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Para "sobreviver" no Corinthians, Gralak conta como peitou Marcelinho e Ronaldo

Tupãzinho, Viola e Gralak durante o treino do Corinthians no final de 1994 - Folhapress
Tupãzinho, Viola e Gralak durante o treino do Corinthians no final de 1994 Imagem: Folhapress

Renan Prates

Em São Paulo

02/06/2011 07h00

Gralak é aquele tipo de jogador que ficou marcado mais pelo que deixou de fazer do que pelos seus feitos no Corinthians. O zagueiro se caracterizou pelas bombas que soltava nas cobranças de falta e pelos laterais que iam até a área do adversário, mas teve seu desempenho contestado por críticos da época e até pela torcida. Em entrevista ao UOL Esporte, o agora dono de um apart hotel em Curitiba falou sobre o fato, além de relembrar rusgas que teve com o então goleiro Ronaldo Giovanelli e o meia Marcelinho Carioca na sua passagem pelo clube em 1994.

'RESPONSÁVEL' PELO TÍTULO DA COPA BR

  • Lalo de Almeida/Folhapress

    “Só a minha passagem pelo Corinthians que não foi boa. Nos outros lugares que passei, Paraná Clube, Coritiba, França fui bem. Infelizmente não me dei bem no Corinthians. Até hoje muita gente fala, mas fiz minha parte, coloquei meu nome na história. Se não fosse por mim, o Corinthians não tinha ganho a Copa do Brasil. Fiz o gol do titulo da Copa Bandeirantes, que dava acesso para o torneio”.

“Teve um episódio onde ele [Marcelinho] deu entrevista para emissoras de rádio dizendo eu estava desunindo o grupo...na reapresentação eu vi que ele estava dando entrevista, cheguei perto para ouvir e ele negou as declarações. Depois fui conversar com ele, que me falou que aquilo que divulgaram não era verdade”, recordou.

Questionado pela reportagem se achava que Marcelinho tinha se intimidado com a sua atitude de tirar satisfação, o ex-jogador respondeu que sim. “Cada um tem sua consciência. Infelizmente no futebol existem pessoas e pessoas”, disparou.

Sobre Ronaldo, Gralak recordou a célebre passagem que um o eterno ídolo do Corinthians o aplaudiu após o time ter sofrido um gol no clássico contra o Santos. Apesar de ter resolvido a situação no mesmo dia, ele não gostou da atitude do goleiro.

“A gente acabou discutindo dentro de campo, mas fora ele pediu desculpa, disse que estava nervoso e morreu ali o assunto. Essas coisas acontecem porque no grupo todo mundo quer ganhar. Ele quis fazer aquilo, mas não pensou no que estava fazendo”.

Confira trechos da entrevista com Gralak:

Má fase no Corinthians?

“Fui bem dentro daquilo para que fui contratado. Tentei fazer aquilo que podia, mas dentro de um clube com torcida de massa, às vezes não se agrada a todo mundo”.

RECONHECIDO ATÉ NA ARGENTINA

  • Arquivo Pessoal

    "Fizemos uma excursão para Buenos Aires. Fomos até o estádio do Boca Juniors e tinha alguém com a camisa do Corinthians, vieram me pedir autógrafo, tirar foto comigo. Eles falam do chute, um deles lembrou do título da Copa dos Bandeirantes. É gratificante ser lembrado. Semana passada passei por São Paulo, mas passei despercebido. Estou gordo já, tranquilo [risos]".

Comentaristas premeditados

“O comentarista já ia pronto para me criticar. Tentei fazer minha parte, meu melhor. Se muitas pessoas não gostaram, outras gostaram”.

“Tinham jornais ali que não dava para entender. A gente vinha, fazia gols e mesmo assim era criticado, não sei se por amor ou raiva ao clube. Não me lembro [de quem o criticava]. Mas não vale nem lembrar o nome dessas pessoas”.

Gralak no futebol atual

“É difícil falar, pois a gente está falando de 18 anos atrás. O futebol é dinâmico: se der bobeira, passam por cima. O lateral do Coritiba que vai jogar a final da Copa do Brasil [Jonas] faz arremesso lateral na área como eu fazia na minha época. Mas antes de eu fazer isso o Djalma [Santos] fazia, o Vavá zagueiro do Coritiba fazia”.

“O Réver é um zagueiro que tem pouco daquilo que eu fazia. É grandão também, mas tem mais velocidade do que eu tinha na época. O Pereira é um jogador que pelo tamanho dele está se saindo muito bem nos clubes que passou”.

Técnica para cobrança de falta e lateral

“O segredo do pênalti e falta é bater forte. A cobrança lateral já vinha fazendo desde os tempos da escola. Até hoje brinco que tenho medalha até de dominó. Tinha medalha de lançamento de dardo, peso, disco, tinha essa facilidade. Tudo surgiu em um treinamento júnior, quando bati lateral com a bola na área. Fiz isso ficar mais frequente, mantive essa prática na minha carreira”.

Maior bomba do Brasil?

“Isso deu muito pano pra manga. A Rede Globo fez um teste de radar. O meu nunca saía, depois que saiu fiz 109 km por hora. Um ano depois na França eu fiz com o pé esquerdo 106 km e com o direito 132. Não sei de onde a Globo tirou isso. O Roberto [Carlos] é um grande jogador. Pelo tamanho dele, porte físico avantajado, chuta muito bem”.

Gozação em Zetti

“Esses dias teve um jogo aqui beneficente, em que vieram o Zico, Alcindo, Romário, vários ex-jogadores famosos para ajudar as vítimas do tsunami no Japão. O Zetti veio, tirei sarro dele lá. Comentei que ele esperou o Marcelinho [Carioca] bater colocado, aí veio aquela bola forte. Ele confessou que esperava que o Marcelinho colocasse a bola por cima. Quando viu que eu bati, ainda tentou colocar mão na bola, sem sucesso”.

Silvio Luiz ‘cabeça de melancia’

“Meu pai era proprietário de um açougue. Muita gente falava que eu batia lateral na área porque carregava traseiro de boi. O Sílvio Luiz [narrador da RedeTV] falava que eu treinava com melancia. Só se fosse com melancia na cabeça dele (risos)”.