Topo

Panamá

Sonhando com vodca, técnico "sincerão" tenta evitar eliminação do Panamá

Hernán Darío Gómez foi aos Mundiais de 1990, 1994, 1998 e 2002; contratado pelo Panamá, conquistou vaga inédita - Francois Lenoir/Reuters
Hernán Darío Gómez foi aos Mundiais de 1990, 1994, 1998 e 2002; contratado pelo Panamá, conquistou vaga inédita Imagem: Francois Lenoir/Reuters

Do UOL, em São Paulo

23/06/2018 21h00

Ficou mais difícil para que Hernán Darío Gómez beba improváveis duas garrafas de vodca por conta própria na Rússia.

Simule os classificados e o mata-mata do Mundial
- Neymar S/A: a engrenagem por trás do maior jogador de futebol do Brasil
- De ídolo a homem de negócios, Ronaldo tem tudo a ver com a seleção atual

Aos 62 anos, o técnico colombiano que comanda da seleção do Panamá na Copa do Mundo de 2018 fez a inusitada promessa em questão para o caso de sua equipe avançar às oitavas de final da competição. Só que, na estreia do time pelo Grupo G do torneio, nesta segunda-feira, Gómez viu uma derrota por 3 a 0 para a Bélgica, depois de um promissor empate por 0 a 0 no primeiro tempo.

Apesar do resultado, o treinador viu aspectos positivos no jogo em Sochi. Especialmente porque, para ele, as duas seleções vivem momentos técnicos bastante distintos.

“A diferença entre Bélgica e Panamá no futebol é mais do que três gols”, disse o colombiano em entrevista coletiva. “É um resultado que pode não ser positivo, mas que não é tão exagerado como se pensava se você levar em conta a diferença da história da equipe belga, das Copas do Mundo em que já estiveram”, analisou.

De fato, as estatísticas apontaram superioridade europeia em boa parte do jogo. O time de Roberto Martínez teve 61% de posse de bola (contra 39%), chutou 15 vezes (contra seis), sendo seis a gol (contra dois), e trocou 544 passes (contra 317), acertando 89% deles (contra 82%). Só que os centro-americanos equilibraram em outros critérios, principalmente defensivos: foram 38 roubadas de bola (contra 41) e 29 afastadas (contra 12). Os dados são da Fifa.

Com um time encurralado, coube a Gómez festejar o que pôde. “Por alguns momentos, fomos parelhos em campo. É um bom trabalho com um resultado que qualquer um poderia pensar que poderia ser uma vitória de sete gols, e que é um 3 a 0, ainda que ninguém goste de perder”, afirmou.

Agora, o Panamá tem mais uma missão dura caso treinador ainda planeje beber sozinho as tais garrafas de vodca: neste domingo (24), precisa vencer a Inglaterra, que estreou batendo a Tunísia. O jogo acontece em Nizhny Novgorod e começa às 9h (horário de Brasília).

Para este jogo, a seleção inglesa goza de uma situação confortável: venceu a Tunísia por 2 a 1 na estreia, e se classificará para as oitavas de final em caso de vitória - resultado que eliminaria os panamenhos.

O principal para o problema Gareth Southgate em campo é o meia Dele Alli, que sentiu uma lesão na coxa diante dos tunisianos. Examinado, corre risco de ficar fora da partida.

“Esse nome não me é estranho...”

E se você acha que reconheceu o nome do treinador do Panamá de algum lugar, não se espante: de fato, Gómez é um velho conhecido das torcidas latino-americanas. Volante do Atlético Nacional na primeira metade da década de 80, aposentou-se dos gramados por conta de lesões. Tornou-se então auxiliar técnico de Francisco Maturana, que levou justamente o time de Medellín ao título da Copa Libertadores da América de 1989.

Em 1991, coube ao próprio Gómez assumir o comando da equipe, na qual ficou até 1993. E quando Francisco Maturana deixou o comando da seleção colombiana no fim de 1994, Gómez – auxiliar técnico da Colômbia nas Copas de 1990 e 1994, além de técnico da seleção na Olimpíada de 1992, em Barcelona – foi escolhido para sucedê-lo.

Hernán Dario Gomez 1997 - Pascal Rondeau/Allsport/Getty Images - Pascal Rondeau/Allsport/Getty Images
Hernán Darío Gomez assumiu a seleção colombiana para a disputa da Copa de 1998; depois, passou por Equador e Guatemala, antes de voltar à Colômbia
Imagem: Pascal Rondeau/Allsport/Getty Images
À frente do time, disputou a Copa América de 1995 (foi terceiro lugar) e de 1997, além da Copa do Mundo de 1998. Foi então para a seleção do Equador, no qual esteve entre 1999 e 2004, conquistando como principal resultado a classificação à Copa do Mundo de 2002 – feito inédito até então.

Considerado um técnico de personalidade expansiva, Hernán Darío Gómez ainda comandou a Guatemala (de 2006 a 2008) e novamente a Colômbia (de 2010 a 2011). Em fevereiro de 2014, foi anunciado como treinador da seleção do Panamá com a missão de conquistar uma vaga na Copa de 2018 – o time bateu na trave no Mundial de 2014. Conseguiu de novo.

E mesmo com tanta experiência, ainda sentiu a ansiedade antes do jogo contra os belgas. “São emoções muito fortes. É minha quinta Copa do Mundo (1990, 1994, 1998, 2002 e 2018) e me senti com sensação como se fossem o primeiro”, disse o colombiano, que não dormiu na noite de domingo para segunda-feira.

Agressor confesso

Só que nem tudo é motivo de celebração na vida de Hernán Darío Gómez. Em agosto de 2011, durante sua segunda passagem à frente da Colômbia, o técnico foi acusado de agredir uma mulher em uma casa noturna de Bogotá. Em nota oficial, reconheceu a agressão e pediu desculpas.

“Frente ao incidente pessoal ocorrido (...), quero manifestar publicamente que lamento profundamente o ocorrido e o fato de ter perdido o controle da forma que o fiz”, declarou. “Como vocês sabem, sempre fui defensor da mulher, a quem admiro e respeito. Este ato me envergonha diante de minha mãe, de minha esposa e de todas e cada mulher de minha família e de meu país.”

Segundo testemunhas citadas pelo jornal Vanguardia Liberal na ocasião, Gómez foi insultado por uma mulher no bar “em aparente estado de embriaguez”. A mulher, que acompanhava o próprio técnico no local, foi atingida duas vezes. Diante da repercussão do caso, o treinador deixou o comando da seleção da Colômbia poucos dias depois.

Panamá