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Ex-narrador Osmar Santos festeja 10 anos de 'reinvenção' na arte com exposição em SP

Ídolo do microfone, Osmar Santos terá 12 obras expostas em uma galeria de São Paulo - Crédito: João Sal/Folha Imagem
Ídolo do microfone, Osmar Santos terá 12 obras expostas em uma galeria de São Paulo Imagem: Crédito: João Sal/Folha Imagem

Bruno Freitas

Em São Paulo

24/11/2011 06h00

Personagem afastado do universo do futebol desde 1994, quando sofreu um grave acidente automobilístico, o ex-narrador Osmar Santos celebra dez anos de história como homem das artes plásticas com uma exposição em São Paulo. O material do criador de famosos bordões como "ripa na chulipa, pimba na gorduchinha" estará disponível para apreciação por uma semana a partir desta quinta-feira (24.11).

OSMAR SANTOS: FUTEBOL E ARTE

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    Ex-narrador de rádio e TV, Osmar Santos posa para foto diante de algumas de suas obras

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    Quadro de Osmar Santos que estará em exposição na galeria de Romero Britto em São Paulo

  • MIGUEL SCHINCARIOL/AE/AE

    Osmar Santos recebe homenagem antes da partida entre Portuguesa e Boa Esporte, no Canindé

A obra de Osmar Santos ficará exposta na galeria do internacionalmente famoso artista Romero Britto, na Rua Oscar Freire, em São Paulo, a partir da noite desta quinta. Ao todo são 12 quadros de autoria do homem cuja voz embalou torcidas do país por três décadas. Eles ficarão à venda por uma semana no local.

"São quadros com muitas cores, alguns fazendo releitura de pintores famosos. Ele pinta muitos animais, flores. É um verdadeiro renascimento. Ele é um grande exemplo de uma pessoa que se reinventou. Achou toda sua parte sensível para usar na cultura e na arte", diz Rosana Beni, uma das organizadoras da exposição, amiga próxima de Osmar Santos.

O encontro do ex-narrador com a arte aconteceu apenas depois do acidente de 1994, quando o carro de Osmar Santos tentou desviar de um caminhão atravessado na pista e acabou se acidentando durante uma viagem noturna de Marília para Lins, no interior de São Paulo.

Na oportunidade, o popular narrador escapou da morte, mas enfrentou uma recuperação das mais delicadas. Osmar Santos saiu do incidente com sérias sequelas cerebrais, que comprometeram sua locomoção e fala – seu repertório atual não chega a cem palavras.

Desta forma, a voz que descreveu as emoções do fim do jejum corintiano em 1977 e do tetracampeonato mundial da seleção em 1994 estava calada.

Hoje, mesmo privado de sua vocação com microfone em punho, o ídolo do rádio e TV mantém sua ligação com o futebol. De vez em quando, o artista de 62 anos visita estádios paulistas. Recentemente, foi homenageado em jogo da Portuguesa no Canindé.

Paralelamente, Osmar mantém sua busca cultural ativa. Amigos contam que o ex-narrador costuma sair quase todas as noites, acompanhado de seu motorista, para prestigiar eventos de música, arte ou ir a cinemas.

"Ele nunca esmoreceu. Nunca perguntou por que isso aconteceu com ele. Pelo contrário, sempre teve uma atitude otimista [em relação à situação pós-acidente]. Foi mesmo um processo de elevação espiritual", conta Rosana Beni, amiga responsável pela exposição em São Paulo.

OSMAR NARRA CORINTHIANS DE 77

Como narrador, Osmar Santos passou pelas rádios Jovem Pan, Record e Globo. Na televisão, acompanhou o esporte na Record e Manchete. Em 1986, foi o primeiro nome da Globo na Copa do Mundo (Galvão Bueno e Luiz Alfredo também integravam a equipe).

Anos antes do Mundial do México, Osmar Santos emprestou sua popularidade ao movimento de "Diretas Já!", que tomou conta do país com o pedido de eleições presidenciais abertas à população. 

Durante o movimento na primeira metade dos anos 80, o locutor esportivo dividiu ombros com nomes famosos da política em comícios gigantescos, como o da Praça da Sé, em que clamava por eleições diretas.

A família de Osmar Santos continua ligada ao esporte através de rádios de São Paulo, com dois irmãos do artista plástico em ação. Oscar Ulisses comanda a equipe local da Globo AM, enquanto que Odinei Edson narra a temporada da Fórmula 1 para a Bandeirantes.