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Apesar de ficar sem título, Palmeiras também tem motivos para comemorar

Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

04/05/2015 06h00

Quando Arnaldo Tirone deixou à presidência do Palmeiras, em 2013, o clube havia chegado praticamente ao fundo do poço. Seu sucessor, Paulo Nobre, assumia uma equipe na Série B, sem poder jogar no então Palestra Itália (em reforma), com 70% das receitas para o ano comprometidas e um programa sócio-torcedor com cerca de 9 mil pessoas. A missão era garantir à volta à elite do futebol brasileiro, mas, mais importante, transformar o alviverde de volta em uma instituição capaz de se manter financeiramente.

Foi ali que começou a trajetória até o vice do Paulista neste domingo. Durante dois anos, o Palmeiras viveu dificuldades extremas enquanto estabelecia as bases para voltar a ser um time competitivo.

De janeiro a junho de 2013 vieram 18 reforços - um time com força suficiente para disputar a Série B foi montado. Mesmo assim, o clube não tinha dinheiro para se manter. Isso levou Nobre a utilizar sua posição no mercado financeiro para pegar empréstimos em condições bem mais vantajosas do que as que o Palmeiras conseguiria, e repassá-los ao alviverde. O título de campeão da Série B foi conquistado.

A situação financeira continuava péssima, mas, fora de campo, o clube dava alguns passos em direção a uma melhora: o Avanti fechou o ano com 36 mil sócios. Ao longo de 2014, o presidente palmeirense voltou a fazer empréstimos para manter o clube, chegando a mais de R$ 150 milhões no total. Contratou o executivo José Carlos Brunoro para cuidar do futebol; a gestão foi marcada por apostas que não deram certo.

Em outubro de 2014, o Palmeiras lutava para fugir do rebaixamento, depois de ter contratado 20 jogadores. Na pausa para a Copa do Mundo, o alviverde tinha contratado o treinador argentino Ricardo Gareca; com 14,8% de aproveitamento no Brasileirão, o técnico foi demitido pelo desempenho desastroso.

A fuga do rebaixamento só veio na última rodada, com ajuda do Santos, que derrotou o Vitória, garantindo ao rival a 16ª colocação. Temporada péssima, mas, a essa altura, a situação fora de campo já tinha mudado drasticamente.

O Palmeiras entrou em 2015 com as receitas de televisão disponíveis, um programa sócio-torcedor com 88 mil participantes e o Allianz Parque. Nos primeiros meses do ano fechou um patrocínio master com a Crefisa. No futebol, trouxe Alexandre Mattos, diretor do Cruzeiro bicampeão brasileiro, que buscou 20 reforços - dez deles foram titulares e decisivos ao longo de quase todo o Paulistão..

Todos esses passos acabaram chegando neste domingo, com o vice-campeonato paulista. Perder nos pênaltis para o Santos foi frustrante, mas as vitórias diante do São Paulo no Allianz Parque e do Corinthians (também nos pênaltis no Itaquerão) mostraram um alviverde com cara de time competitivo para 2015. Depois de conhecer o fundo do poço em 2013, o Palmeiras, lentamente, cavou sua saída e começou a subir. Em março deste ano, registrou um lucro de R$ 12 milhões, e está no azul em R$ 5 milhões no acumulado de 2015. Depois de três anos, volta a andar com as próprias pernas.

Com bilheteria superior à R$ 20 milhões, o segundo maior programa de sócio-torcedor do país, um elenco que provou ser competitivo e uma nova saúde financeira (foi o único clube dos quatro grandes paulistas que não atrasou salários em 2015), o alviverde, mesmo sem ter começado a temporada com um título, finalmente entra com força no Brasileiro.