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Zico convive com segurança rígida e críticas a gramado em desafio à frente do Iraque

Zico foi recebido com grande festa no Iraque, mas sentiu algumas das dificuldades que terá no cargo - EFE/KAMAL AKRAYI
Zico foi recebido com grande festa no Iraque, mas sentiu algumas das dificuldades que terá no cargo Imagem: EFE/KAMAL AKRAYI

Do UOL Esporte

Em São Paulo

08/09/2011 07h01

Em seus primeiros jogos no comando da seleção iraquiana, Zico teve uma ideia do desafio que terá pela frente. Após perder para a Jordânia em sua estreia, o técnico viu a equipe derrotar Cingapura nas eliminatórias asiáticas da Copa do Mundo-2014. Em comum, o brasileiro sentiu quais serão as principais dificuldades para levar a equipe de volta a um Mundial.

O Iraque disputou a Copa do Mundo apenas uma vez: em 1986, no México. De lá para cá, a seleção sofreu com resultados pouco expressivos e os problemas trazidos com a rigidez do governo de Saddam Hussein. A exceção ficou por conta da conquista do título da Copa da Ásia em 2007, quando os iraquianos tiveram o brasileiro Jorvan Vieira como treinador.

Zico chegou ao comando do Iraque em situação bem diferente da encarada por Jorvan, que ficou no cargo de setembro de 2008 a fevereiro de 2009. Enquanto o Galinho teve a chance de comandar a equipe em casa, Jorvan viu os iraquianos treinarem e mandarem seus jogos longe do país por questões de segurança - eram constantes os sequestros e ameaças de atentados.

Hoje, Zico conta com o apoio de uma comissão técnica bastante conhecida. O treinador conta com o apoio de seu irmão Edu (que comandou o Iraque nas eliminatórias da Copa-1986) e do preparador físico Moraci Santana. Aliás, um dos primeiros desafios encontrados por eles foi a forma física e técnica de vários jogadores.

O forte calor (cerca de 40º C) pareceu ser o menor dos problemas durante os treinos iniciais. Alguns atletas respeitavam os últimos dias do Ramadã, período no qual os seguidores do Islamismo fazem jejum do nascer ao pôr-do-sol. Por isso, eram os jogadores que mais sentiam dificuldades durante as sessões de exercícios.

Apesar dos pedidos da Federação Iraquiana, a seleção também precisa atuar fora da capital. A Fifa considerou que Bagdá ainda não tem condições de receber jogos internacionais por questões de segurança. Por isso, a equipe manda seus jogos no estádio Franso Hariri, em Arbil, com capacidade para 28 mil pessoas.

ZICO: CARREIRA COMO TREINADOR

Aos 58 anos, Zico já treinou a seleção japonesa e a sua última experiência como treinador foi no Olympiacos, da Grécia

Foi neste local que Zico estreou como técnico do Iraque, no último dia 2, mas não teve sorte. Os donos da casa perderam por 2 a 0 para a Jordânia. No final do jogo, houve até uma queda de energia, que provocou a interrupção da partida por vários minutos. O clima pacífico nas arquibancadas, nas quais era possível ver bandeiras brasileiras, foi garantido com um sistema rigoroso de segurança por parte de policiais e forças de segurança curdas.

Na partida seguinte, na última terça-feira, Zico obteve sua primeira vitória como treinador do Iraque. Fora de casa, a seleção derrotou Cingapura por 2 a 0 e se recuperou. No entanto, o treinador criticou o gramado artificial. ?Não é profissional. Estas partidas intermediárias, classificatórias para a Copa, precisam de grama natural. Isto dificulta o nosso trabalho, porque o Iraque é uma equipe com boa técnica e o gramado não é bom para nós?, disse.

O Iraque está em terceiro lugar no grupo A das eliminatórias asiáticas para a Copa-2014. A chave ainda conta com a China, adversária dos iraquianos em 11 de outubro. As duas primeiras colocadas avançam para a fase seguinte. Até lá, Zico tentará superar estas primeiras dificuldades para fazer a equipe evoluir.