Sócrates deixa legado de combatividade, mas tem poucos sucessores na "função"
Sócrates teve seu ápice como jogador em um momento conturbado da política brasileira, foi combativo e manteve a mesma postura após a aposentadoria. Figura comentada e conhecida do esporte brasileiro, o ex-jogador deixa, no entanto, poucos sucessores à altura no futebol.
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O legado extra-campo de Sócrates é notório e foi revivido várias vezes desde sua morte, nas primeiras horas do último domingo. Revelado pelo Botafogo-SP, ele mudou-se para São Paulo para defender o Corinthians, mas nunca abandonou a faculdade de medicina em Ribeirão Preto.
No clube paulista, ele liderou um movimento ímpar na história do futebol nacional. Implantou, ao lado de Casagrande, Wladimir e outros, a Democracia Corinthiana, movimento em que os atletas discutiam premiações, contratações e decisões de todo tipo em pé de igualdade com a direção.
O período de liberdade, sem concentração antes dos jogos, fez Sócrates ganhar um status diferente no cenário esportivo. Com uma visão política de esquerda, ele nunca se absteve de posicionar-se mesmo nos tempos de ditadura militar e chegou até mesmo a participar de comícios a favor do retorno da democracia ao país.
Aposentado, Sócrates passou a mirar ainda mais nos dirigentes esportivos. Denunciou desmandos e abusos de diversos cartolas, angariou inimizades e parece, ao longo dos anos, ter feito poucos “herdeiros” fora de campo.
Atualmente, atletas se preocupam com a imagem que podem passar para patrocinadores, se afastam de polêmicas e adotam a tática do “politicamente correto”. Entre os personagens que se destacam no cenário atual está Paulo André, zagueiro do Corinthians.
Amigo de Sócrates, o jogador começou a ganhar notoriedade mesmo na condição de reserva do Corinthians por defender direitos trabalhistas dos atletas e até criticar cartolas. Em entrevista ao UOL, por exemplo, ele chegou a dizer que uma mudança no comando da CBF de Ricardo Teixeira seria bem-vinda.
Além dele, outros atletas mais experientes também são frequentemente lembrados como jogadores de “personalidade forte”. Rogério Ceni, Marcos e até Rivaldo comporiam essa lista, mas muito mais pela originalidade na hora dar entrevistas do que por uma postura crítica.
Já aposentado, talvez o grande “herdeiro” de Sócrates hoje seja Romário. Desbocado nos tempos de atacante, ele virou deputado federal pelo PSB e no primeiro ano de legislatura se destacou pela postura crítica diante de dirigentes como Ricardo Teixeira.
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