Lusa já fez Tite se demitir e pôs Corinthians em crise. Agora, tudo mudou
Na última vez que encontrou a Portuguesa, adversária desta vez terça-feira no Itaquerão, Tite chorou diante de seus jogadores no vestiário do Estádio Morenão, em Campo Grande-MS. Tinham todos levado de 4 a 0.
Era o ponto mais dramático da vitoriosa e histórica passagem do treinador pelo Corinthians. Foi naquele domingo, 29 de setembro de 2013, que Tite sofreu sua derrota mais elástica em mais de três anos de trabalho. Para ele, de volta ao comando corintiano e com um início absolutamente promissor, ainda invicto, aquela goleada foi o bastante.
Logo depois do jogo, derramou lágrimas e disse diante de todos que não queria mais ficar. Tite, naquele momento em que a equipe capengava pelo Campeonato Brasileiro, reconheceu que todos estavam expostos à vergonha e se retirou.
Único diretor presente à viagem, Edu Gaspar falou ao elenco e lembrou que precisavam melhorar. "Não podemos perder um cara que a gente gosta. Ele não merece isso", disse, no vestiário, segundo pessoas presentes. Fábio Mahserejdian, preparador físico, também chamou a atenção. Lembrou de jogadores acima do peso. "Vocês largaram", advertiu.
Liderados por Emerson Sheik, cerca de dez jogadores foram ao quarto de Tite horas depois e pediram que ele revisse sua posição. Na volta a São Paulo, o treinador se reuniu com o então presidente Mário Gobbi e ouviu que seu pedido não seria aceito. "Você entrou pela porta da frente, não vai sair assim", disse Gobbi na tarde em que a demissão de Tite chegou a ser veiculada por setores da imprensa.
Nos dois meses seguintes, Tite permaneceu no cargo e chegou até a mudar de ideia e ter desejo de permanecer, o que não fez Mário Gobbi mudar de ideia. Mano Menezes viria para reformular o elenco, colocar ideias novas e terminar 2014 na Copa Libertadores. Tite, estremecido com o presidente, ficou magoado por não ser o eleito, mas se mostrou flexível e voltou para fazer o trabalho que, até aqui, é praticamente unânime.
"Poucas vezes na nossa carreira tomamos mais de três gols. É de contar nos dedos", contou Cléber Xavier, auxiliar de Tite há 15 anos. "Foi um momento ruim, que para mim não estava. Não viajei, fiquei vendo de casa e sofremos mais por não poder participar. Nós não gostamos desse placar e nem do momento em que ele veio. Foi muito ruim de acompanhar os fatos", explicou.
A Portuguesa, por outro lado, só decaiu. Foi rebaixada à Série B do Brasileiro pela escalação irregular de Héverton, com fortes suspeitas de erro proposital, segundo o Ministério Público. Depois, também caiu para a Série C.
Na última sexta-feira, o presidente Ilídio Lico, ameaçado de impeachment, entregou o cargo, mas o time ainda tem chances de classificação. São quatro pontos e um jogo a menos em relação ao Botafogo-SP, vice-líder do Grupo C - dois se classificam.
Já o Corinthians, vale lembrar, vai a campo só dois dias depois de enfrentar o Capivariano no domingo. Tite mudará toda a equipe e irá utilizar uma base reserva, semelhante à que venceu o São Bernardo há duas semanas. Cristian deve ser o único a participar das partidas jogadas em menos de 48 horas.
CORINTHIANS x PORTUGUESA
Local: Estádio Itaquerão, em São Paulo (SP)
Data: 24 de março de 2015, terça-feira
Horário: 19h30 (de Brasília)
Árbitro: Luiz Flávio de Oliveira (SP)
Assistentes: Emerson Augusto de Carvalho e Carlos Augusto Nogueira Junior (ambos SP)
CORINTHIANS: Walter; Edílson, Yago, Rodrigo San (Felipe) e Petros; Cristian e Bruno Henrique; Luciano, Danilo e Malcom; Vagner Love.
Treinador: Tite
PORTUGUESA: Rafael Santos; Fillipi Souza, Guilherme, Valdomiro e Paulo Henrique; Ferdinando, Betinho, Edno e Léo Costa; Popó e Matheus Ortigoza.
Treinador: Aílton Silva.
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