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Quatro livros com o mesmo título celebram 1981, o melhor ano da história do Flamengo

Mauricio Stycer

Em São Paulo

11/11/2011 14h14

Um dos maiores times já montados no Brasil, o Flamengo liderado por Zico, com a inestimável contribuição de Raul, Junior, Leandro, Andrade, Adílio, Tita e Nunes, para citar só alguns, entrou definitivamente para a história em 13 de dezembro de 1981, quando liquidou o Liverpool por 3 a 0, em Tóquio.


A data é tão marcante que, 30 anos depois, quatro livros chegam às livrarias para relembrar o feito. Curiosamente, todos trazem o mesmo título: “1981”. Cada um com um subtítulo diferente, aproveitam para lembrar que o título intercontinental foi a cereja no bolo de uma série impressionante de conquistas.

CRÍTICAS FICAM DE FORA EM LIVROS

Quatro livros, um só título, muita festa e pouca reflexão crítica. Stycer analisa as obras em seu blog. Leia mais

Entre 1978 e 1983, o Flamengo venceu quatro estaduais, três brasileiros, uma Libertadores e o que é hoje chamado de Mundial, mas na década de 80 se resumia a uma disputa entre o campeão do torneio sul-americano e o vencedor do principal interclubes europeu.

Além da vitória contra o Liverpool, o ano de 1981 ficou marcado por alguns feitos notáveis, que todo torcedor do Flamengo com mais de 40 anos lembra em detalhes e os quatro livros reconstituem em minúcias.

Primeiro, a batalha campal com o Atlético-MG na primeira fase da Libertadores, só concluída na Justiça Esportiva. Depois, o revide dos 6 a 0 contra o Botafogo, entalado na garganta desde 1972. E, por fim, os três jogos da decisão do título sul-americano contra o Cobreloa, do Chile, concluído com o célebre soco de Ancelmo em Mario Soto.

Cada livro tem um interesse diferente, seja para o torcedor do Flamengo, seja para o pesquisador preocupado com a memória do futebol brasileiro. Abaixo um resumo de cada obra:

 

“1981 – O ano rubro-negro” (Panda Books, 276 págs., R$ 49,90):Primeiro livro de Eduardo Monsanto, apresentador do programa “Pontapé Inicial”, na ESPN, encontra num fracasso de 1977 o ponto de partida para a formação do time que seria campeão mundial quatro anos depois.

Naquele ano, o Flamengo perdeu o Estadual para o Vasco numa disputa de pênaltis. Tita, que entrou no final da partida justamente para participar da decisão, desperdiçou a sua cobrança, dando o título ao rival. Preocupados em consolar o jovem, jogadores e comissão técnica rumaram para um bar, o Barril 1800, onde firmaram um pacto.

Monsanto ouve um bom número de ex-jogadores e ex-dirigentes para abordar alguns temas polêmicos, ainda que de leve, como a suspeita de que Paulo Cesar Carpegiani, então jogador, possa ter contribuído para a queda do técnico Dino Sani e a sua efetivação no lugar dele. Também trata da interferência de João Havelange, então presidente da Fifa, em favor do Flamengo na Confederação Sul-Americana.
“1981 – O primeiro ano do resto de nossas vidas”
(Livrosdefutebol.com, 276 págs., R$ 35): Obra do pesquisador Mauricio Neves de Jesus, tem o formato mais original entre os quatro livros. A sua reconstituição do ano magnífico do Flamengo é feita dia a dia, de 1º de janeiro a 31 de dezembro, com ficha técnica de todos os jogos do clube no ano.

Quando não há fatos importantes sobre o clube em determinado dia, o autor acompanha a trajetória de jogadores do Flamengo na seleção brasileira, em especial Zico. O livro traz também textos sobre os principais protagonistas da campanha vitoriosa escritos por conhecidos jornalistas.

Um dos interesses da obra é ver como os principais jornais do Rio na época, “Jornal dos Sports”, “Jornal do Brasil” e “Globo” acompanhavam o cotidiano do Flamengo, apontando problemas e, muitas vezes, torcendo pelo time.
“1981 – Como um craque idolatrado, um time fantástico e uma torcida inigualável fizeram o Flamengo ganhar tantos títulos e conquistar o mundo em um só ano” (Maquinária, 176 págs., R$ 36) – “Produto oficial”, autorizado pelo clube, apresenta a capa mais original, com a palavra Flamengo escrita em japonês.

Escrito pelos jornalistas Mauro Beting e Andre Rocha, o livro se baseia principalmente em entrevistas com Zico e Junior e reconstitui de forma linear, como uma grande reportagem, o grande ano. Como Monsanto, os autores também descrevem em detalhes o famoso pacto de 1977, que criou uma cumplicidade única entre os atletas da equipe.

O livro de Beting e Rocha é o que traz mais detalhes da partida contra o Botafogo, um dos troféus do ano, e também é o único que estende a sua narrativa, ainda que brevemente, até os dias atuais.
“1981 – O ano mais feliz de nossa vida rubro-negra” (edição do autor, 106 págs., R$ 20) – O autor, Antonio Carlos Meninéa, é pesquisador do Grupo de Literatura e Memória do Futebol e, como não poderia deixar de ser, tem o cuidado de apresentar as fichas técnicas de todas as partidas disputadas pelo Flamengo em 1981, além de reunir quadros com levantamentos estatísticos sobre todos os jogadores que entraram em campo no ano, os artilheiros e os torneios da temporada.

Foram 78 partidas no ano, com 47 vitórias, 22 empates e 9 derrotas. A equipe marcou 166 gols e sofreu 60. Nunes foi não apenas o artilheiro, com 48 gols, como o atleta que mais vestiu a camisa do Flamengo no ano, em 69 jogos, número só igualado por Adílio. Zico, que atuou em 58 partidas, fez 45 gols (Para adquirir o livro é preciso enviar um e-mail para ac.meninea@uol.com.br).