nas últimas vezes em que esteve em Belo Horizonte, para enfrentar o Atlético.

E é confiando no trabalho da comissão técnica e na qualidade técnica dos jogadores que Roger Machado mostra muita confiança na busca por grandes resultados nesta temporada. Ao ser perguntando se o Atlético vai ser campeão em 2017, o treinador alvinegro não pensou duas vezes para responder: “o Atlético vai ser campeão”.

Pela frente o Atlético tem Campeonato Mineiro, Primeira Liga, Copa Libertadores, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. Após um ano de muita expectativa, mas sem títulos, o atleticano acredita no trabalho de Roger para voltar a gritar ‘é campeão’.

Pré-temporada

Tempo de preparação é razoavelmente bom, que nos permite trabalhar a maioria dos aspetos que a gente tem na cabeça. E o fato de ter dividido o grupo em dois num primeiro momento, em função da Florida Cup, permitiu que eu pudesse me ater mais exclusivamente a um pequeno grupo e dando atenção a todos de uma forma geral, trabalhando os princípios do nosso jogo. Foi muito proveitoso, muito rico no sentido de entendimento. Um conteúdo que os atletas estão assimilando bem. Não tenho dúvidas que o mais rápido possível vamos estar entrosado no que considero o ideal.

Nova forma de jogar

O que eu quero ver, principalmente já desde o início: que a gente tenha uma velocidade de passe maior, de troca de passes, que esteja mais compacto, no sentido da profundidade, da lateralidade. Que a gente possa defender com todo mundo, mas também atacar com todo. Que o time busque a jogada de linha de fundo para os nossos atacantes, mas também ataque muito em profundidade por dentro. Ter uma alternância maior entre as jogadas de linha de fundo e as jogadas pelo centro do campo, para gerar um desequilíbrio. As jogadas de infiltração pelo meio do campo geram um perigo maior para o adversário, mas para isso a gente tem de saber abrir os espaços para que as jogadas aconteçam. Então, esses dois aspectos, primeiramente a velocidade na troca de passes, e trabalhar em profundidade com alternância as jogadas pelos lados do campo. Acima de tudo, estar muito próximo. Tanto para marcar, quanto para jogar. Uma coisa muito importante para mim é reagir rapidamente tão logo que perde a bola, para recuperá-la rapidamente ou me organizar para defender dentro do meu campo.

Estilo de jogo

É um time que vai procurar estar com a bola sempre. E quando perdê-la vai marcar forte. Jogar bola está na nossa raiz, na raiz do nosso futebol. O Atlético é um time extremamente ofensivo e eu quero essa característica importante. Mas a gente precisa gerar esse equilíbrio, entre defender bem e tão logo que perder a bola, reagir rápido para recuperá-la rapidamente, para não dar espaços aos adversários transitar em contra-ataque e nos gerar perigo de gol. O jogo apoiado, que é jogar pertinho um do outro, talvez seja a maior característica que quero do meu time. Se você está perto para jogar, quando tem a bola, automaticamente você está perto para marcar, quando perdê-la. Se tiver um longe do outro, vou perder minhas linhas de passe. Um passe quanto mais longo, mais aumenta a chance de erro. E também quando perder a bola, vai estar um longe do outro para poder marcar. Ter jogadores estrategicamente posicionados para receber essa bola em amplitude, mas sempre ter três ou quatro jogadores pertos, para o passe curto e também para marcar quando eu perder a bola.

Título

O Atlético vai ser campeão. Confiança em função do trabalho e confiança em função do material humano que tenho à disposição.

Tite

O Tite foi o meu mentor, talvez. Eu ainda tenho hoje, guardado em disquete, quando ele chegou no Grêmio ele percebeu meu interesse nas questões táticas do jogo. Um disquete com um software que você pode mexer os bonequinhos lá. É bem rudimentar. Ele me deu e disse: “toma guri, esse é seu futuro. Brinca quando estiver na concentração não ter nada para fazer”. Realmente ele é um dos pilares da minha carreira como treinador. Como jogador trabalhei com mais de 30 treinadores e costumo dizer que aprendi com todos.

Permanência no Atlético

Quanto mais tempo você conseguir ficar num clube, melhor. Num primeiro momento é chegar, implantar sua filosofia, identificar o perfil do jogador que você quer, tanto do ponto de visto técnico e tático, como no ponto de vista de conduta, de comportamento. E as conquistas vindo dá um lastro para que você solidifique um trabalho e consiga dar uma continuidade. O Brasil está caminhando para isso, confio muito. Mas os resultados é que definem a permanência da gente. São 85 jogos no ano e do primeiro ao último tem de estar em alto nível.

Convivência em um novo clube

Tem sido tranquilo. Sou um cara de bom relacionamento. Na verdade, é uma casa diferente e funciona, de certo modo, com algumas peculiaridades da região e do clube. Mas é o futebol. O Mundo é grande, mas o mundo da bola é pequeno. Mesmo que eu não conheça o pessoal do staff, a gente se encontra nos estádios quando vai jogar. A turma da rouparia, os jogadores se conversam muito. Isso faz você já chegar com um certo grau de conhecimento para o lugar onde vai. Mas as particularidades vamos pegando.

Saída do Leandro Donizete

É o mercado. O Leandro recebeu uma proposta importante. Era um jogador, pela história que tinha aqui e pelo tanto que ajudou nos últimos anos, certamente seria muito importante para gente. Mas são coisas do futebol, faz parte.