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Copa 2018

Mão de ferro e censura reduzem ao mínimo protestos e violência na Rússia

A Guarda Nacional em Moscou - Christopher Furlong/Getty Images
A Guarda Nacional em Moscou Imagem: Christopher Furlong/Getty Images

Do UOL, em Moscou (RUS)

22/06/2018 04h00

Brasil-2014, a Fifa tem dificuldade para conter os vários cartazes em estádios com críticas à entidade e aos gastos com estádios a ponto de seguranças fazerem vista grossa. Rússia-2018, protestos em cidades-sedes levam à detenção por conta de decreto. Há ainda um maior rigor no combate à violência que mantém em níveis mínimos os casos nas sedes da Copa.

Anteriormente ao Mundial, a Rússia tinha uma preocupação grande com a possibilidade de atentados, assim como planejava passar uma boa imagem ao exterior. Essa combinação fez o presidente russo, Vladimir Putin, tomar uma série de de medidas para evitar qualquer incidente durante o Mundial.

Até agora tem funcionado. Nos estádios, não se viu nenhum protesto, e o presidente russo e a Fifa foram sonoramente aplaudidos na abertura. Fora das arenas, opositores da gestão de Putin têm sido tímidos em manifestações.

Os casos de violência, por sua vez, foram bastante reduzidos e de menor poder ofensivo. Não se verificou briga de holligans russos como se temia após as confusões que eles protagonizaram antes do Mundial. Veja ponto a ponto o que foi feito pelo governo russo:

Repressão aos hooligans

Antes da Copa, a FSB (Federal Security Services) procurou os principais hoolingans acusados de confusão e avisou que qualquer briga resultaria em severas punições. Segundo relatos dos hooligans, foi informado a eles que mesmo que não estivessem envolvidos na violência poderiam ser presos. Alguns foram aconselhados a sair do país durante o período do Mundial. Todos os fichados tiveram negados “FAN Ids” (identidade de torcedor) que possibilitariam a compra de ingressos.

Praça Vermelha, em Moscou - Jamie Squire - FIFA/FIFA via Getty Images - Jamie Squire - FIFA/FIFA via Getty Images
Praça Vermelha, em Moscou
Imagem: Jamie Squire - FIFA/FIFA via Getty Images

Censura a protestos

Um decreto do presidente Putin proibiu qualquer protesto em cidade-sedes durante o Mundial. Já houve detenções em algumas manifestações pequenas na Praça Vermelha. Dentro do estádio, não foi vista nenhuma faixa ou bandeira crítica seja ao governo, seja à Fifa, seguindo determinação da entidade. Agora, o líder da oposição Alexei Navalny convocou uma manifestação contra o aumento da idade para se aposentar para cidades onde não há Mundial, no dia 1º de julho. Ainda não se sabe se será atendido.

Crimes e relatórios

O governo russo também suspendeu a divulgação de relatórios sobre crimes em províncias para evitar notícias negativas. Até agora, houve oito estrangeiros presos por crimes como roubos de malas ou dinheiro em geral de outros turistas, segundo relato do jornal "Moscow Times". Houve ainda o atropelamento de oito pessoas por um motorista de táxi. Por enquanto, não há nenhuma informação de que foi um atentado terrorista: o taxista informou ter dirigido por 20 horas seguidas e por isso alegou ter dormido. A presença de policiais na rua é ostensiva, e há uma sensação de segurança.

Aparato do segurança

Com o temor de atentados, o governo russo implantou um rígido sistema de segurança. Há detectores de metal espalhados por estações de metrô e hotéis, além de, obviamente, as instalações Fifa. Além das revisões tradicionais de eventos da Fifa, há revistas pessoais no corpo e uma atenção particular com equipamentos eletrônicos, que são verificados pelos policiais. Assim como no caso dos hooligans, a agência de espionagem russa também fez um trabalho preventivo em relação a gangues de ladrões.

Torcedor credenciado

Uma medida que ajudou no monitoramento do público pelo governo russo foi a implantação do credenciamento para torcedores, isto é, o Fan ID. A estimativa é de que um milhão de pessoas têm suas credenciais com fotos, as quais são estimuladas a usar durante os eventos. A maioria dos torcedores tem aceitado bem a novidade e utilizam as credenciais no pescoço. Além de reduzir a violência, torna bem complicada a revenda de ingressos, já que há uma associação do ingresso com o número dos torcedores. Poucos cambistas têm sido vistos em volta do estádio.

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