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Falcão chora, se diz decepcionado e reclama da direção na saída do Inter

Falcão disparou contra presidente do Inter e diz que não era desejado no comando - Carmelito Bifano/UOL Esporte
Falcão disparou contra presidente do Inter e diz que não era desejado no comando Imagem: Carmelito Bifano/UOL Esporte

Jeremias Wernek e Carmelito Bifano

Em Porto Alegre

18/07/2011 16h00

A despedida de Paulo Roberto Falcão do Internacional foi triste e dura. Emocionado, o ex-jogador não conteve as lágrimas em sua entrevista final no estádio Beira-Rio. Falcão disse que não esperava ser demitido. E revelou que não recebeu as promessas da diretoria, no momento em que assumiu o time, em abril. Mas elas não se tornaram reais. A maior mágoa do ex-jogador é com o presidente Giovanni Luigi.

Questionado sobre o relacionamento com o mandatário, o antigo comentarista disparou: "Zero". "O presidente tem uma maneira de trabalhar que não é a minha maneira. Vou fazer uma pergunta objetiva: você acha que o presidente me queria treinador do Inter? Não escutei. Ou você confia no profissional ou não", completou.

O tom forte, de insatisfação e tristeza, prosseguiu. Falcão, sentado pouco metros do vestiário, seguiu atacando a cúpula. Segundo ele, na chegada os dirigentes prometeram reforços. Depois, mudaram a postura. E mais: redobraram as cobranças.

“O Inter é maior do que nós, muito maior do que as pessoas que o dirigem hoje. Vai ter no momento certo pessoas com a grandeza do Inter para dirigi-lo. Fui surpreendido, sim. Não imaginava, com todas as dificuldades que tínhamos. E até por que antes da assinatura do meu contrato, se tinha a ideia da necessidade de contratar jogador. Vendo de fora também achei que era preciso. Isso me foi prometido. E isso não aconteceu. E por isso a minha surpresa. Se a gente conseguisse tudo que me foi prometido, se poderia falar em demissão. Claro que saio insatisfeito”, disse o treinador.

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A dificuldade era mostrar a cada dia, a cada treino, a cada preleção e substituição. Mas isso não me assusta, minha vida sempre foi assim
O tamanho da frustração é maior que o Beira-Rio. Espera que as coisas fossem um pouquinho diferente. Mesmo sabendo que entrava contra a vontade de muita gente. Era mais do que matar um leão por dia
Quatro dias atrás o Inter era, pela própria pessoa que me demitiu, autor de um grande jogo contra o Corinthians. Não pode mudar em quatro dias. Mas enfim, ele faz o que quiser. Só que o torcedor tem que estar atento as coisas que estão sendo feitas aqui
Hoje pela manhã recebi um torpedo do Oscar, indo para a seleção brasileira. Isso é muito bom. Não vou ler o torpedo, mas ele agradeceu a nossa relação. Fico muito feliz. Ele entendeu o meu objetivo, que era ajudar a todos. Essa manifestação de um garoto, de 19 anos, já me basta
Não estou arrependido. Era o que eu queria fazer. E minha ideia era ficar o maior tempo possível aqui. Mas saí de uma zona de conforto, consciente
O momento é muito forte para mim. Eu me preparei para falar com os jogadores. Criei um escudo para não passar toda a emoção que estou sentindo. Um pouco pela timidez, um pouco para me proteger. Me preparei desde as 11h até às 15h. Não é simples vir aqui e falar com os atletas, com vocês. O Inter não é um clube qualquer para mim

Mais adiante, Paulo Roberto Falcão foi perguntado sobre a diferença que faria a presença de Fernando Carvalho da estrutura de futebol. "Não dá para analisar isso. O que eu sei, não sabia, vocês dizem: que o Fernando nunca me quis como treinador do Internacional. Não sou eu que digo. Vocês que dizem. Cansei de ler e ouvir isso de vocês. Então não sei como seria", comentou.

Revelado pelo colorado, Falcão não escondeu sua ligação com o clube. E apontou este lado como o mais dolorido. "Eu estou sendo mandado embora do clube que me criei, faz parte da minha história e eu abracei. É algo bem mais profundo. É uma relação que deixa de ser só profissional. Ela é de muito coração. E tudo que mexe com o coração não dá para analisar com a razão. Quando toca no coração, ele sangra. E o meu coração está sangrando", apontou.