Sufoco faz Tite ir contra própria filosofia e ousar nas substituições
A necessidade de vencer na Copa do Mundo tem feito Tite quebrar uma filosofia respeitada durante todo o seu trabalho à frente da seleção brasileira. Normalmente mais afeito a substituições que mantêm a estrutura tática, ele tem promovido alterações “ousadas”, que mudam de forma radical a forma de atuar da equipe.
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O último exemplo foi no suado triunfo sobre a Costa Rica, por 2 a 0, nesta sexta-feira (22), quando o comandante tirou Paulinho e colocou Roberto Firmino. Além de trocar um meio-campista por um atacante, apostou em dois atacantes mais centralizados. Outro sinal de mudança na estratégia foi o momento dessa alteração. O técnico mexeu na escalação no intervalo, sendo que, normalmente, faz as alterações durante o segundo tempo.
O estilo de jogo com Jesus e Firmino só havia sido testado por alguns minutos na vitória contra o Chile, pelas Eliminatórias da Copa. Essa partida também marcou a primeira substituição em que Tite investiu em atletas que desempenham papéis diferentes em campo, tirando Paulinho para a entrada de Firmino.
"A gente tem um tempo junto com os atletas, e as características fazem com que você possa arriscar a execução de uma função. Estudamos bastante o Firmino na posição que ele tem, [diante do] adversário com uma linha de cinco e uma de quatro. E nisso estão inseridas as virtudes que ele tem ali. Conversamos, não treinamos, mas preparamos o atleta para essa função”, iniciou o técnico.
"Chamei ele: 'A gente vai criando algumas alternativas táticas'. Quando mostrei para ele no quadro ele abriu um sorriso: 'Professor, eu gosto de jogar ali, eu tenho essa condição'. A gente está descobrindo as características do atleta", completou.
Depois de fazer 1 a 0 nesta sexta-feira, já nos acréscimos do segundo tempo, o técnico voltou a promover troca de atletas que cumprem funções totalmente diferentes: tirou Gabriel Jesus e colocou Fernandinho.
Além das trocas contra Costa Rica e Chile, Tite só havia mudado o time radicalmente durante um jogo em mais uma ocasião: no amistoso do início deste mês, contra a Croácia. Naquela oportunidade, ele tirou Fernandinho para a entrada de Neymar, alterando o time do 4-3-3 para o 4-1-4-1.
No jogo diante dos croatas, o camisa 10 retornava aos gramados após operar o pé direito e só tinha condições de atuar por 45 minutos. Por isso, começou no banco de reservas e já sabia que atuaria na etapa complementar.
Tite também já havia feito algumas trocas em jogadores que atuam em funções parecidas, mas com responsabilidades diferentes. Contra a Suíça, na estreia na Copa, ele colocou Renato Augusto no lugar de Paulinho. Embora os dois recebam a nomenclatura de “meio-campistas”, o primeiro tem mais a função de articulador e com menos chegada na área, enquanto o segundo tem muito mais presença no ataque.
Durante toda a sua trajetória de 23 jogos pela seleção, o treinador promoveu 38 trocas em partidas oficiais e 44 em amistosos, totalizando 82 substituições. Na maioria esmagadora delas, fez mudanças de “seis por meia dúzia”, como diz o jargão do futebol: 67.
Em 11 delas, o técnico trocou atletas que podem entrar na mesma faixa de campo, mas têm atributos diferentes, como nas vezes em que tirou Philippe Coutinho para a entrada de Fred, por exemplo. E, em apenas quatro, fez trocas entre jogadores que atuam em faixas completamente diferentes, como nas entradas de Firmino no lugar de Paulinho e de Fernandinho no de Jesus.
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