Topo

Rival do SP, jovem técnico do Red Bull põe em prática filosofia de Mourinho

Mauricio Barbieri, técnico do Red Bull, dá treino no CT do clube sensação do Paulista - Juca Varella/Folhapress
Mauricio Barbieri, técnico do Red Bull, dá treino no CT do clube sensação do Paulista Imagem: Juca Varella/Folhapress

Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

06/04/2015 05h00

Mauricio Barbieri é mais jovem que os técnicos de ponta do futebol brasileiro, mas está chamando atenção no início da temporada. Formado em Esporte na USP, fez estágio no Porto, campeão da Europa de 2004 sob o comando de José Mourinho. Lá, aprendeu a teoria que levou o seu Red Bull ao mata-mata do Paulista na estreia do time na primeira divisão. A próxima missão é derrubar o poderoso São Paulo, rival das quartas.

“Foi na época que eles [Porto] foram campeões da Champions League. Meu estágio foi essencialmente na base.  Tive pouco contato com a equipe profissional e com o Mourinho em si. Tive contato com a filosofia de trabalho, com profissionais que seguiam a mesma linha e eram cabeças da metodologia que o Mourinho estava utilizando na época. Isso para mim abriu muitos horizontes, me fez repensar em muitas coisas com as quais eu não tinha contato aqui no Brasil”, disse Barbieri, em entrevista ao UOL Esporte.

Na época, Barbieri tinha só 22 anos. Foi para Porto por conta de uma parceria da USP com uma universidade portuguesa e, no meio do caminho, arrumou um estágio na base do clube. Naquele ano, o time de Mourinho derrubou Manchester United, Lyon, La Coruña e todos os outros gigantes do continente ao levantar a taça da Liga dos Campeões em um duelo contra o Monaco.

Depois de beber na fonte dos portugueses, Barbieri voltou ao Brasil e iniciou no antigo Pão de Açúcar, que depois viraria Audax. Foi de estagiário da preparação física a treinador da franquia carioca da equipe. Seu ápice foi em 2013, quando conseguiu o acesso à primeira divisão do Rio de Janeiro. Depois seguiu seu trabalho no Red Bull, mudou para a equipe bancada pela marca de energéticos no ano passado, quando conseguiu subir à primeira divisão paulista.

Na primeira experiência na elite, Barbieri viu seu time se destacar. Sem grandes estrelas, o Red Bull somou 24 pontos em 14 jogos até agora. Chegou a empatar com o Corinthians e vencer o Palmeiras. Está classificado antecipadamente no Grupo A e vai encarar o São Paulo nas quartas de final.

“Nós vamos entrar com os pés no chão, sabendo que vamos enfrentar uma equipe de muita tradição, com um grande elenco. Independentemente da fase que o São Paulo está atravessando sempre é uma grande equipe com um grande treinador. Tem que entrar com os pés no chão, mas consciente que tem condição de fazer um bom jogo e quem sabe sair com a vitória”, disse Barbieri.

E como bater um gigante desse porte? Com os ensinamentos aprendidos lá atrás. Barbieri diz que aprendeu, na Europa, sobre a “periodização tática”. “Quer dizer trabalhar efetivamente para a construção do jogo coletivo, não separando as dimensões táticas, técnicas e físicas. Não tenho essa visão separada”, disse Barbieri.

Significa dizer que em um mesmo treino os jogadores lidam com os diferentes aspectos do jogo. A ideia é ter um time mais fluido e capaz de executar as funções necessárias. São lições de Mourinho e de outros técnicos nos quais Barbieri se inspira.

“Eu gosto muito do trabalho do Guardiola, da escola holandesa, com Cruyff e Van Gaal. No Brasil eu sempre gostei dos trabalhos do Paulo Autuori. O Osvaldo de Oliveira eu sempre admirei, passei admirar ainda mais ele depois do jogo contra a gente, porque foi muito bacana a atitude dele depois do jogo. O Tite sem dúvida é uma referência também”, completa Barbieri.