De olho no futuro, boleiros investem em restaurantes, livraria e até bolsa de valores
Já virou senso comum que jogadores de futebol ganham rios de dinheiro e muitos deles gastam sem qualquer cerimônia com carros, roupas, mulheres e outras futilidades. Mas este cenário vem mudando ao longo dos anos. Os atletas estão cada vez mais preocupados com o futuro e fazem investimentos para fazer render o dinheiro conquistado com o esporte.
NEGÓCIOS INUSITADOS DOS JOGADORES
LOJA ECOLÓGICA CHAMA ATENÇÃO NO SUL No Rio Grande do Sul, a preocupação com o meio ambiente se tornou uma prioridade na hora de abrir um negócio. O goleiro Lauro mostrou seu engajamento com as questões ecológicas ao inaugurar uma loja utilizando materiais reciclados. As araras são feitas com corrimão de ônibus e os decks construídos a partir de casca de arroz. A franquia da Container reúne várias grifes da moda mundial na Zona Sul de Porto Alegre. |
PROBLEMA CARDÍACO DÁ INÍCIO A LIVRARIA O já aposentado Washington inaugurou uma livraria e uma construtora em Caxias do Sul, onde vive a sua mãe. O ex-atacante teve a ideia de abrir o negócio em 2003, quando precisou interromper a carreira por problemas no coração. "Além de gostar de ler, pensei na necessidade da cidade. Caxias precisava de uma livraria nova". |
Imóveis, fazendas, grupos musicais, marcas de roupas, restaurantes e até bolsa de valores: são vários os interesses dos ‘novos empresários’. Cada vez mais bem assessorados, eles adquiriram consciência de que a carreira é curta e é preciso pensar na família e na vida após pendurar a chuteira.
O zagueiro Paulo André foge do estereótipo do jogador de futebol e é exemplo de um profissional engajado. Ele luta pelos direitos dos atletas e até faz um trabalho de consultoria para auxiliar os colegas a investir de maneira segura e eficiente.
Sua especialidade é a bolsa de valores. Os termos técnicos e o stress dos pregões parecem bem distantes da alegria e espontaneidade do futebol, mas para o corintiano podem andar, ou melhor, trabalhar juntos. Até nas pausas dos treinamentos, ele monitora o pregão do Ibovespa pelo laptop, prática que aprendeu quando atuava no futebol francês e já ‘contaminou’ colegas como Ronaldo Fenômeno, Iarley e o aposentado William.
Há quem esteja bem longe do mercado financeiro, mas também se preocupar em valorizar seu ‘ganha-pão’. O goleiro Fabio não divide sua atenção apenas entre a meta do Cruzeiro e as listas de convocação de Mano Menezes. Esbanja conhecimento em negócios que vão desde a construção civil até gado.
O arqueiro é proprietário de uma rede de flats em Belo Horizonte e tem fazendas nos Estados do Paraná e Mato Grosso, sua terra natal. Fabio comercializa laticínios em parceria com um supermercado da capital mineira e investe em gado para corte: compra os bezerros, faz a ‘engorda’ e depois os vende.
“Em negócios, você tem de diversificar o máximo possível e em várias áreas para ter lucro. Não podemos investir apenas numa coisa. No caso dos imóveis, a gente vê que tem futuro hoteleiro e investe. É feita uma pesquisa onde há crescimento e é analisada a rede hoteleira. Acho que é um bom investimento”, disse.
EX-JOGADORES VIRAM EMPRESÁRIOS
Entre os ex-jogadores, o maior exemplo de empresário é Ronaldo. O Fenômeno tem a 9ine como carro-chefe. A empresa de marketing esportivo cuida da imagem de craques como o santista Neymar e Lucas, do São Paulo, Falcão, do futsal, e o lutador de MMA Anderson Silva. O maior artilheiro da história das Copas também atua em outras áreas: possui imóveis, investe na bolsa de valores e é sócio de uma importante academia.
Outros colegas que penduraram a chuteira seguem o exemplo. Recentemente, o pentacampeão mundial Junior abriu um restaurante internacional que tem a culinária francesa como especialidade, em Belo Horizonte. Já Petkovic tem uma pizzaria no Rio de Janeiro, enquanto Fábio Luciano optou por um restaurante na cidade de Vinhedo-SP.- LEIA MAIS SOBRE A SELEÇÃO BRASILEIRA NO UOL
Na mesma cidade, mas do outro lado da Lagoa, Mancini também faz seu pé de meia antes de encerrar a carreira. O empreendimento escolhido chama a atenção por ser inusitado. O meia do Atlético-MG se juntou a quatro sócios e abriu um restaurante fast food de comidas típicas da Turquia e Grécia, o Gyrus, que ele pretende expandir para outras cidades.
O jogador dá até uma de garoto-propaganda e indica o Kebab, um prato oriental à base de carne que é a especialidade da casa. “Decidimos investir nesse tipo de culinária porque não tem em Belo Horizonte. Fizemos muitos estudos para poder implantar aqui essa marca que é muito encontrada na Alemanha”, disse.
Conhecido pela beleza, pelas opções de lazer e pelo estilo despojado, o Rio de Janeiro também tem empresários que são a cara da cidade. O maior ícone é Ronaldinho Gaúcho que a cada dia mostra como se adaptou bem à cidade. Além de patrocinar alguns grupos de pagode, o flamenguista lançou sua própria linha de roupas com o famoso estilista francês Christian Audigier.
Já o lateral-direito Léo Moura seguiu caminho semelhante, mas optou pelo funk. Na época em que namorava a cantora Perlla, ele criou uma empresa para assessorá-la: LM2 produções artísticas. Mas mostrou que não é fácil conciliar as duas carreiras e deixou sob responsabilidade da irmã Lívia Moura. “Ainda não dá para unir a carreira de jogador com a de empresário”, disse.
*Colaboraram o escritório de Belo Horizonte e Bruno Thadeu
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