Funcionário nº1 da CBF relembra jovem Neymar: "chegou miudinho e careca"
Atual CEO e futuro presidente da CBF, Rogério Caboclo caminhava tranquilamente pelos corredores da Granja Comary cercado por dirigentes, patrocinadores e assessores que tentavam atrair um pouco de sua atenção durante a reinauguração do local, na última sexta-feira (19). Foi quando o chefe avistou um humilde personagem e deixou seus acompanhantes de lado: “ele merece, sabe tudo”, disse, antes de posar para uma foto. Tratava-se de Paulo César da Costa, o Paulinho, funcionário mais antigo da confederação.
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“Fiquei até emocionado, que honra”, comentou o responsável pelo estoque de medicamentos da concentração da seleção brasileira. “A honra é minha, você tem muita história aqui”, retribuiu Caboclo.
Com 59 anos de CBF e 76 de idade, Paulinho demonstrou certo nervosismo diante do mandatário. A relação com outras estrelas que passam pelo local, no entanto, é bem mais íntima.
“Conheci todo mundo aqui. Está vendo as cinco estrelas aqui da camisa?”, questiona, apontando para o escudo. “Eu vi todas. Passou todo mundo aqui. Pelé, Ronaldo, Ronaldinho, todos os meninos”, recorda o profissional que começou como contínuo, participou da comissão técnica de três Copas como massagista e hoje trabalha na área interna de suprimentos.
A estrela atual, por exemplo, tem espaço especial na memória de Paulinho. “O Neymar hoje está aí ganhando o mundo, mas lembro quando vi a primeira vez aqui na Granja, ainda nas seleções de base. Ele chegou miudinho, pequeno, ainda careca. Era bem magrinho, ainda quieto. Depois foi ganhando o pessoal, crescendo, agora com o cabelo maior. Mas sempre foi muito bacana”.
Samba na Granja
Sentado em uma sala próxima ao quarto dos jogadores e ao lado dos salões de jogos e videogame, Paulinho tem relação íntima com o dia a dia do grupo e acompanha de perto as histórias da seleção.
“É muito bacana ver esses meninos, torço por eles. Hoje tem o Neymar, o Thiago Silva, o Coutinho, antes tínhamos o Ronaldinho, o Ronaldo. Todos com a mesma alegria, as brincadeiras. E muito talento. Mais atrás, trabalhei com o Assis [irmão de Ronaldinho]. Se tem uma coisa que não mudou é o pagode. Assis e Ronaldinho chegavam com o pandeiro, hoje a meninada vem aquela caixinha de som”, disse o também sambista Paulinho.
Carioca do morro do Salgueiro, ele fez parte da ala da Velha-Guarda da famosa escola de samba carioca. “Fui criado no morro ao lado de gente como Almir Guineto. Gosto muito, é minha paixão. E eles sabem. Fico só olhando o samba dos meninos aqui, vendo se está tudo certo”, brincou Paulinho.
Guardião contra o doping
Contínuo, sambista e massagista, o funcionário mais antigo da CBF cuida de área importante. É ele o responsável por controlar os medicamentos na Granja.
“A garotada às vezes chega aqui e pede um remédio, uma coisa pequena. Eu não deixo, eles sabem que não pode. Passo tudo para os doutores [comissão médica]. Por conta do doping, não podemos liberar qualquer coisa. É tudo bem controlado”, contou o “guardião” que trabalha para evitar problemas maiores.
A função hoje é bem diferente e mostra bem a polivalência de Paulinho, que trabalhou em todas as áreas do “campo”.
“Cheguei com 16 anos como contínuo. Era CBD [Confederação Brasileira de Desportos] ainda. Pagava conta, entregava material, fazia tudo. Depois de um tempo, procurei um curso para massagista. Fiz, fui para a comissão técnica e participei das copas de 1982, 1986 e 1998. Foi legal demais. Convivi com o falecido Nocaute Jack, com Luizão, época boa. Depois fiquei fixo na Granja. Agora fico aqui mais quietinho”, disse o sempre sorridente “funcionário 01”, como é chamado por vários frequentadores de Teresópolis.
“Em dezembro completo 60 anos de casa. E vou ficando mais tempo, enquanto Deus e os chefes permitirem. Só queria que saísse mais uma estrela logo na camisa”, finalizou Paulinho.
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