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Por que o Palmeiras é número1? Clube colhe frutos de planejamento diferente

Paulo Nobre ganhou o elenco ao manter Gilson Kleina como técnico - Mauricio Duarte/UOL
Paulo Nobre ganhou o elenco ao manter Gilson Kleina como técnico Imagem: Mauricio Duarte/UOL

Do UOL, em São Paulo

08/03/2014 06h00

O Palmeiras começou o ano como a sensação do futebol paulista. Com a melhor campanha do torneio até agora (ao lado do Santos), a equipe alviverde tem se destacado no campeonato regional. Para chegar a tanto, contudo, teve que vencer a desconfiança gerada por ter disputado a Série B do Campeonato Brasileiro e por algumas apostas ousadas da diretoria. Mesmo contestadas, porém, elas se mostraram acertadas e o UOL Esporte explica o motivo

Apostar em Kleina

O presidente Paulo Nobre peitou conselheiros do clube e uma boa parte da torcida quando decidiu renovar com o treinador Gilson Kleina, no final do ano passado. Depois de ter procurado sem sucesso Marcelo Bielsa, as atenções se voltaram para a permanência do atual comandante. Para isso, a diretoria foi capaz de ler alguns sinais que poderiam não estar evidentes para quem não convive com o grupo: o desejo dos jogadores. Os atletas fizeram um pacto de se fechar em torno de Kleina, e isso tem dado frutos até o momento. Com o grupo na mão, ele não tem enfrentado vaidade individual e consegue manter a equipe competitiva. Internamente, segundo integrantes da cúpula alviverde, esse quesito é fundamental para o sucesso que o time está tendo. A interlocutores, inclusive, Nobre já disse que considera essa uma das grandes sacadas de sua gestão: agradou aos jogadores e não precisou de um técnico milionário para que o time se destacasse.

Aumentar elenco a baixo custo

Após conquistar o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro no final de 2013, aumentar e melhorar o elenco era uma urgência do Palmeiras. O dilema era como fazer isso usando o modelo de contrato de produtividade implementado por Paulo Nobre. A estratégia foi correr atrás de atletas que se encaixariam nesse perfil. Nomes menos badalados ou que estivessem em dificuldades em outros clubes. O time do Palestra Itália surpreendeu e conseguiu fechar, entre outros, com atletas de renome, como o zagueiro Lúcio e o meia Bruno César. Foram contratados 11 atletas. Atualmente, o elenco tem 35 jogadores. No fim do ano passado, não chegava a 30. Desta forma, gastou pouco e deu o recado de que a produtividade pode funcionar aos seus jogadores que pretendem renovar contrato.  “Estamos fazendo as coisas de acordo com o que a gente pode. Faremos as coisas no tempo que tem que ser. Temos essa responsabilidade econômica”, disse ao UOL Esporte o diretor executivo José Carlos Brunoro.

Gás inicial para largar na frente de rivais

Em conjunto com a diretoria, a comissão técnica traçou um plano de começar o ano a todo vapor para ganhar classificação antecipada e a gordura proveniente dela no Campeonato Paulista. Saiu tudo como planejado. O time conquistou a vaga nas quartas de final com três rodadas de antecedência e em primeiro lugar do Grupo D. A equipe se concentrou em Atibaia para uma pré-temporada e começou os trabalhos antes dos rivais. A intenção era poder mesclar o elenco sem que a questão física atrapalhasse. “A finalidade dos treinos físicos nos primeiros dias da pré-temporada é ajudar na readaptação orgânica e física dos jogadores. Além disso, serve também como avaliação, para sabermos a condição de cada um e, na sequência, trabalharmos a fim de homogeneizar o elenco”, explicou o preparador físico Fabiano Xhá.

Torcida por perto

Menina dos olhos do presidente Paulo Nobre, o Avanti, programa de sócio-torcedor do clube alviverde, ganhou projeção no último ano. Isso reflete em dinheiro nos cofres do Palmeiras. O programa foi reformulado em agosto de 2013 e as alterações logo surtiram efeito. De 30 mil sócios, o número passou para 40 mil e segue em crescimento. O associado, além de descontos em ingressos, pode concorrer a eventos com o elenco, como ir a um jogo no ônibus do time ou jantar com um atleta. “Que cada palmeirense se torne um embaixador do nosso programa de sócio-torcedor. Vamos mostrar nossa força e virar o maior programa do Brasil. Palmeirense, acredite que com seu apoio e sua participação podemos nos tornar financeiramente autossuficientes”, convocou o presidente. Embora não revele quanto exatamente o programa traz de recita, a diretoria admite que sem ele a gestão estaria completamente inviabilizada por falta de recursos, já que o patrocínio máster ainda não veio.

Fazer caixa com patrocínios pontuais

Já que o patrocínio máster está emperrado, o Palmeiras montou um planejamento para lotear a camisa e fazer o máximo de dinheiro possível jogo a jogo. Preparou um plano para vender aos interessados. O Palmeiras fez uma adequação para oferecer preços dentro da realidade do mercado e isso atraiu as marcas.  Em um único jogo, o time pode conseguir cerca de R$ 500 mil caso consiga vender todos os espaços: peito, mangas, barra traseira e barra dianteira. No clássico contra o Corinthians, por exemplo, foram quatro patrocinadores diferentes na camisa.