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Na terra da aposta, Neymar é candidato a goleador e Brasil cola na Alemanha

Brasil e Alemanha aparecem como favoritos em casa de aposta inglesa - Ricardo Perrone/UOL
Brasil e Alemanha aparecem como favoritos em casa de aposta inglesa Imagem: Ricardo Perrone/UOL

Danilo Lavieri, Dassler Marques, João Henrique Marques, Pedro Ivo Almeida e Ricardo Perrone

Do UOL, em Londres e Barcelona

05/06/2018 04h00

Enquanto se preparam na Inglaterra, Neymar e seus colegas de seleção brasileira ajudam involuntariamente a movimentar um forte mercado inglês. Tanto o atacante como o time de Tite aparecem no topo de listas de favoritos na rua de Londres conhecida por aglomerar casas de apostas, que crescem às vésperas da Copa do Mundo na Rússia.

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No último domingo (3), a reportagem visitou oito desses locais na High Street North. Nas lojas físicas das redes especializadas em apostas na movimentada rua e em seus sites é possível constatar que nem o fato de estar se recuperando de uma cirurgia no pé direito abalou o favoritismo de Neymar, que ainda é dos mais bem cotados a artilheiro do Mundial.

Em quatro dos principais sites desse ramo, pelo menos três com casas na High Street, o atacante já estava entre os primeiros na lista para ser o goleador da Copa da Rússia. E isso antes mesmo de marcar um gol na vitória brasileira por 2 a 0 sobre a Croácia, em amistoso disputado no último domingo. Em dois deles, o brasileiro aparece como favorito empatado com Messi. Num desses casos, Griezmann também está no topo. Em outras duas casas, o camisa 10 de Tite fica atrás do argentino. Numa dessas cotações, perde também para o francês. Em todas, no entanto, aparece próximo do topo. 

Na Paddy Power, dona de pelo menos quatro lojas na rua das apostas, o brasileiro é visto como quem tem mais chances de ser eleito o melhor jogador do Mundial. Quem apostar no astro do PSG vai ganhar oito vezes o dinheiro arriscado se ele for o nome da Copa. Caso Messi ganhe o prêmio, quem acreditar nele embolsará nove vezes o valor colocado. No mundo das apostas, os favoritos são os que dão menos lucro aos apostadores.

Seleção cola na Alemanha como favorita

Nas mesmas bolsas, a seleção brasileira mostra força e alcançou a Alemanha como favorita ao título mundial. A vitória por 2 a 0 sobre a Croácia, justamente na Inglaterra, que pode ser considerada a terra das apostas em esportes, contribuiu para a equipe de Tite ameaçar o favoritismo que os alemães já ostentam há algum tempo.

Em três das quatro casas, Brasil e Alemanha estão empatados como quem paga menos em caso de título. Em uma delas, a seleção brasileira é favorita isolada. Na William Hill, de acordo com os dados desta segunda (4), quem apostar no time de Tite como campeão receberá quatro vezes o dinheiro apostado. Já os alemães devolvem o equivalente a 5,5 vezes.

Cara de quem perdeu dinheiro

Para se preparar com o objetivo de desbancar a Alemanha na Rússia, o Brasil buscou a tranquilidade do CT do Tottenham, no norte de Londres, que nada tem a ver com a agitada rua das apostas.

Cravadas entre lojas de produtos variados, as casas dedicadas aos apostadores na High Street North destoam do ambiente familiar numa tarde dominical na região, com forte presença muçulmana. Pais passeando com seus filhos não combinam com o ambiente frio e solitário que se encontra ao abrir as portas dos espaços destinados às apostas.

Casas de apostas anunciam palpites para a Copa do Mundo - Ricardo Perrone/UOL - Ricardo Perrone/UOL
Imagem: Ricardo Perrone/UOL

Com o crescimento do hábito de apostar pela internet, o público nas lojas diminuiu. No início da tarde de domingo, quando a reportagem visitou o local, a maioria tinha pouca gente. A preferência pelas apostas online, porém, não impede a presença de casas até da mesma rede, uma em frente da outra, na High Street North.

Dentro delas, o frequentador médio é homem, com mais de 45 anos e de cara amarrada. A maioria não parece estar se divertindo, mas tentando se recuperar de algum prejuízo. Um jornal com dicas é adereço popular.

Fala-se pouco por lá. Os olhos estão grudados nas TVs ou nas máquinas. Os televisores mostram, entre outros esportes, rúgbi, futebol, corrida de cavalos e até de cachorros, personagens de destaque nesses templos dos apostadores. A diversidade ajuda a entender a aposta como paixão nacional inglesa.

As máquinas permitem apostas com cartão de crédito. Para quem não é do ramo, fica difícil acompanhar o ritmo empregado por elas. Resultados online aparecem de um lado. Carinhas de jogadores, como Neymar, pipocam em outro canto da tela como chamariz para alguma aposta.

As opções vão muito além do tradicional “quem ganha o jogo e o título?”. Quem apostar que a Inglaterra não vai vencer jogos durante a Copa e acertar receberá 16 vezes o dinheiro investido. E para estimular os ingleses a colocarem dinheiro em sua seleção, existe uma promoção que devolve o montante apostado se a equipe perder a taça nos pênaltis. Dá até para apostar em quantos cartões amarelos e vermelhos serão distribuídos no Mundial.

Como funciona?

Os valores das cotações são definidos inicialmente com informações estatísticas. O primeiro passo é todo desenhado por computadores abastecidos com dados sobre as seleções. O ajuste humano, de especialistas do ramo, é realizado antes de a cotação ser levada ao mercado. Por fim, são os próprios investidores/apostadores que determinam os preços, ou seja, quanto maior o dinheiro aplicado, menor será a cotação.

Assim, a eventual troca de posto entre os favoritos é determinada pelo fator estatístico. A Alemanha, por exemplo, não venceu nenhum dos três amistosos em 2018 (empate com Espanha por 1 a 1 e derrotas para Brasil, por 1 a 0, e Áustria, por 2 a 1) e o Brasil venceu os três jogos realizados (3 a 1 contra Rússia e 2 a 0 contra Croácia, além do triunfo sobre os alemães). Nesse caso, um aumento no investimento da escolha “Brasil campeão” também contribuiu para a mudança de status do time de Tite.

No mercado de artilheiros, o princípio é o mesmo. Basicamente, os favoritos são os goleadores das seleções mais bem cotadas. E como Messi e Neymar, além de suas qualidades, são os cobradores de pênaltis de Argentina e Brasil, a busca por eles é maior.

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