Topo

SP e vereadores reagem, e associação promete levar 'guerra do Morumbi' até o fim

Estádio Morumbi, do São Paulo, virou palco de uma "guerra" sobre os shows musicais - Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
Estádio Morumbi, do São Paulo, virou palco de uma 'guerra' sobre os shows musicais Imagem: Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem

Renan Prates

Em São Paulo

19/08/2011 07h00

A ‘guerra do Morumbi’ está declarada. Após as associações de moradores dos bairros próximos ao local conseguirem que o Ministério Público recomendasse para a Prefeitura não liberar mais o estádio do São Paulo para shows musicais, os dirigentes do clube tricolor contra-atacaram, e pediram ajuda aos vereadores para não permitir que isso aconteça. Mas Sérgio Santoro, que representa o Movimento Morumbi Total-Jardim Saviah, promete levar a disputa até o fim.

SÃO PAULO ACHA QUE AÇÃO DO MP NÃO AFETARÁ OS SHOWS JÁ MARCADOS

  • Folhapress

    A diretoria do São Paulo diz ter sinalização do Ministério Público de que os próximos três shows já acertados para o Morumbi não serão atingidos pela recomendação do órgão para a prefeitura não autorizar mais concertos no estádio.

“Ou o São Paulo vira um bom vizinho e respeita as leis, ou vamos acabar com eles”, bradou ao UOL Esporte, para depois atenuar. “Ninguém quer acabar com o São Paulo. Mas na situação que isso está, não pode ficar”.

Para recomendar ao Contru (órgão da Prefeitura responsável pela concessão de alvarás) que não permita mais shows no Morumbi, o Ministério Público argumenta, entre outras coisas, que o São Paulo descumpriu o acordo firmado de não realizar eventos que não sejam ligados a futebol depois das 22h e excedeu o limite sonoro para o horário.

Cientes de que correm o risco de perder o alvará e não poder mais realizar shows no Morumbi, os dirigentes do São Paulo resolveram agir. A estratégia é entrar em contato diretamente com a Prefeitura. Quem faz essa ponte é o vereador Marco Aurélio Cunha, ex-dirigente são-paulino. Os advogados do clube trabalham com a tese de que a discussão é exclusivamente técnica e com o MP, tentando minimizar a participação de Santoro no processo.

Como noticiou o Blog do Perrone, Cunha e o presidente da Câmara dos Vereadores, José Police Neto, se reuniram nesta quarta-feira com Claudio Lembo, Secretário de Negócios Jurídicos. Depois, os representantes do São Paulo se encontraram com o Secretário Municipal da Coordenação das Subprefeituras, Ronaldo Camargo, e o Secretário Especial de Controle Urbano, Orlando de Almeida Filho.

MP RECOMENDA QUE PREFEITURA NÃO CONCEDA MAIS ALVARÁS AO MORUMBI

O Ministério Público recomendou que o Contru (Secretaria de Controle Urbano) da Prefeitura de São Paulo não conceda mais alvarás para a realização de shows musicais no Morumbi. Os motivos alegados por Gilberto Garcia, promotor do meio ambiente do Ministério Público da Capital, são dois: o São Paulo descumpriu o acordo firmado de realizar evento depois das 22h e excedeu o limite sonoro para o horário.

“Foi muito boa a reunião. Eles prometeram trabalhar para que São Paulo receba seus shows, pois sabem que já era constituído que o estádio promovia isso desde a década de 1980. Isso não pode ser afetado com problemas pessoais”, declarou Marco Aurélio para a reportagem.

A queixa do vereador é que Sergio Santoro age por motivação pessoal contra o São Paulo, algo que o representante do Movimento Morumbi Total diz não ser verdade. A sua argumentação é a de que o São Paulo não pode fazer um show se não estiver habilitado para isso.

“O São Paulo quer desconsiderar o efeito da manifestação do Ministério Público e as ações judiciais impostas por uma vizinhança inteira para alegar que é problema pessoal meu com eles”, explicou Santoro, que também reclamou (sem citar nomes) dos vereadores institucionalizarem o desrespeito às leis, algo que Marco Aurélio disse não fazer.

“Sou eleito, sou capacitado para fazer isso e legitimado pela população. Eu defendo os interesses coletivos, e ele o individual”, falou o vereador. “Peço para ele reunir 100 interessados na causa dele. Se ele reúne 100, eu reúno um milhão. Isso sim é defender a sociedade”.