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Paulista - 2019

Esperança do meio corintiano, R. Augusto surgiu com rival e foi ídolo "sozinho" na Alemanha

Renato Augusto, que deve estrear no próximo domingo, foi revelado por Ney Franco, hoje rival - Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians
Renato Augusto, que deve estrear no próximo domingo, foi revelado por Ney Franco, hoje rival Imagem: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians

Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

26/01/2013 06h00

Contratado para ser uma opção versátil no elenco alvinegro, Renato Augusto deve estrear no próximo domingo, contra o Mirassol, com status de solução para o meio-campo, que não foi bem nos dois primeiros jogos da temporada. O jogador que pode ajudar a criar, grande preocupação de Tite no atual momento, foi revelado pelo hoje rival Ney Franco e construiu a maior parte na carreira brigando “sozinho” para ser ídolo na Alemanha.

A trajetória de Renato Augusto começou no Flamengo de 2006. Revelado pelo clube, ele até havia recebido suas primeiras chances no ano anterior, mas só brilhou pela primeira vez na decisão da Copa do Brasil daquele ano, contra o Vasco.

A escalação de Renato Augusto, à época uma das maiores promessas do clube, foi uma tacada ousada de Ney Franco, que havia acabado de assumir a equipe depois de uma boa campanha pelo Ipatinga. O meia foi destaque das duas partidas, dando assistência para um dos gols, e ganhou a confiança da torcida rubro-negra.

A experiência no Flamengo forçou Renato a aprender a se virar. Meia de origem, ele teve de atuar pelos lados, no centro do campo, como volante e até de atacante por conta da escassez de jogadores do clube, que não vivia sua fase mais pujante.

O pior momento dele foi no início de 2008, quando um choque com o zagueiro Hélton, do Boavista, o forçou a fazer uma cirurgia no rosto. Para fazer a reconstrução facial, os médicos inseriram três placas de titânio fixadas com onze pinos.

“Eu fui visitá-lo quando ele foi operado. Era um rapaz simples, sem nariz para frente, gosto muito dele”, disse Joel Santana, técnico de Renato naquele tempo, a quem rasga elogios. “Ele era muito promissor. Tinha muita força, era um jogador que fazia gols, moderno, que marcava”, explicou ele.

A operação e o período de recuperação comprometeram o semestre de Renato Augusto, que seria o último dele no Rio de Janeiro. No meio de 2008, ele foi negociado com o Bayer Leverkusen, clube que se notabilizou nas duas últimas décadas pela legião de brasileiros. Renato Augusto, no entanto, estava sozinho. Nos quatro anos e meio em que esteve no clube, ele não teve a companhia de nenhum compatriota.

Hoje, ele sente a diferença no dia-a-dia do Corinthians, marcado por brincadeiras e descontração. “Na Alemanha era muito difícil. Fiquei quatro anos e meio sozinho, sem brasileiro. Esse carinho no almoço, no jantar, é diferente. Procuro curtir esses momentos. Fiquei muito tempo fora sozinho, é bem diferente agora”, explicou ele.

A “solidão” não o impediu de se dar bem no exterior. Em seu melhor momento, a temporada 2010/2011, ele comandou a equipe na campanha do vice-campeonato alemão, melhor resultado do Bayer enquanto Renato Augusto esteve por lá e que lhe rendeu até uma passagem rápida pela seleção de Mano. Foram nove gols e 16 assistências no futebol europeu, números que dizem menos sobre o meia do que a comoção que foi a sua saída.

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  • Gustavo Franceschini/UOL

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“Renato nos deu muitos momentos especiais. Mesmo com as lesões de seus últimos meses, só teremos boas lembranças dele. Ele teve um papel importante no progresso recente do clube”, disse Rudi Völler, ex-atacante da seleção alemã e diretor esportivo do Bayer, ao site do Campeonato Alemão.

O retorno foi um desejo de Tite, que vê em Renato Augusto alguém com a capacidade de ocupar todas as posições do meio-campo, característica que o Corinthians não tem desde a saída de Alex, no meio do ano passado. Para o meia, esse é um dos resultados de anos de evolução tática na Europa.

“A versatilidade já vinha da época do Flamengo, mas na Alemanha eu aprendi mais. O que eu mais melhorei foi na parte tática, principalmente defensivamente. Era um jogo mais cadenciado, com muita pressão para marcar. Tomei alguns puxões de orelha. Tive de aprender a jogar taticamente”, disse ele.

“Eu selecionei para que ele viesse ao profissional [do Flamengo]. Desde cedo ele tinha muita qualidade. É um jogador versátil mesmo, de muita movimentação”, relembra Waldemar Lemos, outro técnico que trabalhou com Renato no Flamengo.

No atual momento, é justamente o que Tite precisa. Depois de um empate diante do Paulista e uma derrota para a Ponte Preta, o treinador queixou-se do potencial criativo de seu meio-campo, que sofre por ser formado por reservas que não têm o entrosamento ideal. Ele evita dar ao reforço, que custou ao Corinthians cerca de 3,5 milhões de euros (R$ 9,5 mi), o rótulo de “salvador da pátria”, mas não esconde a animação.

“Não dá pra achar que uma peça só vai resolver, mas fica facilitado tendo um jogador com essa característica”, disse Tite na última quarta. 

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