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Vitória suada mostra que, para o bem ou para o mal, Kroos manda na Alemanha

Toni Kroos é acompanhado por Marco Reus em comemoração de gol da Alemanha sobre a Suécia - Michael Dalder/Reuters
Toni Kroos é acompanhado por Marco Reus em comemoração de gol da Alemanha sobre a Suécia Imagem: Michael Dalder/Reuters

Danilo Lavieri e Dassler Marques

Do UOL, em Sochi (Rússia)

23/06/2018 17h51

Dois jogadores na barreira, outros cinco em linha, o goleiro bem posicionado e o ângulo fechado para a batida. Nas costas, o peso de ser o jogador mais importante da equipe e a situação na Copa do Mundo em risco. Toni Kroos ignorou tudo isso, inclusive sua incomum falha que permitiu o gol adversário, para acertar um chutaço aos 95 minutos de jogo e colocar a Alemanha de volta ao Mundial. 

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Neste sábado (23), graças principalmente ao meio-campista do Real Madrid, os alemães encontraram a vitória por 2 a 1 sobre a Suécia, em Sochi. O lance que definiu o jogo, uma tacada de mestre de Kroos, já entrou para a galeria dos mais marcantes desse Mundial. Definida depois de três ameaçadas e um chute de curva,  que passou a centímetros das costas de Sebastian Larsson, um dos suecos na barreira, e fez o goleiro Robin Olsen se sentir impotente diante de bola tão venenosa. O cálculo foi tão milimétrico que Toni pediu a Reus, que ajeitou a bola, desse um passo para o lado antes de rolar, aumentando um pouco o ângulo para a batida.

Anotado no quinto minuto dos acréscimos, o gol de Kroos foi o mais tardio da gigante história da Alemanha nas Copas. Isso, claro, se excluídas prorrogações e o inesquecível gol de Mario Götze, há quatro anos, no Maracanã. Um prêmio a um dos mais criticados jogadores na equipe, e principalmente meio-campo, instável de Joachim Löw. 

Diferentemente de Khedira e Özil, barrados depois de uma estreia abaixo da crítica contra o México, Kroos foi bancado pelo treinador e ganhou as companhias de Marco Reus e Rudy, substituído por Gündogan na etapa inicial depois de uma pancada no nariz. A missão de levar o time à frente com um discreto Thomas Müller como companheiro mais experiente pesou sobre os ombros de Toni, para quem a crítica alemã também tem apontado sua mira. Se Luka Modric e Cristiano Ronaldo têm brilhado tanto na Rússia, como o outro galáctico poderia jogar tão pouco contra o México? 

As coisas se tornaram piores para o campeão mundial de 2014, e tricampeão europeu pelo Real Madrid, no primeiro tempo para se esquecer no Fisht Stadium. Em uma saída de bola simples, que ele não costuma errar, Marcus Berg recuperou, lançou na ponta e, enquanto Kroos corria para a área e via a bola passar por cima de sua cabeça, Toivonen abriu o placar. Mais peso sobre os ombros de Toni, que depois ouviria bronca de Manuel Neuer por errar outro passe crucial e gerar contra-ataque sueco. 

Diferentemente de Schweinsteiger, que era coração e pulmão da Alemanha até 2014, Kroos precisou resolver à sua maneira. Jogo mais posicionado, como é sua característica, e a qualidade na batida da bola como maiores virtudes. Eixo do meio-campo, começou a ser mais assertivo: um cruzamento perigoso para Müller, um drible e um chute de canhota que esbarrou em um sueco, outra bola alçada com precisão para Gómez quase desempatar de cabeça...nada dava acerto, até a tacada de mestre para vencer oito suecos e, quem sabe, mudar o rumo alemão na Rússia.

As estatísticas oficiais da Fifa ilustram bem como Kroos comandou o jogo do seu jeito, apesar dos erros pontuais e nada característicos de passe que quase custaram caro. Ele foi, de longe, quem mais tocou na bola na partida: 121 passes certos em 127 tentativas, um índice de acerto de 95%. Além disso, não foram apenas toques curtos e fáceis. Ele arriscou bastante, e acertou bastante também. Conseguiu 100% de sucesso nos 20 passes longos que tentou, e o jogador que Kroos mais procurou foi justamente Marco Reus, um atacante, com 19 passes para o companheiro.

"Fiquei bastante aliviado pelo gol. Ele (Kroos) errou na hora do gol da Suécia, foi um azar. Mas ele fez algo muito bem, que foi o gol no último minuto. Fiquei feliz com ele. Ele normalmente acerta 100% dos passes e fico bastante agradecido por ele ter conseguido essa virada", aprovou Joachim Löw. 

O volante do Real Madrid também foi reverenciado por Marco Reus, autor do primeiro gol alemão. "A gente viu várias vezes que nos últimos cinco minutos e nos acréscimos vários gols são marcados. Nos últimos 10 minutos, a gente tentou manter a pressão. Estávamos querendo ganhar muito a partida. O Kroos colocou a bola daquele jeito e é incrível. Ele já tinha mostrado o talento em outras vezes, mas agora foi incrível. Ele merece o respeito por ter feito daquele jeito".

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