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Genoa emprega pais de Jean Chera para camuflar trabalho com menor de 18 anos

Chera aproveitou brecha de proibição da Fifa para atuar no exterior antes dos 18 anos - Arquivo Pessoal/Jean Chera
Chera aproveitou brecha de proibição da Fifa para atuar no exterior antes dos 18 anos Imagem: Arquivo Pessoal/Jean Chera

Bruno Thadeu

Em São Paulo

30/08/2011 07h00

Jean Chera está próximo de realizar o sonho de jogar profissionalmente. Mas foi preciso arquitetar uma tática burocrática para viabilizar o plano do jogador de 16 anos. Os representantes do ex-atleta do Santos driblaram a Fifa para firmar contrato com o Genoa-ITA. O UOL Esporte apurou que o clube italiano empregou os pais de Chera, legalizando a ida do jovem ao exterior. A Fifa proíbe a transferência de atletas estrangeiros com menos de 18 anos.

Mas existem três exceções: se o jogador mudar de país para acompanhar o trabalho dos pais, se ele morar até 50 km da fronteira com o clube do país que o contratou ou se envolver transação de um atleta da comunidade europeia. E foi no primeiro item que Chera se enquadrou.

O passo final para ter Jean Chera em campo é a obtenção da cidadania italiana, documento que o jovem está prestes a conquistar.

“Indo pra Torino pegar minha cidadania... Adesso io sonno Italiano !!!”, postou o jovem no Twitter, na segunda-feira.

MESSI E NEYMAR: ASSEDIADOS POR EUROPEUS AINDA MENORES DE IDADE

O Barcelona se impressionou quando viu o ainda garoto Lionel Messi, então com 13 anos, jogando na cidade de Rosário na Argentina. Levado à Espanha para observação, Messi encantou os dirigentes logo no primeiro treino.

Para contratar a promessa argentina, o clube catalão realizou a manobra mais comum para driblar a Fifa: ofereceu emprego a Jorge Messi, pai de Lionel.
Neymar ainda era da base do Santos, mas já despertava a atenção de diversos clubes europeus. O Real Madrid foi quem chegou mais perto. Os dirigentes madrilenhos levaram o garoto para conhecer as dependências do clube em Madri.

Neymar conheceu Ronaldo, Zidane, entre outros. O pai de Neymar recebeu convite para trabalhar na Espanha. Mas o Santos reformulou o acordo, mantendo o atacante.

Os pais do adolescente foram contratados para trabalhar em uma das empresas ligadas à administração do Genoa. O trabalho é apenas de fachada. Na teoria, Jean Chera seguiu para a Itália apenas para acompanhar os pais. O Genoa firmou vínculo com o meia de 16 anos por três temporadas. 

  • Divulgação

    Celso Chera e o presidente do Genoa, Enrico Preziosi. Emprego para o pai e mãe do meia

"Clubes do exterior arrumam qualquer cargo para o pai e muitas vezes não exigem que o pai vá trabalhar", frisou o advogado especialista em direito esportivo João Henrique Chiminazzo. 

Em contato com a reportagem, o pai da promessa, Celso Chera, não comentou o trabalho oferecido pelo Genoa e ressalta que está descartada a possibilidade do filho retornar ao Santos.  

“Ele não vai mais voltar para o Santos. Isso é certo. Eu não quero falar muito. Só tenho a dizer que ele está muito feliz aqui, quer jogar no Genoa e tem muitos planos pela frente”, disse Celso.

Jean Chera era tratado no Santos como o futuro craque. Principal estrela da base alvinegra, o adolescente deixou o time da Vila brigado com a diretoria.

O jovem se desligou do Santos no começo do ano. Indagado se o Genoa pode servir como trampolim para clubes maiores da Europa, Celso Chera diz que a princípio a ideia é cumprir integralmente o contrato.

“Não sei ainda. Pode ser analisado. Isso pode ser visto depois. Ele está querendo jogar”.