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Jogador incomum, Sócrates colecionou "causos" durante a vida; veja os melhores

Sócrates colecionou boas histórias com seu perfil atípico como jogador de futebol - Rubens Cavallari/Folhapress
Sócrates colecionou boas histórias com seu perfil atípico como jogador de futebol Imagem: Rubens Cavallari/Folhapress

Do UOL Esporte

Em São Paulo

04/12/2011 07h15

Sócrates tinha um perfil atípico para um jogador. Formado em medicina, o ex-meio-campista se engajou em lutas políticas, como o Diretas Já, nos anos 80. Ele foi um dos artífices da Democracia Corintiana, que estabelecia poderes aos jogadores nas decisões do clube.

O ex-jogador jamais escondeu o que pensava. Sócrates enfrentou o alcoolismo, problema enfrentado ainda como atleta profissional.

Pela seleção brasileira, Sócrates disputou duas Copas do Mundo: 1982 e 1986. O primeiro Mundial foi o que mais marcou o Magrão, autor de belos gols no torneio, entre os quais contra a União Soviética e Itália. 

Esquerdista, Sócrates estudou proposta para comandar a seleção de Cuba, mas a negociação não evoluiu.

OS CAUSOS DO DOUTOR SÓCRATES BRASILEIRO

FESTA DE SÃO-PAULINO

Numa luxuosa casa noturna, o São Paulo comemora o título Paulista de 2000 em cima do Santos. Raí, destaque do campeão na final, chega cedo à festa com o irmão Sócrates. Meio sem jeito no começo, o ex-jogador leva pouco tempo pra ficar descontraído.

De repente, com uma faixa do Tricolor na cabeça, Magrão reclama da comida e da bebida:

“Uísque 12 anos e uma comidinha cheia de frescura... Se fosse festa de corintiano é que seria bom. Serviriam cerveja e espetinho.”

Sócrates torcia para o Santos na infância, mas virou corintiano após firmar com o time do Parque São Jorge. “A grande força do Corinthians é a emoção que a torcida passa para o time, algo numa dimensão que nenhuma outra passa.”
REFORÇO DE ÚLTIMA HORA

Sócrates desembarcara em São Paulo numa manhã de sábado, após viagem com a seleção. Estava dispensado do jogo que o Corinthians faria às 16h no Pacaembu. Foi recebido por um diretor encarregado de levá-lo para escolher um novo apartamento. Depois de visitar poucos imóveis, Magrão sugere uma cervejinha para aliviar o calor. Duas horas mais tarde, o cartola levanta e diz que precisa acompanhar a delegação ao estádio. Mas o jogador exige a(s) saideira(s). Diante da negativa do diretor, Sócrates lança o desafio:

“Se você tomar, eu vou com você e jogo”. Quem conhece a história, não lembra o adversário, mas diz que o Doutor entrou em campo. E fez o gol da vitória.
CHUVA NO NORDESTE

O Corinthians está concentrado para um jogo no Rio. No mesmo hotel está o time adversário. Pouco depois das 6h, um integrante da delegação rival se levanta para tomar café da manhã e tromba com Magrão e outros jogadores da equipe paulista tomando cerveja. “Choveu no nordeste. Estamos comemorando. Junte-se a nós”, diz Magrão, explicando-se. Eufórico, o “espião” adversário conta para seus jogadores a cena e conclui que o jogo será fácil. À noite, porém, fica inconformado com a derrota de seu time e a atuação de gala do Doutor.
INÍCIO E FIM

Na Copa de 1994, um repórter gruda em Sócrates com a missão de registrar o ex-jogador na torcida pelo irmão Raí. “A final vai ser Brasil e Itália. Certeza, é um lance de ‘feeling’, diz ele na primeira entrevista, antes de o Mundial começar. Assim que a previsão se confirma, o mesmo jornalista procura Magrão para combinar uma entrevista no dia seguinte, véspera da final. Encontra o ex-jogador no mesmo bar de sempre, em Ribeirão. Ele topa a entrevista, mas deixa em aberto o horário. Abraçado à moça que o acompanha, explica:

“Depende. Se a noite for ruim, vamos fazer amanhã de manhã. Se for boa, marcamos no final da tarde.” A conversa foi às 18h.
CHURRASCO ITALIANO

Folga geral na Itália após mais uma rodada do campeonato local. Zico recebe vários amigos para um churrasco em Udine. Um dos mais animados, Sócrates dorme na casa do amigo e deixa para voltar para Florença na manhã seguinte. Zico acorda vai pra o treino e leva um susto na volta ao encontrar sua casa cheia de amigos fazendo churrasco. Magrão havia dado um cano na Fiorentina e organizado uma nova festa.

EM ENTREVISTA AO UOL, SÓCRATES FALOU SOBRE O VÍCIO DE CASAGRANDE