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Há 10 anos, Corinthians e São Paulo viam fim de era de provocação no futebol

Corinthians comemora título do Paulista-2003 sobre o São Paulo - Eduardo Knapp/Folha Imagem
Corinthians comemora título do Paulista-2003 sobre o São Paulo Imagem: Eduardo Knapp/Folha Imagem

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

30/03/2013 14h00

A rivalidade entre Corinthians e São Paulo, que jogam no próximo domingo, às 16h, pelo Campeonato Paulista, teve momentos acirrados nas décadas de 1990 e 2000 por vários encontros em mata-matas, além de provocações e tabus de ambos os lados.

Há dez anos, o Corinthians levava a melhor sobre o rival em jogo válido também pelo Estadual. No dia 22 de março de 2003, o time do Parque São Jorge bateu o rival por 3 a 2 na final do Campeonato Paulista, a última decidida entre clubes do chamado trio de ferro (corintianos, palmeirenses e são-paulinos). O triunfo alvinegro sacramentava um período de quatro anos com ampla vantagem sobre o rival em confrontos eliminatórios.

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De 1999 até o ano em questão foram cinco êxitos corintianos (semifinais do Paulista e Brasileiro de 1999, e da  Copa do Brasil de 2002, e finais do Rio-São Paulo de 2002 e do Paulista de 2003) contra apenas um do São Paulo (semifinal do Paulista de 2000).

“Tivemos uma fase não muito boa naqueles clássicos. Tínhamos um time melhor em algumas situações, mas dávamos oportunidades algumas vezes, e o Corinthians jogava melhor ou tinha sorte. Às vezes até uma expulsão beneficiava o time deles. Alguma coisa sempre prejudicava. Todo mundo ficava descontente”, relembra Julio Baptista, que defendia o São Paulo.

“Aquela final do Paulista foi mais uma [das vitórias]. Vencemos por 3 a 2, com gols de Jorge Wagner e Liedson. A gente costumava levar a melhor. Mas eram jogos difíceis, sempre foram jogos difíceis”, diz Vampeta, um dos grandes volantes da história do Corinthians.

Naquela era, inclusive, o pentacampeão mundial abusou de seu jeito falastrão e popularizou o apelido de “bambis” para os são-paulinos, em referência ao personagem de desenho animado. Depois, a provocação virou mania entre torcedores. Mas Vampeta se defende. Diz que o apelido já existia.

“Já tinha esse negócio de bambi, eu acho que já existia antes disso. Eu brinco que eu só acordei o gigante adormecido ao falar aquilo. Mas eu acho que já existia, hein”, falou.

O que Vampeta alegou para ter se referido aos rivais como "bambis" foi o fato de ter visto os então são-paulinos Kaká e Julio Baptista, seus amigos, em uma sorveteria na época dos confrontos. “A história foi que eu passei e os vi  em uma sorveteria lá da Avenida Sumaré”, brincou. “Mas sempre fui amigo do Julio e de outros jogadores do São Paulo.”
 

 

  • Folhapress

    Júlio Baptista tenta lance sobre o Corinthians na final de 2003

Julio Baptista desconversa. “Isso aí é mentira do Vampeta, sabemos como ele é, ele gosta de brincar. É um tirador de sarro nato .Tenho carinho por ele.”

O hoje jogador do Málaga diz que até pediu para o amigo que maneirasse um pouco nas brincadeiras na época.  “É, num princípio foi tranquilo, mas depois começou a gerar turbulência, porque todo mundo queria brincar com negócio de bambi, começou a virar polêmica, mas um dia nos encontramos e falamos pra ele parar um pouco, pois poderia incitar os torcedores e ter problemas”, disse Baptista. "Ah, não lembro dessa história não", rebateu Vampeta, bem humorado.

Fato é que depois da partida de dez anos atrás, houve reviravoltas. Após aquele momento, o São Paulo viveu grande fase e venceu três Brasileiros, uma Libertadores e um Mundial, além de um Paulista. Passou quatro anos sem perder do rival, que nesse meio tempo foi rebaixado para a Série B do Brasileiro.

“É, a gente ganhou aquela última [em 2003] e depois eu me machuquei e fui embora do Corinthians. Ficamos quatro anos sem ganhar deles. Mas depois, na minha volta, em 2007, ganhamos”, comentou Vampeta.

E de 2007 até 2011 foram quatro anos sem vitórias são-paulinas sobre os rivais. Até que o São Paulo ganhou por 2 a 1, em Barueri, também pelo Campeonato Paulista, em jogo que marcou o 100º gol de Rogério Ceni.

Depois disso, novo tabu, já que a equipe do Morumbi ficou dois anos sem ganhar e só foi vencer dois anos depois, em 2012. Venceu as duas do Brasileiro, uma com time reserva sobre a equipe corintiana que embarcaria um dia depois para a conquista do Mundial de Clubes da Fifa.