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FPF leva caso de racismo a Arouca ao tribunal e interdita estádio do Mogi

Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

07/03/2014 14h13

A FPF (Federação Paulista de Futebol) emitiu um comunicado na tarde desta sexta-feira em que repudia o ato de racismo sofrido pelo meio-campista santista Arouca no jogo contra o Mogi Mirim, na quinta, e diz que o caso será analisado Tribunal de Justiça Desportiva do estado. A entidade decidiu também interditar o estádio do Mogi Mirim para os próximos jogos.

O julgamento será no dia 17 e, independentemente do resultado, o Mogi Mirim não poderá realizar em seu estádio o duelo que tem marcado para o dia 18, contra o Paulista, em que é mandante.

"De nossa parte, faremos o possível para que mais este caso de desrespeito ao próximo e ao ser humano de um modo geral, não fique impune, já que temos elementos para tal através do nosso Tribunal de Justiça Desportiva, que prevê punição ao clube mandante com multa e até perda do mando de campo", diz trecho da nota da FPF.

Arouca foi chamado de "macaco" em Mogi Mirim. O atleta foi o autor do quarto gol na vitória santista. Segundo as rádios, o grito teria partido de três torcedores que estavam nas arquibancadas do estádio em Mogi. A ofensa aconteceu quando o volante dava entrevista após a vitória. Ele ameaçou acionar a Polícia Militar, mas recuou.

Logo depois do incidente, o Coronel Marcos Marinho, presidente da Comissão Estadual de Arbitragem da FPF, disse que esperava a denúncia para tentar punir o Mogi Mirim.

“Amanhã (sexta-feira) mesmo vou verificar os relatórios. Se alguém presenciou e comunicou vamos comunicar ao Tribunal de Justiça Desportiva. Existe uma punição ao clube com multas e até mando de campo em jogos no regulamento”, disse o Coronel Marinho à Rádio Globo.

O ex-jogador e agora presidente do Mogi Mirim, Rivaldo, já havia se mostrado preocupado com uma possível punição ao Mogi Mirim pelo incidente. Ele alega que o clube não deve ser responsabilizado pelo que é gritado nas arquibancadas por não ter como controlar os torcedores.

"Eu só não concordo em punição para o clube, não podemos controlar a boca dos torcedores. O clube é responsável caso tenha briga, invasão de campo ou objetos jogado em campo. Ontem, por exemplo, liberamos mais um parte da arquibancada para os torcedores do Santos para evitar qualquer problema. Mas entrego esta situação nas mãos de Deus", disse Rivaldo.

O Sindicato de Atletas Profissionais do Estado de São Paulo (Sapesp) divulgou uma nota oficial de repúdio o ato de racismo e declarou que “a campanha e a forma que isso será abordado ainda estão sendo estudados”.

“Esse é um ato que não deve ser tolerado. Infelizmente, o que acontece nos estádios brasileiros são reflexos da sociedade que vivemos. Não podemos aceitar isso que vem acontecendo. Conversarei com alguns jogadores para fazermos alguma campanha contra o racismo”, disse o presidente do Sapesp, Rinaldo Martorelli.