Topo

Ordem no Paulistão é punir a cera. Mas isso pegou os clubes desavisados

Adriano Wilkson, Danilo Lavieri, Dassler Marques, Guilherme Costa e Samir Carvalho

Do UOL, em São Paulo e Santos (SP)

11/02/2015 10h47

O Corinthians vencia o Palmeiras por 1 a 0 no último domingo (08), no Allianz Parque, e o goleiro Cássio já havia levado um cartão amarelo por retardar uma reposição de bola. Aos 12min do segundo tempo, o titular da equipe alvinegra demorou novamente para reiniciar o jogo e foi expulso. No mesmo dia, mas em São José do Rio Preto, um caso similar chamou atenção. Aos 44min da etapa final do triunfo por 2 a 1 sobre o Red Bull Brasil, o lateral direito Cicinho, do Santos, foi excluído da partida por ter levado muito tempo para cobrar um arremesso lateral. Resultados de uma determinação da FPF (Federação Paulista de Futebol) aos árbitros, os dois cartões vermelhos são parte de um padrão que deve ser repetido até o fim do Campeonato Paulista de 2015. Para desgosto dos clubes.

“Nós pedimos aos árbitros que cumpram as regras, algo que não vinha sendo feito em todas as oportunidades. Pedimos que eles fossem mais incisivos em algumas marcações, e os clubes foram avisados sobre isso em reunião realizada na sede da federação”, disse o coronel Marcos Marinho, diretor de segurança e prevenção da FPF.

Na avaliação da entidade, árbitros vinham sendo excessivamente permissivos em alguns aspectos – cera e simulações, principalmente. A FPF cobrou postura mais enérgica sobre esses pontos no Campeonato Paulista de 2015 e considera que as expulsões de Cássio e Cicinho refletem essa mudança de comportamento. “Não demos nenhuma orientação além do que está na regra”, justificou Marinho.

Clubes consultados pelo UOL Esporte disseram que não houve uma explicação enfática sobre a mudança de postura dos árbitros. Alguns chegaram a negar que a entidade tenha feito qualquer recomendação nesse sentido.

“Em todo começo de ano há uma reunião em que eles avisam que vão coibir cera, isso e aquilo outro. Aí você precisa ter critério. O árbitro acha que [o Cicinho] simulou, mas ele não está mais na idade de ‘achar que’. Eles precisam ter critério e não ficar querendo agradar o chefe”, criticou Modesto Roma Júnior, presidente do Santos.

“O coronel Marinho precisa pedir que os árbitros tenham bom senso. Eles foram cumprir ordens do chefe, mas sem bom senso ou critério. Qualquer pessoa séria percebe que [o caso do Cicinho] não foi cera. Foi um exagero”, completou o mandatário alvinegro.

As novas determinações da FPF foram passadas aos clubes em palestras proferida por Silvia Regina de Oliveira, que é instrutora da Fifa e consultora da entidade estadual. Ela chegou a dar uma palestra ao elenco do Palmeiras, por exemplo, no dia 22 de janeiro.

“A arbitragem recentemente tem gerado muitas dúvidas e muitas polêmicas. Os assuntos que ela trouxe são bastante modernos, com coisas que acontecem dentro de campo”, disse Oswaldo de Oliveira, técnico do Palmeiras, naquela época.

Segundo uma das pessoas que estavam no encontro de Silvia Regina com o elenco do Palmeiras, a palestra foi muito focada em questões como bola na mão ou mão na bola. Esse aspecto da regra gerou enorme polêmica durante o Campeonato Brasileiro de 2014, quando uma mudança na orientação passada aos árbitros aumentou muito o número de pênaltis.