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Pressionado no SP, Dorival critica cultura do país: "fomenta essa situação"

José Eduardo Martins

Do UOL, em São Paulo

25/02/2018 19h52

Alvo das críticas e da pressão da torcida, Dorival Júnior permanece à frente do São Paulo. Após a terceira partida consecutiva sem vitória, no empate por 0 a 0, neste domingo, no Morumbi, contra a Ferroviária, ele foi mantido no cargo pela diretoria. O técnico fez questão de assumir a responsabilidade pelo mau momento, destacou o trabalho desenvolvido e criticou a cultura do futebol brasileiro.

""Em cima da cultura de futebol brasileiro, eu já teria saído. Uma ou duas derrotas são suficientes para queimar qualquer profissional. Confio na diretoria em tudo o que vem sendo falado. Acredito que desde o momento que cheguei no São Paulo, as coisas estão acontecendo. Temos um time confiável. Os resultados não mostram o nosso perfil", disse Dorival. 

"Eu sou o treinador do São Paulo, sou responsável pelos resultados e pelo momento. Não estamos satisfeitos, mas estamos trabalhando muito. Uma equipe que coloca a bola no chão, cria, chegamos quatro vezes ao gol, não é qualquer equipe que tem dez ou 12 escanteio a seu favor", completou o treinador.

Contratado para substituir Rogério Ceni, em julho do ano passado, ele dirigiu o time em 37 partidas (15 vitórias, 11 empates e 11 derrotas, com aproveitamento de 50,45%). O treinador acredita que poderá ver o Tricolor melhorar de rendimento e espera ter mais tempo para mostrar serviço.

"Não estou chegando em limite nenhum, chegar ao limite com jogadores estreando não bate bem. O limite para um treinador são só três meses, esse é o grande problema, temos de mudar esse contexto. Não tem como avaliar um trabalho com menos de um ano. Falo dos treinadores brasileiros, que não chegam a esse momento", afirmou o treinador.

Dorival chegou ao São Paulo em julho do ano passado, quando a equipe estava na zona do rebaixamento do Campeonato Brasileiro. Com boa participação de Hernanes e o apoio da torcida, o time escapou da Série B. Neste ano, o treinador teve algumas divergências com a diretoria por conta de contratações: apenas Valdívia havia sido indicado por ele. Mesmo assim, negou qualquer tipo de problema com a diretoria do clube e do voto de confiança que recebeu na temporada passada.

"No pior momento, confiaram no meu trabalho, e não foi ruim. Apresentamos alguma coisa que fez com que permanecêssemos no clube. Vamos encontrar um caminho. Se deixarem o São Paulo chegar, o peso será outro", afirmou Dorival.

Na última quinta-feira, após a derrota por 2 a 1 para o Ituano, foi realizada uma reunião entre o treinador e dirigentes do clube para discutir a situação. Antes, alguns torcedores já fizeram um protesto na porta do CT da Barra Funda para pedir a saída do técnico. Desta vez, ele foi alvo de vaias do público, que chegou a chamá-lo de burro.

"Não vejo uma situação assustadora. O número de pontos é baixíssimo e sou o principal responsável. É natural que as situações passem desapercebidas. Aquilo que falei sobre a equipe do São Paulo e, de modo geral, ainda não é o ideal. A equipe cria e produz. Ela tem paciência para poder jogar e dá poucas oportunidades para as equipes adversárias. É um país que se acostumou com tudo isso e fomenta essa situação a todo momento. Não acredito que tão cedo acontecerão mudanças nesse perfil que vimos há tantos e tantos anos", disse Dorival.