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Paulista - 2019

Promotor cobra escutas telefônicas e rastreio nas redes sociais para evitar brigas de organizadas

Além da briga na zona Norte, houve confronto da PM com corintianos nas arquibancadas - Rivaldo Gomes/Folhapress
Além da briga na zona Norte, houve confronto da PM com corintianos nas arquibancadas Imagem: Rivaldo Gomes/Folhapress

Carlos Padeiro

Do UOL, em São Paulo

26/03/2012 06h01

O promotor Paulo Castilho, atualmente licenciado do Ministério Público de São Paulo para exercer a função de diretor do Departamento de Defesa dos Direitos do Torcedor, cobrou do Estado e da polícia escutas telefônicas e rastreamento nas redes sociais para identificar e prender membros de torcidas organizadas que marcam brigas nas ruas em dias de clássico.

Na manhã do último domingo, véspera de Corinthians x Palmeiras, houve um confronto entre cerca de 500 torcedores na avenida Inajar de Souza, zona Norte de São Paulo. André Alves, de 21 anos, morreu à noite por perda de massa encefálica depois de levar um tiro na cabeça.

“A Polícia Civil deve realizar escutas telefônicas dos líderes de organizadas para prender quem marca esses encontros pela internet, quem leva essas armas. Promover uma prisão em massa por formação de quadrilha, tráfico de entorpecentes, espancamento”, declarou Castilho, que esteve no Pacaembu à tarde.

A briga entre corintianos e palmeirenses pode ter sido marcado nas redes sociais. No Twitter, usuários comentaram durante o último sábado que haveria um confronto na manhã de domingo, na Inajar de Souza. 

O promotor é autor da alteração no Estatuto do Torcedor, sancionada pelo ex-presidente Lula em 2010, que tornou crime procedimentos que antes não eram cabíveis de punição, como portar objetos que possam servir como armamento, ou mesmo armas, não apenas no entorno dos estádios de futebol, mas nos trajetos para eles.

Castilho critica a impunidade. “O Estado está deixando a desejar. A violência entre torcidas está voltando à carga e o maior desafio é a falta de punição”, acrescentou.

Na avenida da zona Norte da capital paulista, os torcedores estavam armados com paus, canos e rojões. Barulhos de tiros foram ouvidos também. O local é um ponto de encontro conhecido para brigas entre as facções. “Toda vez que tem jogo tem briga na Inajar”, disse um torcedor que presenciou a confusão e preferiu não se identificar. “A polícia ficou grande parte do tempo só olhando”, revelou.

O promotor vê o cadastramento de torcedores como uma solução, pois permitiria prender quem briga dentro do estádio ou fora, não importa a distância ao local da partida. “A nossa legislação é moderna, o que falta é um serviço de inteligência. O torcedor pré-cadastrado ao ser identificado por mal comportamento será punido.”