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Liminar autoriza cerveja no estádio Pituaçu, e ocorrências policiais aumentam quatro vezes

Torcida do Bahia lota o Pituaçu; antes da liberação da cerveja, nenhuma ocorrência - Lúcio Távora / Agência A Tarde
Torcida do Bahia lota o Pituaçu; antes da liberação da cerveja, nenhuma ocorrência Imagem: Lúcio Távora / Agência A Tarde

Vinícius Segalla

Em São Paulo

23/11/2011 06h01

Desde o dia 12 de outubro deste ano, uma liminar da Justiça baiana autoriza os bares do estádio Pituaçu, em Salvador (BA), a vender bebidas alcoólicas durante as partidas de futebol. Desde então, o número de ocorrências policiais dentro da arena, onde o Bahia vem mandando seus jogos no Campeonato Brasileiro, aumentou quatro vezes, de acordo com a Polícia Militar da Bahia.

A liminar foi obtida pela empresa que explora as lanchonetes do Pituaçu, que é um estádio público. O motivo alegado pela empresa - e acatado liminarmente pela Justiça - é o de que, no momento em que selou o contrato, não havia tal proibição, e o fato de não poder vender cerveja em dias de jogos teria derrubado o lucro das lanchonetes. O Ministério Público da Bahia já avisou que vai recorrer da decisão.

OCORRÊNCIAS POLICIAIS NO PITUAÇU

PartidaPúblicoOcorrências
01/10/2011 (antes da liberação da venda de bebidas) Bahia x Avaí16.6970
12/10/2011
Bahia x Cruzeiro
19.9043
23/10/2011
Bahia x Vasco
32.1579
5/11/2011
Bahia x São Paulo
31.23012
  • Fonte: Polícia Militar da Bahia

As ocorrências registradas são, na grande maioria, por brigas e agressões, sempre segundo a PM. Em uma delas, um inquérito para investigar lesão corporal foi aberto, e um torcedor terminou com o supercílio aberto após tomar um soco de um outro torcedor, que estaria embriagado.

Em 130 partidas ocorridas no estádio Pituaçu desde a sua reinauguração, em 2009, a PM da Bahia não havia registrado nenhuma ocorrência dentro da arena. Já no primeiro jogo com a liberação (Bahia x Cruzeiro, no dia 12 de outubro), quando nem todos sabiam que havia cerveja à venda, foram três ocorrências, sendo uma delas um copo de cerveja atirado ao gramado por um torcedor.

Na partida seguinte, no dia 23 de outubro, entre Bahia e Vasco, nove ocorrências entraram na estatística da polícia. Já no confronto entre Bahia e São Paulo, no dia 5 de novembro, o número chegou a 12, incluindo a briga que terminou em lesão corporal. Na mesma ocasião, torcedores, outro torcedor apresentou sangramento na boca, fruto de um soco.

Além disso, um confronto entre torcedores da Dragões da Real e da Independente, ambas torcidas organizadas do São Paulo, levou 12 pessoas à delegacia, todas, diz a PM, apresentando hálito etílico e sinais de embriaguez. 

Para o major Henrique Melo, comandante do Batalhão Especializado de Policiamento em Eventos (BEPE) da Polícia Militar da Bahia, os números não são surpresa: "Quem trabalha com segurança já sabe: onde tem álcool, tem mais confusão e violência".

Segundo ele, os responsáveis da PM pelas operações nos estádios reúnem-se após todos os jogos para avaliar a ação da polícia e as ocorrências registradas. "Todos (os policiais envolvidos) relataram uma alteração no ânimo geral dos torcedores dentro do estádio. O álcool estimula a euforia, mas em um estádio de futebol facilita o surgimento de brigas".