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Conselho Nacional de Justiça vai apurar relações de juízes federais com RicardoTeixeira

Ricardo Teixeira, presidente da CBF, na mira da Justiça - EFE/ Antonio Lacerda
Ricardo Teixeira, presidente da CBF, na mira da Justiça Imagem: EFE/ Antonio Lacerda

Roberto Pereira de Souza e Vinícius Segalla

Em São Paulo

29/09/2011 17h16

Oficialmente, os 15 desembargadores que compõem o Conselho Nacional de Justiça não quiseram comentar a denúncia de que juízes federais usam a Granja Comari, da CBF, para jogar futebol, conforme denunciou o jornal Lance! nesta quinta-feira. Mesmo mantendo o chamado silêncio tático, um desembargador falou ao UOL Esporte, na condição de anonimato: "O caso será analisado pela corregedoria assim que chegar ao CNJ uma denúncia formal ou o fato ser publicado pela mídia", explicou o juiz. 

Um outro assessor do CNJ foi mais categórico: "é um caso emblemático para ação do Conselho Nacional de Justiça". Normalmente, a corregedoria dos desembargadores investiga denúncias a partir de sua oficialização, ou, no jargão jurídico,  " o  CNJ precisa ser provocado por uma simples publicação da denúncia em qualquer veículo de comunicação. O caso dos juízes que usam o campo da Granja Comari será analisado, sim", garantiu uma fonte ligada ao CNJ.

O episódio vem à tona três dias depois do procurador da República, Marcelo Freire, decidir pedir por ofício à Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro a abertura de inquérito contra o presidente da CBF, Ricardo Teixeira. A intenção seria averiguar se Teixeira remeteu dinheiro ilegalmente do exterior para o Brasil.

"É preciso que fique claro, porém, que o transporte até o local será pago pelos próprios juízes federais", disse ao UOL Esporte Fabrício Fernandes, vice-presidente da Ajufe e juiz federal da 2ª Região (Rio de Janeiro). De acordo com o magistrado, o convite da CBF é fruto de uma relação amistosa entre as duas entidades, que nasceu de projetos sociais feitas em parceria.  O principal deles seria o "João de Barro".

"Trata-se uma iniciativa que trabalha com crianças vítimas de prostituição infantil. Elas aprendem a fazer esculturas de barro, que são expostas e comercializadas em aeroportos", contou Fernandes, explicando também que a CBF custeia o projeto, e a ideia é que as peças de barro estejam presentes nos aeroportos das cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, no Brasil. O projeto já teria dois anos, e esta seria a primeira vez que a associação de juízes utiliza a Granja Comary.

Outra parceria entre as duas entidades, diz o vice-presidente da Ajufe, é a que promove palestras ("feitas gratuitamente", destaca Fernandes) dos magistrados sobre temas como cidadania e responsabilidades para os jogadores da seleção sub-17. "Nossos associados se disponibilizam a dar palestras sobre cidadania, direitos e responsabilidades aos atletas", afirmou o magistrado, acrescentando que novas palestras sobre diferentes temas deverão ocorrer em breve.

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De concreto, porém, de acordo com notícia publicada no site da CBF no dia 9 de junho deste ano, o que houve foi uma palestra, ministrada por Wilson José Witzel, diretor esportivo da Ajufe. A plateia eram os atletas da seleção sub-17 que estavam às vésperas de embarcar para o México, onde disputariam a Copa do Mundo do categoria. Não há, ao menos oficialmente, datas programadas para mais palestras. 

Dentro da Ajufe, o convite para os juízes que participarão do campeonato na propriedade da CBF partiu de Wilson Witzel. “O torneio ocorrerá nos dias 11, 12 e 13 de novembro. A hospedagem e o material esportivo para os jogadores ficará [sic] por conta da CBF”, disse o diretor esportivo da Ajufe.

Procurada, a CBF não se pronunciou sobre o assunto