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Candidato a melhor da Copa, Modric inaugura categoria 'craque-transpiração'

Modric é o motor da Croácia, mas também é o cérebro do time - Franck Fife/AFP
Modric é o motor da Croácia, mas também é o cérebro do time
Imagem: Franck Fife/AFP

Rodrigo Mattos

Do UOL, em Moscou (Rússia)

14/07/2018 04h00

Eram 14 minutos do segundo tempo da prorrogação da semifinal contra a Inglaterra quando Modric foi substituído. Das arquibancadas croatas, explode o grito de "Luka, Luka", referência ao primeiro nome do camisa 10. Não era apenas um agradecimento ao jogador mais talentoso da finalista Croácia e candidato a craque do Mundial: era também um reconhecimento de quanto ele se esforça por seu time. Assim, ofuscou outras estrelas como Neymar, Cristiano Ronaldo ou Messi.

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Os números mostram que Modric é o jogador que mais correu na Copa-2018 com um total de 63 km. Obviamente, o fato de a Croácia ter disputado três prorrogações tem peso neste cenário. Mas ele foi o croata que mais percorreu espaços nesses jogos.

Até porque ele ficou 643 minutos em campo neste Mundial, isto é, dez horas ou sete partidas de futebol inteiras. Lembremos que a Croácia disputou seis jogos na competição, e Modric ficou quase o tempo inteiro em campo.

Luka Modric comemora classificação da Croácia após vitória sobre a Inglaterra - Mladen Antonov/AFP - Mladen Antonov/AFP
Modric é o terceiro jogador que mais dá passes na Copa e o primeiro da Croácia
Imagem: Mladen Antonov/AFP

E não é que foi simplesmente um carregador de piano correndo de um lado para o outro. Modric é o jogador que mais dá passes na Croácia, e o terceiro na Copa do Mundo. Foram 368 passes completados.

São esses passes que dão o ritmo ao seu time, desde toques curtos para manter avanço ofensivo e ter posse de bola a viradas de jogo que pegam a defesa rival desarmada. Sua área de atuação, mostrada pelo mapa de calor da Fifa, é de uma área à outra, pela faixa mais à direita do campo. Repete assim meio-campistas como Xavi, Iniesta ou Kroos em Copas anteriores que ditavam o ritmo de jogo. A diferença é sua postura incansável.

O reconhecimento da arquibancada é uma extensão do que acontece no grupo croata. O técnico Zlatko Dalic já defendeu algumas vezes que Modric vive seu melhor momento e merece ser eleito pela Fifa o craque do Mundial. Mesma posição já adotou o centroavante Mandzukic quando falou do assunto. Para referendar suas opiniões, o camisa 10 ainda fez dois gols, o mais belo deles em chute de longe contra a Argentina.

Quatro vezes campeão da Liga dos Campeões pelo Real Madrid, Modric sempre foi reconhecido como jogador de excepcional talento e essencial para o desempenho do time. Sua postura discreta fora de campo e a natureza estelar de Cristiano Ronaldo, no entanto, sempre o deixaram como um coadjuvante de luxo na equipe espanhola. Na Copa-2018, o craque solidário croata subiu ao palco, quem sabe ao topo dele.

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