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Carille agradece Mano, Tite e diz que se emociona com chance de título

NILTON FUKUDA/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: NILTON FUKUDA/ESTADÃO CONTEÚDO

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

05/05/2017 12h55

Anunciado no fim de dezembro, Fábio Carille praticamente não falou na entrevista ao lado do presidente Roberto de Andrade e do diretor de futebol Flávio Adauto. A mudança de comportamento no Corinthians, a dois dias da possível conquista do Campeonato Paulista, tem tudo a ver com a evolução do trabalho de Carille, que falou nesta sexta-feira com brincadeiras, gestos e convicção que não demonstrava quando rompeu a fronteira de auxiliar. 

Mais solto, com mais imposição, revelou se emocionar com o que tem vivido no comando técnico do Corinthians e fez agradecimentos a Mano Menezes e Tite, aqueles com quem trabalhou por maior período. Também confirmou a escalação do volante Camacho, premiado indiretamente com a suspensão de Rodriguinho. 

"É um sonho. Tem horas que a gente para pra pensar tudo que está acontecendo, em cima de tanta desconfiança...e a gente mirar o trabalho, a ideia, repetir, fechados do nosso jeito, e as coisas acontecendo muito positivamente. É de emocionar. Já deixei claro que não esperava começar a carreira em equipe desse tamanho. Achei que subiria degraus até uma equipe grande. Não sei dizer o sentimento, mas de grande felicidade em cima do que foi esse ano", disse Carille. 

"Tenho muitas pessoas para agradecer, começando pela diretoria que acreditou. Eles foram atrás de outros profissionais, não conseguiram, vocês sabem disso e eu também, e depois tomaram a decisão. Fora a diretoria e o presidente, [agradecer a] treinadores, que são Mano, que abriu as portas com Sidnei em 2009 para vir pra cá. Aprendi muito com eles, principalmente a organização de linha defensiva. Depois, com Tite, que é  um cara de uma forma de ser que sou muito parecido com ele. Se tivesse que falar, ia ficar até domingo agradecendo tantas pessoas que passaram pela minha vida. Vílson Taddei foi meu primeiro técnico como profissional em 1993 e me lembro do que ele falava", comentou. 

"Aqui o meu papel é ser verdadeiro com todos. Vou falar que é um privilégio começar a carreira com essa equipe e esse elenco. Falei isso ontem para todos. De entendimento, de saber o porquê das coisas, de se fazer isso. Vemos um correr pelo outro dentro do campo", descreveu ainda Carille. 

O volante Camacho, titular no domingo, recebeu palavras especiais. Ele perdeu o pai durante o Paulistão. "Se não tivesse acontecido, quem sabe ele não era o titular. Ele entrou com o Audax em um sábado, jogou muito bem, ganhamos 1 a 0, e a fatalidade aconteceu domingo. Ele ficou duas semanas fora, ia dar sequência com o Palmeiras, entrou o Maycon, a equipe se desenhou e foi embora. Ele pensou em desistir, era um momento difícil, conversamos de longe, com procuradores, com empresários, a família e as coisas acalmaram. Ele voltou depois. É um cara muito querido no grupo, que o grupo abraçou e deu forças. São coisas da vida, de momento, ele merece. Tem entrado em quase todos jogos, deu resposta boa", comentou. 

Confira o que declarou Fábio Carille:

O QUE PRIVILEGIOU NA SEMANA

Procurei manter a rotina de treinamentos. Claro que a cobrança com o grupo foi de concentração e um respeito maior. Sempre quando se consegue uma vitória como a de domingo, há um relaxamento natural. Foi [uma rotina] pregando respeito ao nosso trabalho e de que podemos fazer no domingo para fechar com uma grande vitória e conseguir o título.

ENTRADA DO CAMACHO

Com Camacho, ganha qualidade. Se engana quem pensa que ele é volante. Ele sempre foi meia, jogou como volante ano passado por necessidade. Por isso, mantenho dois armadores, que são Jadson e Camacho.

COMPARAÇÕES COM TITE

Não tenho vergonha alguma, ou receio de falar. Os treinamentos são todos abertos, estive durante cinco anos com Tite. Tudo era muito discutido, participei, então a linha de trabalho é a mesma. Participei do planejamento nesse período todo. As pessoas podem ir parando de falar dele, mas vai um tempo. Isso não me prejudica em momento algum, trato numa boa porque respeito muito e falo muito dele.

O QUE ESPERA DA PONTE PRETA

Temos equilíbrio é verdade. Sempre deixei claro da organização, do sistema defensivo, fizemos seis gols e levamos um. Quero melhorar ainda, vamos melhorar com trabalho. Espero a Ponte do mesmo jeito. Se fizer diferente, vai surpreender. É um time que joga em cima de erro, do contra-ataque, se fizer tantas mudanças pode ser risco. Mas estamos preparados para qualquer situação.

DEMISSÃO DE EDUARDO NO PALMEIRAS

Demissão não é só em cima de resultados. Nenhum de nós aqui vai saber o que aconteceu. Vai achar isso ou aquilo, mas realmente só lá dentro vão saber, o presidente, o diretor, o Eduardo. Ele tem números bons para o início, está quase classificado na Libertadores. Caiu no mata mata do Paulista porque é complicado, um jogo que não vai bem fica de fora. Entrou desconcentrado, é a verdade, e quando viu estava 2 a 0 para a Ponte Preta. Correr atrás é difícil, mas falar em cima de resultados não é merecedora [a demissão].