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De "mico" a artilheiro, Borja dá volta por cima e busca feito histórico

Borja e Willian comemoram gol do Palmeiras contra o Corinthians - Ale Frata/Código19/Estadão Conteúdo
Borja e Willian comemoram gol do Palmeiras contra o Corinthians Imagem: Ale Frata/Código19/Estadão Conteúdo

Thiago Rocha

Do UOL, em São Paulo

08/04/2018 04h00

Contratação mais cara da história do Palmeiras, o desempenho de Miguel Borja em 2017 deixou a impressão de que o investimento de 10,5 milhões de euros, ou R$ 43,3 milhões na cotação atual, teria sido em vão. Foram apenas dez gols marcados em 43 partidas, boa parte delas vindo do banco de reservas. Ano novo, vida nova. Por uma conjunção de fatores, o atacante colombiano vive fase iluminada, que pode ser premiada com a artilharia, e melhor, com o título do Campeonato Paulista.

Em menos de três meses, ou 13 jogos, o Borja versão 2018 triplicou a sua média de gols. Já marcou nove vezes, uma a menos do que produziu no ano passado inteiro. Sete deles saíram no torneio estadual, o que o coloca na liderança da tabela de goleadores. Se permanecer no topo, o colombiano de 25 anos se tornará o primeiro artilheiro estrangeiro da chamada "era profissional" do Paulistão - desde 1941, ano de fundação da Federação Paulista de Futebol.

Os outros dois gols saíram na Copa Libertadores, a "obsessão" dos palmeirenses. E em duas partidas, contra Junior Barranquilla e Alianza Lima. Média de um tento por duelo.

Um dos saldos mais positivos dos primeiros meses de trabalho de Roger Machado como técnico do Palmeiras, iniciado em janeiro, foi fazer a equipe render com Borja em campo. Mesmo preservando as principais características do jogador, de presença de área e finalização potente na curta/média distância, o colombiano se tornou mais participativo taticamente, com empenho na marcação à saída de bola adversária, algo que Cuca e Alberto Valentim, os antecessores no comando, não conseguiram extrair.

Com Cuca, aliás, Borja era um peixe fora d'água. Apático, sem confiança, precipitado, atabalhoado na defesa... Em dezembro, durante férias na Colômbia, o atacante chegou a dizer, em entrevista a uma rádio local, que não entendia as ordens do antigo treinador, mas via na chegada de Machado a chance para fazer jus ao que dele se esperava.

Problemas com ex-treinador à parte, Borja não pode reclamar de falta de apoio no Palmeiras. Sim, vez ou outra ouvia-se chiadeira por uma chance perdida ou uma substituição no segundo tempo, mas de modo geral, mesmo com escassez de gols, ele teve respaldo das arquibancadas. E trata-se da torcida do Palmeiras: inquieta, exigente e pouco tolerante com jogadores que demonstram pouco empenho ou deficiências técnicas acentuadas.

Era como se jogador e torcedores compartilhassem da mesma ansiedade para que tudo se encaixasse com o tempo. Em 2018, está dando certo. E se o resultado desse esforço coletivo culminar em título paulista em cima do Corinthians, o maior rival alviverde, já pode dar boa parte do milionário investimento como recuperado.

Para chegar a essa recompensa, o Palmeiras só precisa de um empate na final deste domingo (8), às 16h, no Allianz Parque. Assim, voltará a conquistar o título estadual depois de dez anos.

Inspiração russa

Nem só de Palmeiras vive o bom momento de Miguel Borja. Os gols em 2018 o voltaram a deixar em evidência para ser um dos 23 convocados pelo técnico José Pékerman para defender a seleção da Colômbia na Copa do Mundo da Rússia, com início em 14 de junho.

O atacante foi chamado para defender o país nos amistosos contra França e Austrália, em março, os últimos antes da divulgação lista para o Mundial. Borja, inclusive, perdeu um pênalti na partida contra os australianos, que terminou 0 a 0.

O setor ofensivo, no entanto, é o mais concorrido na seleção colombiana, tendo nomes à disposição como Falcao García (Monaco), Carlos Bacca (Villarreal), Teo Gutierrez (Junior Barranquilla), Duvan Zapata (Sampdoria) e Luís Muriel (Sevilla).

A Colômbia está no Grupo H da Copa, com Japão, Polônia e Senegal.