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Defesa falha e SP toma 4 gols do Audax em 1ª derrota do técnico Ceni

José Eduardo Martins

Do UOL, em Barueri (SP)

05/02/2017 18h59

Na mesma Arena Barueri em que marcou seu 100º gol como goleiro em 2011, Rogério Ceni sofreu sua primeira derrota como treinador. Neste domingo, o Audax bateu o São Paulo por 4 a 2 e marcou negativamente o primeiro compromisso oficial do técnico tricolor no calendário brasileiro. Até então, o treinador havia disputado apenas a Flórida Cup, torneio amistoso nos Estados Unidos no qual empatou duas vezes e conquistou título contra o Corinthians nos pênaltis.

O Audax abriu dois gols de vantagem nos primeiros 10 minutos do primeiro tempo, com Marquinho e Pedro Carmona. O Tricolor foi às redes duas vezes com Chavez e empatou ainda antes do intervalo, aproveitando bronca de Fernando Diniz que parece ter desestabilizado o time de Osasco. No entanto, Felipe Rodrigues fez aos 9 da etapa complementar para garantir a vitória aos mandantes, e Pedro Carmona voltou a balançar a rede em cobrança de pênalti aos 29 para fechar a conta.

Rogério Ceni lamenta gol do Audax em sua estreia como treinador do São Paulo - Marcello Zambrana/AGIF - Marcello Zambrana/AGIF
Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Ceni promoveu duas mudanças em relação à equipe titular e campeã nos jogos da Florida Cup. O goleiro escolhido foi Sidão, com Denis no banco. Já na zaga, Douglas ganhou uma chance e Breno ficou como opção, com Rodrigo Caio adiantado como volante.

Apagão

Campeão paulista em 2016 diante do mesmo Audax de Fernando Diniz, o Santos de Dorival Júnior deixou o manual para quem quisesse superar o time de Osasco: posicionamento compacto e recuado. O São Paulo de Rogério Ceni fez o contrário no começo do jogo, uma vez que o técnico apostou inicialmente em uma defesa fechada com Maicon e Douglas – dois zagueiros de menor movimentação – e em um setor ofensivo veloz. Consequentemente, as linhas tricolores ficaram muito espaçadas e convidaram o adversário para a festa.

Lambança em portunhol

A bola não parecia tão ameaçadora quando espirrou na área do São Paulo aos cinco minutos. Porém, Maicon ficou para trás, Buffarini e Douglas bateram cabeça e ela sobrou redondinha pela direita para Marquinho, que só dominou e fuzilou a meta de Sidão para abrir o placar. Sua comemoração homenageou o garoto Tiago Linck, jovem embaixador do clube que nasceu sem os membros.

Quatro minutos depois, o golaço: os mesmos nomes do lance anterior voltaram a falhar enquanto assistiam a troca de passes do Audax, com direito a toque de calcanhar de Ytalo, culminando no chute rasteiro e no gol de Pedro Carmona.

Na etapa complementar, Bruno não subiu tanto quanto Felipe Rodrigues e viu os adversários comemorarem o terceiro tento, que já lhes devolvia a vantagem. Vinte minutos depois, Buffarini se complicou ainda mais ao cometer pênalti sobre Gabriel Leite, que havia acabado de entrar no lugar de Ytalo. Sidão não voltou a repetir o bom desempenho mostrado nos penais da Florida Cup: bola de um lado, goleiro do outro, e o quarto gol do Audax na rede.

Que bronca

O São Paulo encontrou menos dificuldades a partir do momento em que o time tricolor inteiro começou a subir para o ataque, diminuindo os espaços e buracos entre suas linhas. Foi assim que Cueva encontrou Chavez bem posicionado entre os zagueiros do Audax, que bobearam na linha de impedimento e deixaram o argentino livre para testar o goleiro Felipe Alves aos 29.

Antes que a bola voltasse a rolar no círculo central, as duas equipes aproveitaram a parada de hidratação para se reorganizarem junto aos seus treinadores. Diferente de Rogério Ceni, Fernando Diniz se exaltou e brigou bastante com seus defensores, em especial André Castro e Betinho.

Técnico Fernando Diniz se revolta com time do Audax após gol do São Paulo - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

O problema é que a bronca parece ter desestabilizado a zaga mandante, já que Chavez fez o que quis para passar pela marcação e só chutou cruzado para empatar aos 36. Constantemente exaltado, Fernando Diniz ainda foi expulso pela arbitragem no segundo tempo.

Ficou só na lembrança

“Voltar aqui a Barueri, estádio com bons jogos, boas histórias... Muito gostoso”, disse Ceni ao Premiere antes do apito inicial. No dia 27 de março de 2011, o então goleiro marcou em cobrança de falta o seu 100º gol sobre o Corinthians nesta mesma Arena Barueri. Por pouco, Cueva não repetiu os passos do comandante com boa cobrança de falta que explodiu no travessão - e os poucos torcedores nas arquibancadas "pediram" que a cobrança fosse executada por Rogério. Mas as lembranças desse domingo não devem entrar para o rol de favoritas de Rogério...

Como foi Sidão?

Sidão teve os direitos econômicos adquiridos pelo São Paulo junto ao... Próprio Audax. O goleiro disputou o último Campeonato Brasileiro emprestado ao Botafogo, mas esteve no elenco de Fernando Diniz que se sagrou vice-campeão paulista em 2016, eliminando o próprio Tricolor pelo caminho. Titular neste domingo com vantagem sobre Denis, o camisa 12 esteve tão desorientado nos dois primeiros gols adversários quanto o restante da zaga. Uma vez passado o susto inicial, fez boas defesas em chutes de longa distância e não voltou a comprometer.

Ytalo deixou saudade?

Contratado pelo São Paulo junto ao Audax em maio de 2016 como “reforço para a Libertadores”, o atacante Ytalo refez seu caminho e voltou a defender o time de Osasco. Neste domingo, o camisa 9 se limitou a participar das triangulações ofensivas de sua equipe, sem testar as luvas de Sidão. Mas o toque de calcanhar para o primeiro gol de Pedro Carmona foi muito bonito e deve trazer calafrios aos são-paulinos.

Dono da camisa 9

Apesar de ser o jogador do elenco que mais fez gols em 2016 (dez em 25 jogos), Chavéz era pressionado. Logo quando assumiu o comando do time, Rogério Ceni pediu a contratação de um centroavante. O clube negociou com Calleri, Colmán e sondou Nilmar. Agora, sonha com Lucas Pratto. Por outro lado, Gilberto ganhou chance nos testes de pré-temporada. Chavéz, por sua vez, recebeu propostas da China. Mas no primeiro jogo do estadual, o argentino deu conta do recado e marcou dois gols.

Boicote a Vampeta

A torcida são-paulina prometeu e cumpriu. Em represália ao presidente do Audax, o ex-jogador corintiano Vampeta, os tricolores não foram à Arena Barueri prestigiar a estreia de Rogério Ceni. Os torcedores ficaram revoltados com o fato de Vampeta querer lucrar com o jogo e colocar o ingresso mais barato a R$ 100. Com isso apenas 2.219 pessoas compareceram ao estádio. O gramado seco e com alguns buracos também chamou a atenção. A declaração do próprio ex-goleiro ao dizer que “o Morumbi sempre será o melhor palco para qualquer tipo de apresentação” reforça a ideia da torcida de considerar o jogo de domingo que vem (12) no Morumbi como a verdadeira estreia do ídolo.

Opinião: Menon

“Ceni errou na montagem do elenco. A postura de elogiar contratações que custaram R$ 300 mil soa bem para a diretoria, mas prejudica o time. O treinador precisa mudar agora, já que há dinheiro”.

FICHA TÉCNICA
AUDAX 4 X 2 SÃO PAULO

Data e hora: 05 de fevereiro de 2017, domingo, às 17h00 (de Brasília)
Local: Arena Barueri, em Barueri (SP)
Árbitro: Thiago Duarte Peixoto
Auxiliares: Marcelo Carvalho Van Gasse e Daniel Paulo Ziolli
Público e renda: 2.219 pessoas; R$ 102.288,00
Cartões amarelos: Pedro Carmona, André Castro (Audax); Rodrigo Caio (São Paulo)
Gols: Marquinho, aos cinco minutos, Pedro Carmona, aos nove do primeiro tempo e aos 29 do segundo, e Felipe Rodrigues, aos nove do segundo (Audax); Chavez, aos 29 e aos 36 do primeiro tempo (São Paulo)

AUDAX: Felipe Alves; Felipe Rodrigues, André Castro (Magal), Betinho e Marquinho; Danielzinho, Léo Artur e Pedro Carmona; Hugo, Denilson (Matheus Vargas) e Ytalo (Gabriel Leite)
Técnico: Fernando Diniz

SÃO PAULO: Sidão; Bruno, Maicon, Douglas (João Schimidt) e Buffarini; Rodrigo Caio, Thiago Mendes, Cueva, Wellington Nem (Cícero) e Luiz Araújo; Chavez (Gilberto)
Técnico: Rogério Ceni