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Funk, ingressos e farpas: Santos x Palmeiras se estranham e acendem final

Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

01/05/2015 06h00

A semana que antecedeu a primeira partida da final do Paulistão entre Palmeiras e Santos foi tranquila: nada de diferente aconteceu além do mistério nas escalações dos dois times. Agora, às vésperas do jogo de volta, na Vila Belmiro, a história é bem diferente. Os finalistas se estranharam em todos os níveis: torcida, jogadores e dirigentes. Reacenderam uma rivalidade que parecia adormecida.

Robinho começou as provocações entre jogadores com uma brincadeira bem elaborada. Com ajuda de Alyson e Gabigol, compôs um funk improvisado e gravou um vídeo. A letra não era nada sutil: “nós vamos detonar o Palmeiras”, dizia um trecho.

A mensagem chegou no alviverde e não agradou. Incomodado, o centroavante Leandro Pereira deixou claro que a brincadeira não caiu bem. “Se eu te disser que não achei, vou estar mentindo. Achei um pouco de desrespeito. Deixa eles contarem vitória, só não vão chorar depois”, disse.

O primeiro jogo teve os treinadores dos dois times expulsos, xingamentos ao árbitro e ânimos bastante exaltados. As provocações desta semana já preparam o terreno para um confronto que será ainda mais decisivo e acirrado.

Também houve problemas entre as diretorias: a do Palmeiras espera que fossem colocados 700 ingressos à venda para visitantes, como é praxe em clássicos na Vila Belmiro. A do Santos disse que seriam apenas 400. O mal entendido virou polêmica quando o alvinegro justificou o número reduzido dizendo que os demais ingressos tinham sido pegos pela cúpula palmeirense.

Fontes ligadas à diretoria alviverde negaram a versão santista; não sabiam onde estavam esses 300 ingressos da diferença. Nesta quinta-feira, o UOL Esporte revelou que eles tinham sido vendidos antecipadamente pelo Santos às torcidas organizadas do Palmeiras.

O episódio, naturalmente, não foi bem recebido – o Santos atribuiu ao rival uma redução na carga de ingressos, quando ele próprio tinha causado essa redução, ao vender os bilhetes.

Antes de abrir a venda, o alvinegro ofereceu ao Palmeiras a possibilidade de pegar os ingressos para venda, mas o presidente Paulo Nobre recusou. Pesou na decisão um episódio em 2014, quando o mandatário palmeirense, antes de um clássico contra o Santos, colocou os 700 ingressos de visitante à venda na sede do Avanti, programa de sócio-torcedor; ela foi atacada e destruída por vândalos. Inicialmente, Nobre concordou que a venda para a final do Paulistão fosse apenas na Vila Belmiro, mas depois pediu que parte dos ingressos fosse comercializada em São Paulo.

Houve ainda um mal estar no decorrer da semana. Em virtude de insinuações sobre seu envolvimento no vazamento de notícias do interesse do Cruzeiro em atletas do Santos, o diretor de futebol do Palmeiras, Alexandre Mattos, precisou ligar para o presidente santista, Modesto Roma Junior. “O Palmeiras não precisa plantar notícia”, disse o dirigente, à Fox Sports

Tragédia

Entre as torcidas, os episódios da semana ultrapassaram todos os limites do aceitável. O torcedor do Palmeiras Claudio Fernando Mendes Cardoso de Morais foi espancado por uniformizados santistas no último domingo, e teve a morte cerebral constatada nesta quarta-feira.

Mesmo que a rivalidade entre clubes, jogadores e até cartolas resulte em um jogo inesquecível domingo, essa mancha no clássico não pode ser apagada.