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Crise com torcida, ser favorito e Braga: o que une Palmeiras-14 ao de 89?

Palmeiras de 1989, com Neto, vive situação semelhante ao de 2014, com Valdivia - Folhapress/UOL
Palmeiras de 1989, com Neto, vive situação semelhante ao de 2014, com Valdivia Imagem: Folhapress/UOL

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

27/03/2014 06h00

O jogo desta quinta-feira entre Palmeiras e Bragantino tem ingredientes que vão além da disputa por uma vaga na semifinal do Campeonato Paulista. Em meio a um ambiente conturbado por causa da crise com os torcedores organizados, a equipe da capital entra no Estádio do Pacaembu com um clima bastante semelhante ao time que entrou, em 1989, no Estádio Marcelo Stéfani, hoje conhecido como Nabi Abi Chedid.

Há 25 anos, mesmo após um empate por 1 a 1 e a conquista da Taça dos Invictos, a torcida organizada não se conformou com o tratamento dado pela Polícia Militar e pelo espaço chamado por eles de “curral”. A confusão começou no intervalo, com direito a pedras voadoras e cassetetes “nervosos” e terminou na rua, com vidros de carros e alguns estabelecimentos danificados.

O episódio que teve até torcedor mordendo o rabo de cachorro é sempre lembrado por diretores da época, torcedores e pelos técnicos Emerson Leão, na época palmeirense, e Vanderlei Luxemburgo, na ocasião à frente do Bragantino.  E mais do que isso. Foi o primeiro estopim da crise entre diretoria e organizada, que havia começado em 1986, na final do Paulistão, na derrota diante do Inter de Limeira.

“O relacionamento entre eles não era dos melhores desde quando ficou configurada a fila, na derrota de 1986. Ali, as organizadas começaram a pressionar e o primeiro estopim foi em 1989, quando invadiram o estádio e tudo mais. Mas a crise com a diretoria ficou pior em 1990”, explica Fernando Gallupo, historiador do Palmeiras.

Em 1990, outro episódio envolvendo o Palmeiras e um time considerado pequeno acabou de vez com a relação que, até então, era de cooperação. Após o empate com a Ferroviária e a eliminação no Paulista, torcedores revoltados deixaram o Pacaembu e marcharam até o Palestra Itália. Lá, invadiram a sede, quebraram a sala de troféus e depredaram a própria história de sua equipe.

O vandalismo fez a diretoria tirar a sala cedida à Mancha Verde dentro do clube. O tempo passou, vários outros episódios de violência marcaram a história palmeirense, técnicos e jogadores foram ameaçados e, hoje, 25 anos depois do primeiro grande problema, a diretoria precisa se virar com mais uma crise.

Ataque aos atletas no aeroporto em Buenos Aires, há um ano, faixas de protesto espalhadas pela cidade, gritos nos estádios, ameaças a diretores, agressão a um torcedor ligado ao principal grupo político do Palmeiras e depredação da sede do sócio-torcedor. Problemas que parecem não estar perto de seu fim.

FAVORITISMO COM A BOLA ROLANDO

Além do fator extra-campo envolvendo Palmeiras e Bragantino, há também outro indicador que liga as gerações. Em 1989, além do empate por 1 a 1, o time do Palestra Itália acabou derrotado em outro jogo e eliminado justamente pelo Bragantino após uma campanha irretocável no Paulista.

Assim como em 2014, o time de 1989 era amplamente favorito. Com a escalação de Velloso, Édson Boaro, Toninho Cecílio, Darío Pereyra e Abelardo; Júnior, Gérson Caçapa e Edu Manga; Mauricinho, Marcus Vinícius e Neto, o time do técnico Émerson Leão deixou o campo com um sonoro 3 a 0 e mais tempos de crises para lidar.

“Eu acho o simples. Nosso time estava maravilhosamente bem, todo mundo falava que íamos ser campeão”, disse Leão ao UOL Esporte. “E aí fomos jogar contra o Bragantino e tivemos algumas promessas de jogador para jogador, algumas gozações e não desempenhamos nosso futebol”, lamenta o ex-goleiro e técnico palmeirense.

O clima de brincadeira, aliás, é a grande diferença entre as equipes. Nem mesmo com um investimento muito maior do que o rival, Gilson Kleina se permite dizer que sua equipe é favorita no jogo desta quinta. Resta saber se, desta vez, os jogadores do Palmeiras irão confirmar o favoritismo.

FICHA TÉCNICA
PALMEIRAS X BRAGANTINO


Local: Estádio do Pacaembu, em São Paulo (SP)
Data: 27 de março de 2014, quinta-feira
Horário: 21h (de Brasília)
Árbitro: Flávio Rodrigues Guerra
Assistentes: Vicente Romano Neto e Daniel Paulo Ziolli

PALMEIRAS:  Fernando Prass; Wendel, Tiago Alves, Lúcio e Juninho; Marcelo Oliveira, Wesley, Bruno César (Patrik Vieira) e Valdivia; Leandro e Alan Kardec.
Técnico: Gilson Kleina

BRAGANTINO: Rafael Defendi; Yago, Guilherme Mattis e Alexandre; Robertinho, Francesco, Gustavo e Matheus; Magno Cruz, Léo Jaime e Tássio
Técnico: Marcelo Veiga