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Ricardo Oliveira e Robinho viram base de reconstrução do Santos

Do UOL, em São Paulo

04/05/2015 06h00

Quem via o Santos no início da temporada jamais imaginaria que o time chegaria em maio com o título do Campeonato Paulista. Depois de enfrentar uma grave crise financeira e de perder jogadores importantes, a equipe se reconstruiu e levantou a taça apoiada nas figuras de Ricardo Oliveira e Robinho.

Ricardo Oliveira chegou sob desconfiança da torcida no início do ano, mas logo conquistou uma vaga no time titular e se tornou peça fundamental no decorrer do estadual. O atacante marcou um gol na final e terminou a competição como o artilheiro do campeonato com onze gols.

Para coroar sua participação, recebeu o prêmio de melhor jogador do campeonato pela Federação Paulista. A aposta que era de risco se mostrou certeira, e Ricardo já teve o contrato renovado até dezembro de 2017.

Agora, ele só tem a comemorar. "Voltar depois de cinco anos nos Emirados Árabes, praticamente esquecido. Voltar 12 anos depois de disputar uma semifinal de Libertadores aqui. Voltar e honrar essa camisa, sentir essa emoção, ser artilheiro, ser campeão, não poderia ser melhor", disse, à TV Globo após o fim do jogo.

Já Robinho, em sua terceira passagem pelo clube, mais uma vez mostrou que tem estrela. Mesmo com a crise financeira, aceitou permanecer e disputar o Paulista para a alegria dos torcedores. Foi o grande nome da campanha e brilhou também na final ao infernizar a defesa palmeirense e dar uma assistência para o gol marcado por David Braz.

Fora de campo, comprovou mais uma vez que é líder e tem o grupo de meninos na mão. Nem mesmo o funk que gerou polêmica durante a semana ao dizer que o Santos seria campeão o atrapalhou. Na comemoração do título, ainda tirou onda ao improvisar um novo funk.

"Quando eu jogava na base, eu não tinha um vintém. Me desculpe os palmeirenses, mas não desrespeitei ninguém. Mando abraço pro são-paulino e pro corintiano, mas no Paulistão 2015 é meu Peixão que tá mandando", cantou aos microfones da Band. 

Foi apoiado pelos dois jogadores que o Santos conseguiu se reerguer. A aposta em um time de garotos deu certo e a troca de técnico em março, quando Enderson Moreira foi demitido e o então interino Marcelo Fernandes assumiu, foi superada.

O time pode se gabar de ter feito uma campanha bem sólida. Na fase de classificação, só teve uma derrota para a Ponte Preta e não perdeu um clássico sequer. Nas fases finais eliminou rivais de peso: o São Paulo na semifinal e o Palmeiras na decisão.

De fato, o clima de festa no Santos contrasta com o início da temporada. Muitos torceram o nariz para a chegada de Ricardo Oliveira, que foi contratado aos 34 para a sua segunda passagem pelo clube. Ele chegou ao clube com um contrato curto, apenas até o fim do Campeonato Paulista, e com um salário bem abaixo do valor de mercado.

Naquela época, o Santos enfrentava uma forte crise financeira. Sem conseguir pagar os salários em dia, o clube perdeu jogadores na Justiça – dois deles, Aranha e Arouca, foram para o Palmeiras. O alvinegro ainda sofre ações na Justiça de outros atletas, como Leandro Damião, emprestado ao Cruzeiro.

A crise foi piorada por não ter um patrocinador máster há três anos. O mau momento financeiro obrigou a diretoria a reduzir sua folha salarial em 50% nos primeiros meses deste ano. A folha do departamento de futebol caiu de R$ 6 milhões para R$ 3 milhões. Mas, mesmo com todos os problemas, a torcida pode comemorar.