Zagueiro do Bragantino lutou por 13 meses contra câncer fatal nos testículos
A luta do zagueiro Gustavo Valezzi contra o câncer durou 13 meses. Morto no último domingo, o jogador de 22 anos descobriu o tumor no testículo em outubro do ano passado e desde então precisou se afastar do futebol para realizar um forte tratamento. A metástase que ocorreu em seguida e uma fratura no braço em agosto deste ano aceleraram o processo.
Ex-companheiro de Bragantino, o volante Luciano Sorriso acompanhou de perto a luta de Gustavo. Mesmo quando deixou o clube paulista e se transferiu para o Fortaleza, Sorriso manteve contato frequente com o zagueiro, por telefone ou em almoços e visitas às respectivas casas no interior de São Paulo.
“Ele tinha sentido uma melhora em agosto, quando uma fratura no braço atrasou a recuperação e o câncer tomou força. Ele só tropeçou e bateu o braço na parede, mas como estava muito debilitado e o câncer tinha se espalhado, o osso não se consolidava mais”, contou Luciano Sorriso, ainda abalado.
O volante foi um dos primeiros jogadores do Bragantino a saber da doença, no fim de 2010. Gustavo contou que havia descoberto uma verruga no testículo e procurara um urologista. A verruga foi removida e levada para biópsia, quando foi diagnosticado o câncer. Menos de um mês depois a metástase espalhou o câncer pelo corpo.
CONHEÇA CASOS DE OUTROS ATLETAS QUE TIVERAM TUMORES TESTICULARES
Pivô do Denver Nuggets na NBA, o brasileiro Nenê Hilário ficou afastado das quadras em 2008 por causa de um câncer no testículo. O jogador de basquete retornou dois meses depois, completamente recuperado da doença. | |
Aos 25 anos, o ciclista Lance Armstrong teve constatado um câncer testicular que se espalhou para seus pulmões, abdômen e cérebro, em 1996. Após cirurgia e sessões de quimioterapia, a doença regrediu completamente. Ele voltou às competições dois anos depois e conquistou a Volta da França sete vezes. | |
O caso mais recente de tumor testicular entre os esportistas ocorreu com o pivô Guilherme Teichmann, do Flamengo. O jogador de basquete anunciou seu afastamento das quadras para tratar a doença na última quarta-feira. |
“Ele não chegou a fazer nenhuma cirurgia, mas passou por muitas sessões de quimioterapia e algumas de radioterapia, o que o deixou muito debilitado. A causa da morte descrita pelo médico foi insuficiência respiratória, já que a doença havia atingido 100% dos pulmões. Desde a fratura ele estava muito mal, em cadeira de rodas. Ele estava magro, totalmente careca e muito pálido, parecia uma pessoa bem mais velha doente”, relatou o amigo.
Os familiares de Gustavo sofreram muito desde outubro. Nos últimos meses, preferiram a discrição em torno do zagueiro, postura mantida depois de seu falecimento. “Conversei com alguns parentes e eles estão muito tristes, mas conformados por um lado, já que todos temiam que o Gustavo sofresse ainda mais. Ele ficou consciente durante todo o processo, até o fim.”
Antes da fratura no braço e do agravamento do quadro clínico, Gustavo conversou bastante com Sorriso. E um dos temas preferidos, obviamente, era futebol. “Ele acompanhava tudo, via os amigos jogando. E o Gustavo tinha a esperança de voltar a jogar um dia”, contou o volante.
A paixão pelo futebol fez o zagueiro treinar até com um ponto no testículo. Quando retirou a verruga, Gustavo voltou a trabalhar normalmente no Bragantino até receber o resultado da biópsia três ou quatro dias depois, segundo Sorriso. Foi seu último contato direto com o futebol.
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