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Paulista - 2019

Palmeiras mantém quase R$ 1,5 milhão de suas contas "sob investigação" desde 2011

Arnaldo Tirone, presidente do Palmeiras, sofrerá pressão por investigação de verbas - Thiago Vieira/Folhapress
Arnaldo Tirone, presidente do Palmeiras, sofrerá pressão por investigação de verbas Imagem: Thiago Vieira/Folhapress

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

19/01/2012 06h00Atualizada em 19/01/2012 18h50

O Palmeiras abre 2012 com quase R$ 1,5 milhão "sob investigação" por causa de problemas que se arrastam desde o ano passado. Dois casos chamam atenção.

O mais debatido internamente e que já tem até um relatório feito é o do "sumiço" de R$ 290 mil. Antônio Carlos Corcione e Pedro Renzo, dois conselheiros que são advogados e prestavam serviços ao Palmeiras na época, foram os principais investigados para entender como o montante não aparecia no balancete do clube.

A conclusão do caso, no entanto, foi feita por membros do Conselho de Orientação e Fiscalização (COF) do clube e repassada para uma comissão do Conselho Deliberativo, que não levou o caso à frente.

Para não deixar o caso cair em esquecimento, sócios se mobilizam para pressionar o presidente Arnaldo Tirone para que alguma providência seja tomada. Um grupo mais radical estuda colocá-lo até como conivente em um processo que correrá na Justiça Comum e pode ter o envolvimento do Ministério Público na investigação.

"Nós tínhamos consciência que precisaríamos pagar a multa do Ewerthon. Não pagamos porque preferimos pagar quem estava jogando. Mas esse negócio da multa ter dobrado é irreal", afirmou Piraci de Oliveira

Tanto Corcione quanto Renzo alegam ter o protocolo assinado pelo então diretor financeiro, Francisco Busico, comprovando que os quase R$ 300 mil em dinheiro vivo já foram entregues para o clube. Há a suspeita de que a verba tenha sido usada para o chamado "bicho molhado", quando os jogadores recebem prêmio pela vitória em dinheiro vivo, já no vestiário. Caso essa despesa constasse no balancete do clube, seria necessário que impostos fossem pagos. Wlademir Pescarmona, diretor de futebol da época, confirma a prática de incentivo, mas diz que o dinheiro era, sim, lançado na folha salarial dos atletas.

Outro caso que causou a mobilização interna envolve os nomes do diretor jurídico, Piraci de Oliveira, do vice-presidente financeiro, Walter Munhoz, e do gerente financeiro, Marcos Bagatella. Eles foram avisados 70 dias antes do vencimento das três parcelas pelo ex-gerente administrativo Sérgio do Prado que as parcelas da rescisão do atacante Ewerthon precisariam ser pagas para evitar que a parte da multa referente a direitos de imagem, estipulados em R$ 600 mil, não dobrasse.

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    Documento mostra que vários setores receberam documento alertando dos vencimentos das parcelas da multa de Ewerthon

Os 70 dias se passaram, o documento foi ignorado, e a multa passou a valer R$ 1,2 milhão para serem pagos à vista. Tirone justificou o erro a alguns sócios atribuindo a culpa a Piraci. Em um encontro que aconteceu no fim do ano na Academia de Futebol, o dirigente afirmou que o diretor jurídico já trouxe muita coisa boa ao clube e que tinha "crédito" para errar.

Insatisfeitos com a explicação, 15 conselheiros, entre eles o ex-diretor de futebol Wlademir Pescarmona e até mesmo Antônio Carlos Corcione, assinaram um documento exigindo a investigação do motivo do atraso, afirmando que o caso não poderia passar em branco. Em sua defesa, Piraci afirma que o valor foi parcelado mais uma vez e que a multa não dobrou, apesar do contrato ter estipulado isso.

"Nós tínhamos consciência que precisaríamos pagar a multa do Ewerthon. Não pagamos porque preferimos pagar quem estava jogando. Mas esse negócio da multa ter dobrado é irreal. O que acontece é que um funcionário que foi demitido quer ficar expondo documentos e um grupo político, para abafar o que estamos investigando, prefere adotar essa postura. Mas estamos negociando com vários atletas, e o Ewerthon foi o único que não topou. Até Muricy Ramalho a gente negociou. São R$ 35 milhões que eu negocio e que não correram nada de juros", afirmou Piraci de Oliveira

"O presidente realmente falou de mim para o grupo, mas depois pediu desculpas para mim. Ele foi infeliz, mas já pediu desculpas e reiterou que confia em mim", completou.

  • Reprodução

    Item 2.4.1 mostra que atraso de três parcelas dobra valor da multa por rescisão com Ewerthon

Por fim, duas das chamadas “taxinhas” que teriam afastado jogadores do Palmeiras também estão sob investigação. A primeira foi divulgada pelo Blog do Perrone no ano passado. Segundo o blogueiro, Jonas, lateral do Coritiba, deixou de acertar com o clube e preferiu ganhar menos no Santos porque não quis pagar “pedágio”. A denúncia foi feita a Tirone por membros da Mancha Alviverde, principal torcida organizada da equipe.

Outra denúncia apurada pelo UOL Esporte dá conta de que Alejandro Martinuccio ignorou o contrato assinado com o Palmeiras e foi para o Fluminense por não querer abrir mão de R$ 300 mil do acerto feito. O combinado era que o argentino receberia R$ 1 milhão de luvas. Um interlocutor da diretoria, no entanto, afirmou ao meia que quase um terço desse valor seria revertido para a conta pessoal de um dos cartolas.

Tanto Roberto Frizzo, vice-presidente de futebol, quanto Arnaldo Tirone, afirmam com veemência que nunca ouviram nada sobre isso e que, em caso de qualquer evidência do caso, uma investigação rígida será feita.