Joel Santana inventa apelidos, erra nomes e usa futebolês para conquistar o Cruzeiro
Joel Santana esquece o nome dos seus jogadores. Ele se confunde ao definir o capitão do time. E ainda utiliza gírias e apelidos pouco comuns ao meio do futebol para dar suas ordens. A comunicação do "Papai Joel" com o elenco do Cruzeiro, nos poucos dias do treinador à frente da equipe, é peculiar - e muito engraçada. Mas é só olhar para os resultados que a equipe acumula para comprovar que o diálogo celeste pode parecer confuso, mas está funcionando.
THIAGO RIBEIRO VIRA 'O DA MERCEDES'
Thiago Ribeiro, que chegou a ser chamado de "Diego" ao longo da vitória por 3 a 0 sobre o Vasco, recebeu o apelido de "o da Mercedes". Joel Santana usou o carro do atacante como lembrete para se comunicar como atacante, que dirige uma Mercedes-Benz branca, modelo SLK 200.
Com pouco mais de duas semanas no Cruzeiro, Joel Santana avisa: sua intenção é manter a simplicidade na conversa com os jogadores. O treinador segue entre os perfis “filósofo” e “boleiro”. “O futebol vem da rua, da várzea, e tem que ser simples, objetivo. O que acontece é que, no Brasil, quando se usa palavras difíceis você está filosofando. Quando está falando palavras fáceis é boleiro. Não é isso. O jogador tem que entender com facilidade o que estou pretendendo”, explicou.
Nos três jogos de Joel à frente do Cruzeiro, a equipe voltou a demonstrar eficiência no ataque e marcou dois ou mais gols pela primeira vez no Brasileirão. A defesa também conseguiu números positivos, ao deixar o campo invicta contra Vasco e Grêmio, inédito na competição. Sob o comando do experiente treinador, o time mineiro marcou sete gols e foi vazado uma única vez.
Justamente na vitória sobre o Vasco, a segunda com Joel Santana, o treinador confundiu-se ao determinar o capitão da equipe e admitiu não estar familiarizado com o nome de todos os comandados. Thiago Ribeiro foi esquecido e chegou a ser chamado de “Diego”. Já o paraguaio Ortigoza foi lembrado como “Fabrício”.
Para não confundir o nome de todos, Joel Santana apelidou alguns de seus comandados. Thiago Ribeiro se tornou o “da Mercedes”, em menção à Mercedes-Benz branca, modelo SLK 200, que é dirigida pelo atacante.
GILBERTO: 'BÚFALO' EM TRATAMENTO
Com uma lesão na panturrilha esquerda, o meia e lateral-esquerdo tenta retornar aos campos para estar à disposição de Joel Santana pela primeira vez no Cruzeiro. Enquanto isso, o comandante, que trabalhou com o jogador no Flamengo, costuma perguntar ao departamento médico: "quando vão soltar meu búfalo?"
Wallyson, que ainda não recebeu apelidos, revelou a “nova alcunha” de outros companheiros. “O Roger é o senador. Acho que ele ainda vai procurar um apelido para mim. Espero que seja um apelido bom para os caras não pegarem no meu pé”, destacou o atacante.
Joel Santana, entretanto, preferiu não comentar sobre os apelidos dos jogadores cruzeirenses. “Não entro no assunto. É entre eles, que conversam e brincam para deixar a coisa descontraída. Coisa de jogador”, ressaltou.
O treinador também minimizou o fato de a braçadeira de capitão, normalmente utilizada por Fábio, ter ido para Montillo na vitória por 3 a 0 sobre o Vasco. O próprio Joel Santana revelou na última semana que confundiu-se e achou que o camisa 10 era o líder em campo do time celeste.
“Aqui estão dando muita razão quem vai botar a braçadeira, quem vai tirar a braçadeira. O Montillo, o Roger, o Fábio, o Guerreiro, o Fabrício, são jogadores que tem condições de serem treinadores. O Fábio volta como capitão e tudo volta à normalidade. O importante é o grupo, o Cruzeiro, a torcida. O capitão, na realidade sou eu. O resto tudo é soldado”, afirmou o treinador. Na vitória por 2 a 0 sobre o Grêmio, o arqueiro recuperou mesmo a faixa de capitão.
“Futebol é universal”
Durante o período em que comandou a seleção da África do Sul, Joel Santana ficou marcado por dificuldades com idioma ao dar uma entrevista em inglês. No Cruzeiro, o treinador lida agora com dois estrangeiros e garante não ter problemas. “O futebol é universal. O árabe, o africano, o japonês entendem a mesma coisa. A gíria é a mesma. O jogador de futebol de lá é tão manhoso quanto o daqui, até mais”, comparou.
ROGER É 'SENADOR' PARA JOEL
O atacante Wallyson tentou explicar o novo apelido do meia casado com a atriz Deborah Secco, uma das estrelas de Insensato Coração, exibida pela Rede Globo. "Ele gosta muito de novelas e essas coisas. Acho que o apelido ficou muito bom para ele", afirmou.
“O Montillo é um jogador de seleção, o Ortigoza também é outro já esperto, vivido, rodado. Tem jogador que nem precisa falar, só de olhar ele já sabe o que você quer. O futebol se chama comunicação. Você se comunica como for mais fácil, por apito, fumaça, canto. O passarinho não fala, mas se comunica. Isso é natural”, completou Joel Santana.
O treinador ainda comandará um terceiro estrangeiro, o zagueiro Victorino, que já havia se apresentado à seleção uruguaia para a disputa da Copa América quando o novo treinador chegou ao Cruzeiro.
Enquanto Joel Santana tenta ficar totalmente familiarizado com o elenco, ele recebe o apoio dos comandados. “O Joel ainda está tentando, está conhecendo totalmente o grupo. É passar um período e ele vai errar muito. Mas, dentro de campo, isso não faz diferença. O importante é entrar em campo sabendo o que queremos”, ressaltou o volante Marquinhos Paraná.
Para o volante Fabrício, Joel Santana está conquistando os jogadores do Cruzeiro com o "jeitão" dele. “O Joel conversa bastante com a gente, com aquele jeito malandro de ser, de conversar com atleta, mas o trabalho no dia a dia é rigoroso, duro”, observou. “Dentro de campo tem de ser tudo do jeito dele e está dando resultado, time ganhando corpo, com postura dentro de campo, competitivo”, acrescentou.
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