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Menor final da história do Paulista teve improviso e nova rotina em Osasco

Santos-Audax - Diego Salgado/UOL Esporte - Diego Salgado/UOL Esporte
Arquibancadas têm apenas alguns degraus e estão a metros do gramado
Imagem: Diego Salgado/UOL Esporte

Diego Salgado

Do UOL, em Osasco

02/05/2016 07h15

"Pela primeira vez vi o estádio como estava hoje, foi um privilégio participar disso. Muito bom acontecer isso e ver a cidade respirar futebol", disse Fernando Diniz, treinador do Audax após o empate por 1 a 1 com o Santos em casa. O treinador repetiu, sem saber, a frase dita por dezenas de pessoas no dia em que Osasco recebeu a primeira partida da final do Paulistão -- a menor da história do campeonato, com 12.269 pagantes .

As mesmas palavras foram ditas e sentidas pelo vendedor ambulante Gilson Miranda, de 59 anos. "Tudo isso foi muito bom para a cidade", afirmou o senhor parado na rua próxima ao Estádio Prefeito José Liberatti, cravado entre as casas baixas do bairro Jardim Rochdale, na zona norte de Osasco. Ao lado dele, Ivanildo Fernandes, 58, concordava: "A cidade mudou, nunca vimos isso."

Pouco antes de a bola rolar, o locutor do acanhado estádio também bradou sobre o momento especial, para delírio dos mais de oito mil torcedores do Audax presentes ao local. "Osasco vai guardar com carinho esse momento", frisou.

De fato. A cidade colada à capital paulista vivia mesmo um dia diferente: os comerciantes, dezenas deles, não escondiam o sorriso. Não à toa havia camisas e bandeiras à venda por todas as partes, em todas as ruas no entorno do estádio. Segundo eles, a rotina mudou já nas quartas de final, contra o São Paulo, há 15 dias.

Audax-Santos - Diego Salgado/UOL Esporte - Diego Salgado/UOL Esporte
Ivanildo e Gilson vendem bandeiras
Imagem: Diego Salgado/UOL Esporte

No estádio, mais mudanças. No canto reservado ao dono do clube, Mário Teixeira, não havia a cerveja gelada no copo, tampouco o dirigente, que preferiu ficar longe para não sofrer com o nervosismo.

No lugar estava estacionado um food truck, algo inédito até o jogo contra o São Paulo. O veículo veio direto da Arena Corinthians, a fim de dar mais conforto e possibilidades aos torcedores acostumados à velha lanchonete do estádio, localizada logo à frente.

As cabines de imprensa também precisaram passar por uma remodelação. Eram quatro e viraram mais de dez depois que alguns camarotes foram adaptados aos jornalistas. Com isso, o trabalho era desempenhado em meio aos torcedores, com direito à interação (um deles me perguntou quanto havia terminado a final mineira entre América e Atlético).

Final histórica no José Liberatti

O jogo entre Audax e Santos entrou para a história do futebol paulista ao se tornar a final disputada no menor estádio -- essa é a 36ª edição com título disputado em partidas decisivas.

O confronto deste domingo teve público inferior ao registrado nas finais de 1990, entre Bragantino e Novorizontino. Bragança Paulista e Novo Horizonte receberam 15 mil espectadores em seus respectivos estádios.

Engana-se, porém, que o Estádio José Liberatti, inaugurado no fim de 1996, recebeu melhorias somente para a decisão entre Audax e Santos. Ao fim da edição 2014 do Paulistão, o local passou por uma reforma geral, com a construção de camarotes e da cobertura nas duas arquibancadas laterais.

O fato foi alvo de uma reclamação bem-humorada de alguns moradores da rua Aguaí. Com a estrutura, ficou impossível assistir às partidas da sacada em frente ao estádio. "Antes a gente conseguia ver. Agora temos de subir na laje", explicou Yann Santana, de 22 anos.

Na mesma rua, torcedores de Audax e Santos se misturavam, à procura do portão de entrada, sem qualquer registro de confusão. O fato também foi comemorado no dia especial; "O mais legal é que não tivemos um problema sequer com torcidas. Isso foi muito bom para a cidade também. Ficou uma imagem positiva", disse o comerciante Gilson.